REMO E OS GOLS PERDIDOS

À beira de um ataque de nervos

O festival de gols perdidos no jogo com o Goiás, anteontem, deixou a torcida remista com os nervos à flor da pele.

O festival de gols perdidos no jogo com o Goiás, anteontem, deixou a torcida remista com os nervos à flor da pele.
Remo deixou escapar a vitórias, mas jogadores veem lado positivo - Foto: Samara Miranda/Remo

O festival de gols perdidos no jogo com o Goiás, anteontem, deixou a torcida remista com os nervos à flor da pele. Apesar de ter conquistado um empate fora de casa diante do líder do campeonato, a insatisfação surgiu pelo péssimo rendimento dos atacantes do Leão, que desperdiçaram pelo menos cinco claras oportunidades de gol ao longo do 2º tempo.

Pedro Rocha, goleador máximo do Brasileiro com 10 gols, contribuiu com a perda de dois gols, daqueles que se costuma dizer que até vovó faria. No caso do camisa 32, há crédito suficiente: ele é um dos responsáveis pela excelente campanha azulina na Série B.

Aliás, a importância da campanha foi deixada de lado no último jogo do turno. As facilidades encontradas pelo Remo permitiam obter uma vitória tranquila. As chances desperdiçadas por Rocha, Matheus Davó (2) e Janderson foram amplificadas pelo gol de empate nos minutos finais.

O torcedor não costuma olhar para o copo meio cheio, quase sempre se abraça ao meio vazio. É próprio do futebol, mas neste caso específico caberia uma leitura mais generosa. O Remo fez um bom jogo, obteve um ponto e poderia ter se saído melhor.

Com organização e estratégia, a equipe cumpriu sua melhor apresentação fora de casa, superior até à vitória sobre o Athletic, a única até agora obtida longe de Belém. Méritos do espírito coletivo e das ideias do técnico Antônio Oliveira, que optou por Pavani no meio-campo, ao lado de Cantillo e Caio Vinícius.

Foi de Pavani o lançamento perfeito para Pedro Rocha marcar aos 15 minutos. Foi dele também outro passe açucarado para Rocha perder outro gol no 2º tempo. Apesar disso, Oliveira também cometeu pecados, quase despercebidos diante da boa atuação.

Poderia ter lançado Jaderson quando Pavani cansou. Felipe Vizeu podia ter sido o homem de referência quando Marrony saiu. Por fim, Reynaldo não precisava ter entrado nos minutos finais. A dupla Camutanga-Kayky fazia uma partida estupenda. O gol do Goiás saiu em cima do capitão azulino.

São problemas normais em meio às complexidades da Série B. Apesar da insatisfação gerada pelo resultado, o Remo terá amanhã a oportunidade de voltar ao G4. Para isso, mesmo sem tempo para treinar entre um jogo e outro, tem potencial para superar a Ferroviária no Mangueirão.  

Papão pronto para os desafios do 2º turno

É compreensível a preocupação da torcida com a situação do PSC, que fechou o turno da Série B na zona de rebaixamento. Por outro lado, a excelente arrancada após a chegada de Claudinei Oliveira não pode ser desconsiderada. Graças à fase de invencibilidade, o time parte de uma base de 20 pontos conquistados para a busca da recuperação no 2º turno.

A missão é desafiadora, principalmente porque a disputa vai se tornar naturalmente mais difícil na metade final do campeonato. O Papão terá que conquistar mais 23 pontos para permanecer na Série B. Serão 10 jogos como mandante, incluindo o Re-Pa previsto para 17 de outubro.

Desses 30 pontos em casa, o PSC terá que vencer oito para afastar qualquer risco de queda. A missão, mesmo complicada, é plenamente possível. A ajuda do torcedor, que tem lotado a Curuzu em todas as partidas, será um reforço e tanto nessa empreitada.

Para que tudo se encaminhe favoravelmente é claro que o time precisa continuar a mostrar consistência e organização. O sistema executado sob o comando de Claudinei tem sido muito bem sucedido, mesmo com as normais perdas de peças.

Claudinei tem feito os ajustes necessários, com o aproveitamento de jogadores recém-contratados, como Anderson Leite, Denner, Garcez e Diogo Oliveira. São os sustentáculos deste novo PSC e devem ganhar em breve a companhia de Rossi, que se recupera de contusão.

Mesmo que o problema com o Transfer Ban impeça a contratação de novos reforços, o PSC tem plenas condições de ir em busca dos pontos necessários para seguir na Série B ou até mesmo empreender uma arrancada em busca de classificação mais tranquila na competição.

Omissão aos chiliques de Abel vira consentimento

Em rede nacional, ontem à noite, os jogadores que participaram do clássico paulista Corinthians x Palmeiras (válido pela Copa do Brasil) conviveram com um concorrente inesperado: ao lado do campo, gesticulando e xingando em alto volume, o técnico palmeirense Abel Ferreira detonava a arbitragem a cada marcação que julgava injusta, seguido pelas câmeras da transmissão.

Corte rápido para a participação do treinador português em jogos e entrevistas no recente Mundial de Clubes nos EUA, quando abria seu melhor sorriso e um leque de mesuras para tratar árbitros e repórteres.

Seria um caso de dupla personalidade? Penso que a questão é mais simples. No Brasil, sob a medrosa complacência de árbitros e mídia, Abel se comporta como bad boy de língua irrefreável e grosseria explícita. Nos States, aos olhos da imprensa internacional, agiu como um legítimo fidalgo europeu, aceitando até eventuais erros de arbitragem.  

Em resumo, a estupidez é seletiva e conveniente, ao sabor das circunstâncias. Como sabe que no Brasil o muro é baixo, faz e acontece, sem medo de vir a ser punido como realmente merece.