Por: Sérgio Augusto do Nascimento
A mitologia romana ainda hoje encanta os apreciadores de uma boa história. Deuses, Deusas, ninfas, poetas, batalhas, conquistas e mitos, muitos mitos povoam o imaginário humano através de livros, filmes, músicas e um sem número de mídias a repassar conhecimentos através dos séculos.
Um desses mais impactantes mitos tem a ver com a estação que desfrutamos neste momento, em Portugal: Flora, a Deusa da Primavera, aquela que faz florir em tudo o que toca e sopra.
Aqui na Antiga Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto temos várias galerias a céu aberto. Uma delas é o Jardim da Cordoaria, que já citei aqui no DIÁRIO NA EUROPA, quando falei sobre as esculturas Amores de Camilo e Treze a Rir Uns dos Outros.
Mas se preparem que hoje a conversa é mais delicada, envolve flores e até mel. Flora, segundo a mitologia romana, despertou uma paixão sem precedentes em Zéfiro, o Deus do Vento.
Ele a raptou em um belo dia de primavera e com ela se casou. Como prova de amor, deu a ela o dom de reinar sobre as flores. E Flora, por sua vez, deu o mel de presente aos homens e também entregou a eles as sementes de quase todas as flores.
A Escultura de Flora no Jardim da Cordoaria
No Porto, o mito de Flora está representado por uma escultura no Jardim da Cordoaria. A obra de arte foi concebida em 1904, pelas mãos de Teixeira Lopes. Ele a fez em homenagem ao grande horticultor José Marques Loureiro.
A imagem é carregada de simbolismos. Talvez o mais importante deles seja o confronto entre o renascer e o transitório. A primavera aqui acontece entre 20 de março e 21 de junho. São apenas três meses, até a chegada do calor do verão.
Na mão direita da escultura, Teixeira Lopes colocou um buquê de flores. Flora o segura de forma a pender em direção ao solo, onde a vida sempre vai florescer. É o transitório em relação aos três meses da primavera e a espera para que ela chegue novamente dentro de um ano, o eterno renascer.
A Dualidade da Deusa Flora em Portugal
Como já falei, o verão chega na última semana de junho em Portugal. Até lá, Flora vai reinar soberana, como faz todos os anos, em dois “idiomas”: o romano e o portuense.
*Sérgio Augusto do Nascimento é um jornalista paraense que vive em Portugal. Foi repórter e editor e hoje é correspondente do DIÁRIO na Europa.