Não lembro quem disse, mas é algo mais ou menos como “O nunca é um espaço longo demais….mesmo a morte, com todos os seus mistérios, é apenas um intervalo”. Assunto pesado, né? Nem tanto…
A vida tem várias fases e acredito que o que existe é uma passagem e a vida continua mas em outro formato. E também aquela velha e única certeza: não existe nada e nem ninguém que não passará por esse momento. Pode correr, gritar, espernear, tentar negociar que não tem jeito: quando a “dona misteriosa” chegar é pra ir sem dar trabalho. Faz parte…
Mas qualé a dessa crônica de hoje, aqui no DIÁRIO NA EUROPA? Não, não se preocupem que por aqui tá tudo bem, não é uma despedida. Semana passada completei meus primeiros 50tinhas mais cheio de vida do que nunca. Dobrei o Cabo da Boa Esperança e tô pronto pra mais 150tinhas.
O que eu quero hoje é refletir sobre a finitude mas daquele jeito que tu já conheces: da forma mais leve e descontraída possível. E nada melhor do que construir uma moradia bem confortável e curtir o dia, a semana, o mês, o ano, a existência nessa vibe.
Construir moradia? Depois de quase 30 anos de jornalismo estás estudando arquitetura, Sérgio Augusto? Bem digamos que tô sim arquitetando no sentido cômico da palavra. Vamos trazer então os esteios pra cá e ser criativos. “Vamos fazer tijolos”.
Esteio, tijolo. Agora azedou o açaí de vez…..mas vamos lá: lá pelo meio eu falei em passagem, finitude e a “dona misteriosa”, não foi? Mas como não gosto de dramatizar nada, escolhi uma expressão bem do Porto para falar sobre isso.
A expressão “Foi Fazer Tijolos”
A gente já tá acostumado a ouvir e falar, em Belém, “abotoou o paletó de madeira”, “foi pra terra dos pés juntos”, “bateu as botas”, “foi pro andar de cima”, “partiu dessa pra uma melhor”, “foi de arrasto pra cima” e muitas outras. Mas aqui no Porto se queres dizer que alguém não faz mais parte desse plano, é só dizer “foi fazer tijolos”. Criativíssimo, né? Por aqui também a criatividade para usar as palavras é interessante.
“Foi fazer tijolos” é uma expressão que, por incrível que pareça, moradores de outras regiões de Portugal não usam muito ou mesmo não conhecem. É a forma mais branda de dizer adeus, aqui no Porto. É isso então. E segue o baile!
*Sérgio Augusto do Nascimento é um jornalista paraense que vive em Portugal. Foi repórter e editor e hoje é correspondente do DIÁRIO na Europa.