Crítica: Alien Romulus

“Você gostaria de fazer o cartão da nossa loja”. Foto: Divulgação
“Você gostaria de fazer o cartão da nossa loja”. Foto: Divulgação

O diretor Fede Alvarez tinha um abacaxi dos grandes nas mãos. Afinal, os fãs da saga Alien esperam há décadas por um bom filme do monstro gosmento criado pelo designer H.R. Giger. Os quatro primeiros são – relativamente – cultuados, mas as sequências (ou prequels) “Prometeus” e “Covenant” deixaram a desejar no coração dos cinéfilos e foram execrados, com razão, pela crítica. E nem vou me dar ao trabalho de citar com maior espaço os dois “Alien vs Predador”, que não tem nada para se salvar.

Bem, “Alien Romulus” (2024) é melhor que os mais recentes, o que não é uma tarefa difícil. Tem ritmo, bons efeitos especiais, um elenco empenhado e planos sequências bem filmados. Os momentos de tensão e de ação funcionam, e Alvarez (que também é roteirista ao lado de Rodo Sayagues) utiliza bem os elementos de cena e estrutura dos próprios alienígenas e androides para dar dinâmica aos atos do filme. Em suma, é um filme bonito e bem dirigido.

Mesmo investindo ainda em uma crítica social à exploração capitalista do trabalho, faltou sutileza no contexto geral (jovens fugindo de uma vida miserável e batendo de frente com a morte). Aqui, é um grupo de descendentes de trabalhadores que buscam sair de uma vida miserável em um planeta minerador e acabam entrando em uma nave de pesquisa infestada de aliens.

Há de se destacar ainda a presença magnética de Cailee Spaeny, que tem a difícil missão de substituir Sigourney Weaver como a “final girl” da franquia. Spaeny é talentosa e cria uma protagonista com personalidade, sem precisar ser uma “cópia” da tenente Ripley. Ela lidera um elenco mais rejuvenescido que qualquer outro filme de Alien, que sempre contaram com atores mais experientes em papéis centrais.

Na minha opinião, “Romulus” funcionaria melhor como uma história isolada, sem relação com os outros filmes, pois a necessidade de incluir pontes com a cronologia original, copiar diálogos inteiros e readaptar plots dos outros filmes mais prejudica o trabalho atual, que homenageia os originais. E talvez esse seja o grande problema das franquias atualizadas: ter de agradar os fãs inserindo um caminhão de referências que pouco ou nada acrescentam para a trama principal (algo que o ótimo “Predador A Caçada”, felizmente evitou). E não ajuda em nada usar de CGI tosco para reviver um personagem de um ator morto. Ficou bem estranho.

De qualquer forma, é um bom entretenimento e um pontapé acertado para os próximos filmes e séries envolvendo o monstro cabeçudo e cuspidor de ácido mais famoso do cinema. Que ele continue aterrorizando os incautos pelo espaço afora por muitos anos.