Zaynara e a novíssima música paraense

Zaynara está entre os grandes da cena no estado, com um amor pela música que atravessa gerações

O nome do novo fenômeno da cena musical paraense é Zaynara. Aos 22 anos, a artista é uma força da natureza, tal qual ela descreve em seu single “Sou do Norte”, recém-lançado no Youtube e nas plataformas de streaming. Natural de Cametá, no nordeste paraense, a cantora vem sendo apontada como uma artista muito promissora da nova geração, circulando já entre nomes consagrados, como neste domingo, sendo uma das atrações da I Semana dos Povos Indígenas, subindo no mesmo palco que Gaby Amarantos, Fafá de Belém e Dona Onete. Ela é ainda uma das selecionadas no Alerta Experimente 2024, projeto do Multishow em parceria com o canal Bis.

Zaynara nasceu em uma família em que a música sempre esteve presente. O avô tinha uma banda chamada Invencíveis de Cametá, o pai é baterista e ela brincava de cantar desde que se entendia por gente. Dali para a arte, tudo foi muito natural, embora houvesse a dificuldade de uma vida no interior de uma cidade do Norte do Brasil. “Eu me sinto em casa quando estou no palco, eu sinto que é ali que eu me encontro. Tudo em mim se reconhece nesse lugar”, afirma.

“Meu pai é quem sempre foi minha maior inspiração e referência musical. Ele é baterista, ajuda na produção musical e escolha de repertório. Ele trabalha comigo hoje, mas tocou em banda a vida inteira. Tudo começou com meu avô paterno que tocava banjo, ele comprou os instrumentos de uma banda e deu para os filhos. Cada um pegou um, aprendeu a tocar por conta própria e estiveram nessa banda por muitos anos. Com o tempo, um dos filhos é quem permaneceu na banda e quem a gerencia. Eu tenho primas que cantam e primos que tocam vários instrumentos, então é algo que sempre esteve presente na minha família”, conta Zaynara.

O sucesso na música, nas performances em cima do palco, chamaram a atenção de artistas com destaque na cena nacional que já observavam nela a potência de uma grande artista. Mas essa concepção sobre si mesma e sobre o que a norteia ainda é algo novo na cabeça de Zaynara. “Não faço ideia e não tenho a mínima noção de tudo o que está acontecendo. Penso que eu só trabalho muito para conseguir ter um trabalho bem posicionado para as pessoas. Acho que é o sonho de todo artista. Eu me sinto muito feliz e honrada mesmo de ter sido abraçada dessa forma pelos artistas de Belém e de fora também. Eu acho que é o trabalho mesmo que a gente tem construído, e depois, as pessoas têm a oportunidade de me conhecer”, diz ela sobre ter sido citada por Felipe Cordeiro e outros artistas que já dividiram palco com ela em diversos festivais.

Zaynara também chega com outra novidade. Ela apresenta ao público o estilo Beat Melody, uma vertente do tecnobrega. “Eu sempre fui muito fã de calypso, de brega e da música paraense e nortista de uma forma geral. Quando a gente decidiu pensar em que rumo partiria, eu não tive dúvidas de que eu queria cantar a música que tivesse raiz paraense. E então, pensamos em juntar as melhores coisas que a gente tem na nossa música, com toda a humildade. Pensamos no beat melody, que é a releitura do calypso e do tecnobrega, que a gente mistura tudo com uma pegada eletrônica, sem perder pressão, com os instrumentos acústicos”, descreve.

A sonoridade é caracterizada pela presença da bateria com elementos eletrônicos. “É um negócio bem versátil, e a gente também não está se limitando, está descobrindo junto onde esse estilo pode nos levar”, diz a cantora, que tem como uma de suas principais referências as cantoras Joelma, Viviane Batidão, Rebeca Lindsay, Naieme, Gaby Amarantos, Dona Onete, entre outras mulheres potentes da música paraense.

AUTORAL

Como citado, a cantora é uma das presenças confirmadas na programação da Semana dos Povos Indígenas, que ocorre em Belém. Ela é a convidada da cantora indígena e ex-The Voice Thaline Karajá. “Eu estou muito animada, feliz e muito ansiosa de poder ver, conhecer e ouvir a música dela. Eu me sinto muito feliz de poder ser também uma porta-voz da nossa região, da Amazônia. Ser uma mulher forte do Norte é muito significativo e importante. Eu me sinto também feliz de poder dividir o palco e lugares onde mulheres que me inspiraram estão”, afirma a cantora, que apresentará músicas autorais dela e de Thaline Karajá, além de algumas surpresas.

“‘Sou do Norte’ é uma faixa que a gente está trazendo coincidentemente na Semana dos Povos Originários. Nela eu trago o meu orgulho de ser do Norte e todo o meu respeito aos povos da nossa região. Tem um pedacinho na letra que fala sobre isso, ressaltando um viva ao povo Tupinambá, que nos deu origem. É um trabalho muito especial, muito significativo. Eu exponho coisas da minha vida pessoal e da minha infância que eu não havia feito até o momento. Tem realmente coisas muito especiais nas imagens do clipe, não só a letra. Nas imagens, estão o meu pai, a minha mãe, a gente almoçando juntos. Outro trecho mostra a casa do meu avô, que foi quem, digamos, deu o start à música na nossa família”, enaltece.

O clipe foi dirigido por Zaynara, Naré e Guilherme Takshy e pode ser acessado na plataforma da artista no Youtube (@zaynara). “Eu acho que é um privilégio trabalhar com algo que a gente gosta tanto. Eu queria muito [no clipe] que todas as pessoas que são da nossa região pudessem revisitar essas memórias que, às vezes, estão guardadas no nosso interior e mostrar para as que não são da nossa região como é o nosso cotidiano daqui, uma experiência diferente, um novo olhar para o Norte. Além disso, quero incentivar as mulheres, as pessoas da nossa região, que é um fator de orgulho ser daqui, orgulho da nossa história e da nossa raiz”, conta a cantora, que compôs “Sou do Norte” em parceria com o DJ Bispo Junior.

“Foi um trabalho que todo mundo deu as mãos e a gente conseguiu fazer algo realmente muito bonito. Eu queria mostrar isso, o cotidiano, um pouco da minha família, a minha raiz. Eu vou dar um ‘spoiler’. A última cena do clipe mostra uma inscrição num barco, que é Cametá/Pará, a cidade onde eu nasci, mas o vídeo se passa na Vila de Porto Grande e Guajará de Cima, que é o interior de Cametá. Porto Grande foi onde eu vivi a minha vida toda”, detalha ela que nasceu na cidade, mas viveu a vida inteira na vila Porto Grande.

ACELERA

Selecionada no Alerta Experimente, que é um projeto do canal Multishow em parceria com o canal Bis, a artista está animada com tudo o que está por vir. O projeto mostra as vozes, os ritmos e os sons que vão fazer parte da próxima geração na música brasileira.

“Eles escolhem pessoas de diferentes regiões e eu fui escolhida para representar o Norte. A gente vai fazer parte desse projeto muito importante, onde eles aceleram artistas que são promessas da música brasileira. Eles pegam um de cada região e dão uma oportunidade para a gente, colocam a gente em lugares que são um pouco mais difíceis de acessar, por exemplo, um clipe em uma televisão. Tudo vai acontecendo, com bastante divulgação da nossa carreira”, relata Zaynara, acrescentando que a partir do Alerta Experimente participou de um programa no TVZ, e a cantora e apresentadora Preta Gil citou as participantes.

Este ano reserva ainda muitos projetos, inclusive uma turnê. “É um ano que tem me surpreendido muito e não chegou nem na metade ainda. Estou agoniada para saber o que Deus ainda fez para nós. A gente está organizando um novo show agora para ser a turnê ‘Sou do Norte’, estou falando em primeira mão! É um show com repertório renovado, a gente está trabalhando muito para fazer que o nosso show seja uma experiência imersiva para quem o assiste”, entrega Zaynara.

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