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A vida, o universo e a importância de “fazer contato”

John Shepherd é um cara interessante. Gosta de eletrônica, é um autodidata. Na casa dos avós, ele construiu vários equipamentos e montou o seu próprio laboratório. Também é apaixonado por música, a considera uma linguagem universal. De personalidade introvertida, une esses dois aspectos em busca de um sonho: se comunicar com alienígenas. Durante 30 anos, por meio de um rádio transmissor de alta voltagem, ele enviou canções ao espaço na esperança de um retorno, de um sinal de vida extraterrestre.

“John à procura de aliens” é uma pequena preciosidade da Netflix, um documentário em curta-metragem dirigido por Matthew Killip, com 16 minutos de duração. É o bastante para nos envolvermos nessa história singular de um homem que abraçou o desconhecido. Com muitas imagens de arquivo da década de 70, que mostram os aparelhos eletrônicos gigantescos e demais dispositivos inventados por Shepherd, ficamos imersos em seu mundo, transportados para uma série de ficção científica como as que ele assistia quando criança e adolescente. Um clima verdadeiramente de corrida espacial.

E, sim, é fascinante ver todo o trabalho desenvolvido por John Shepherd ao longo dos anos, que começou em seu quarto, migrou para a sala e depois foi se expandindo pelo terreno dos avós, com a construção de um anexo só para o projeto S.T.R.A.T (sigla em inglês para Pesquisa e Monitoramento de Telemetria Especial). Mas o fato de tudo isto ser feito com a compreensão e ajuda deles, inclusive financeira, nos dá um forte indício do que torna essa história bem mais terna e cativante: a humanidade e o amor.

Shepherd e seus avós: apoio incondicional para os sonhos do neto

Outra pista, já citada, é o meio utilizado por Shepherd em sua empreitada de interação cósmica: a música. Ela dá sentido à vida, além de ser uma das marcas culturais de um povo. Assim, de forma bastante eclética, a programação da rádio espacial contava com jazz, afrobeat, música eletrônica, reggae, sons experimentais etc. Entre os artistas, estavam Fela Kuti, John Coltrane e a Sun Ra Arkestra. Todos tocavam fundo na alma de John Shepherd e, assim, ele esperava tocar também nos ouvintes das estrelas.

Shepherd trilhou o seu caminho por três décadas sem conseguir o tão sonhado contato alienígena. Todas as noites, ele terminava o seu programa sem a reposta desejada. “Este é o Projeto S.T.R.A.T, Terra, Estação 1, finalizando outra transmissão. Se algum ET está ouvindo, voltamos amanhã às 21h com mais músicas culturais. Eu sou John Shepherd”. Em 1998, encerrou as atividades. Mas isso nunca o desanimou. Pelo contrário. Garante que a experiência deu um significado à sua existência, lhe trouxe inspiração, criatividade. E, como vocês verão, foi essa sua aura especial que lhe permitiu encontrar algo bem mais importante do que um extraterrestre.

John encerrou o projeto S.T.R.A.T. em 1998, após 30 anos, por falta de recursos financeiros

ONDE ASSISTIR:

  • Netflix

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