TEATRO DO SESI

Waldemar Henrique é tema do espetáculo 'Fiz da vida uma canção'

Casa de Teatro Tiago de Pinho, faz um resgate na vida e obra do maestro Waldemar Henrique (1905-1995).

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Conduzido pelo afeto, o espetáculo “Fiz da vida uma canção”, da Casa de Teatro Tiago de Pinho, faz um resgate na vida e obra do maestro Waldemar Henrique (1905-1995). A peça será apresentada nesta sexta-feira, 26, às 20h, no Teatro do Sesi, em Belém, dentro da programação do Festival SESI Cultura Amazônia em Cena, que une música e teatro, e ocorre no período de 26 de setembro a 18 de outubro.

Com roteiro e direção assinados por Tiago de Pinho, o espetáculo surgiu a partir de uma iniciativa do diretor a fim de resgatar a trajetória e a sensibilidade do maestro. Esse processo parte de recortes biográficos e musicais para revelar a obra de Waldemar Henrique, capaz de atravessar gerações e guardar a memória afetiva dos amazônidas.

Em cena, as relações afetuosas de um homem sensível que contribuíram para uma obra que permanece instigando o público a se aprofundar na genialidade do maestro. “Minha motivação nasceu do afeto. Eu cresci ouvindo Waldemar, minha mãe cantava suas músicas nos coros e isso me marcou. Sempre senti que havia nele algo que falava diretamente ao coração da nossa região. E teve um episódio muito especial: a cantora Gigi Furtado sonhou que me entregava a gravata e os óculos do Maestro, no camarim VIP do Theatro da Paz, onde ele morou. Ela me contou esse sonho sem saber que, justamente naquela semana, o Teatro do Sesi já tinha me feito o convite para estrear o musical lá. Para mim, foi a confirmação que eu precisava para mergulhar de vez no universo desse homem tão mágico e talentoso”, conta Tiago de Pinho.

O diretor acrescenta: “Resgatar a vida e a obra dele é também um ato de resistência cultural: é afirmar que a Amazônia tem voz, tem memória, tem identidade. Eu quis devolver ao público não apenas um maestro consagrado, mas um homem amazônida que transformou sua própria vida em música. E, de certa forma, fez de todos nós personagens de sua canção”.

Retorno aos Palcos e Reencontro

O espetáculo marca o retorno da atriz Astrea Lucena aos palcos de teatro e o reencontro dela com o universo de Waldemar Henrique. Ela é conhecida por sua atuação recente em séries e filmes, como “O Escolhido” (Netflix), “Vatapá e Maniçoba”, da Marahu Filmes e o longa “O Jambeiro do Diabo”, de Roger Elarrat. “O teatro é a minha casa e voltar a esse palco é voltar para casa. Na época que fiz o curso de formação de ator, o Cláudio Barradas foi meu professor de interpretação e dirigia o grupo de teatro do SESI e logo me levou para este grupo. Então é muita emoção junta. Estou muito feliz com este momento”, afirma.

Na construção de sua personagem, ela se sentiu muito marcada por traços da personalidade de Estefânia, que foi tia e mãe do maestro. “Marcou demais a generosidade da Estefânia, que era irmã da mãe do maestro e ocupou como mãe este lugar”, aponta Astrea Lucena.

Ao fazer um movimento de reencontro com a obra do maestro que ela conheceu em vida, Astrea Lucena diz que se sente muito emocionada. “Visitei esse lugar de encontro com muita honra e emoção. Waldemar foi diretor do curso de formação de ator, hoje Escola de Teatro e Dança da UFPA. Quando fiz o curso, ele era um homem gentil, elegante e brilhante, o homem mais leve que eu conheci na minha vida”, recorda a atriz.

Em outras experiências teatrais, Astrea fez O Coronel de Macambira no curso de formação de ator, com músicas de Waldemar Henrique e direção musical de Nilson Chaves e Vital Lima. Mais tarde, esteve em “Ver de Ver-o-Peso”, dirigido por Geraldo Salles. Entre os trabalhos recentes, participou de A Casa do Rio, do Grupo Gruta, dirigido por Henrique da Paz.

Atores e Repertório do Espetáculo

O maestro será interpretado por três atores, em três fases diferentes: Infância (Khalil Ripardo), adulto (Gabriel Chaves) e idoso (Hugo Sacramento). Teremos além dos atores que cantam, as cantoras Renata Del Pinho e Gigi Furtado, sob a direção do maestro Ziza Padilha. No repertório, canções como “Tamba-Tajá”’, “Matinta Pereira”, “Uirapuru” e “Valsinha do Marajó”, como repassa Tiago.

“Fiz da vida uma canção” é uma homenagem muito íntima, reflete Tiago de Pinho. “Revisitar a trajetória de Waldemar Henrique foi como abrir um baú cheio de encantarias amazônicas, memórias e afetos. Descobri um Waldemar que não está só nas partituras: ele está no olhar curioso de uma criança amazônida, na coragem de um artista que ousou misturar o erudito com o popular, no poeta que deixou sua própria vida se confundir com a obra. No processo, percebi que não bastava contar a história dele, era preciso sentir como ele sentia a floresta, os mitos e a própria cidade”.

“Acho que muita gente conhece Waldemar pelo repertório, pelas canções que atravessaram gerações, mas poucos sabem da dimensão humana e revolucionária dele. O espetáculo mostra um homem dividido entre mundos, o erudito e o popular, o urbano e o mítico, a infância indígena e a formação europeia. Ele viveu contradições, amores, censuras, e tudo isso alimentou a arte dele. O público vai se surpreender ao perceber que por trás das melodias doces havia um artista ousado, moderno e, acima de tudo, profundamente ligado à Amazônia”, considera o diretor Tiago de Pinho.

Serviço

Quando: 26/09 (sexta-feira), às 20h.

Onde: Teatro do Sesi – Av. Almirante Barroso, 2540 (Entrada pela Dr. Freitas), BelémPará.

Quanto: Sympla e bilheteria do Teatro do SESI, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.