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Visibilidade Trans: ouvindo histórias de vida

Ana Carolina Apocalypse é a estrela do primeiro episódio de “LGBT+60”, websérie que mostra histórias de resistência e conquistas de idosos LGBTs pelo país

FOTO: DIVULGAÇÃO
Ana Carolina Apocalypse é a estrela do primeiro episódio de “LGBT+60”, websérie que mostra histórias de resistência e conquistas de idosos LGBTs pelo país FOTO: DIVULGAÇÃO

Aline Rodrigues

A premiada websérie “LGBT+60: Corpos que Resistem”, que já soma mais de 2 milhões de visualizações nas plataformas digitais, estreia sua terceira temporada no Youtube e pode ser uma ótima opção para assistir deste dia 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans, momento que traz atenção para as reivindicações da população travesti e trans brasileiras.

“A terceira temporada está ainda mais especial porque nós trabalhamos com uma equipe bem maior, então foi uma construção coletiva, inclusive com pessoas trans na criação. Ela traz um aprimoramento estético e uma evolução na qualidade técnica de filmagem. Em relação ao conteúdo, destaco que os novos episódios trazem histórias de conquistas e celebrações. Claro, tem muito sobre a luta e a resistência desses idosos LGBT+, o que é inerente em todas as minorias sociais”, disse Yuri Alves Fernandes, diretor e roteirista da série.

São cinco novos episódios repletos de histórias inspiradoras, que revelam a trajetória de vida e celebrações de cinco brasileiros LGBT+ que vivem a terceira idade em sua plenitude. “Dessa vez, todos se realizaram de alguma forma e acho importante mostrar isso, pois inspira e ajuda a construir várias possibilidades de futuros e velhices para nós, jovens LGBT+. É uma temporada que faz rir, emocionar e refletir muito”, disse o diretor.

Os episódios vão contar as nuances e conquistas por trás da vida da ativista Denise Taynáh Leite, de 74 anos; do jornalista Márcio Guerra, de 63 anos; da influenciadora Ana Carolina Apocalypse, de 65 anos; da drag queen Luiza Gasparelly, de 60 anos; e do aposentado Seu Franco, de 67 anos.

“Costumo falar que a primeira [temporada] trouxe relatos fortes sobre luta, esquecimento e até mesmo crueldade da sociedade. A segunda mostrou como o amor é possível para combater o preconceito. Agora, a terceira, traz a mensagem de que nunca é tarde para ser feliz e realizar sonhos. São corpos que resistem, amam e também celebram. Tudo ao mesmo tempo!”, pontuou o diretor.

“LGBT+60” é um projeto que parte de uma ideia simples: ouvir histórias, mas histórias que nem todas as pessoas estão acostumadas a ouvir, seja na mídia ou em debates. A equipe da websérie é composta majoritariamente por pessoas LGBT+, incluindo pessoas trans, como o codiretor Gab Meinberg.

“Tenho muita vontade de continuar esse projeto. Muita gente acha que é um processo difícil encontrar as histórias, mas pelo contrário. Existem muitos idosos LGBT+ no Brasil querendo contar suas trajetórias de luta e ensinar aos mais jovens, só precisamos ir atrás e usar os espaços que nós jovens e profissionais de mídia temos para ecoar essas vozes”, falou o diretor sobre seu desejo para a próxima temporada, que é explorar mais o Brasil: principalmente o Nordeste e o Norte.

“Adoraria conhecer o Pará, por exemplo, por meio de ‘LGBT+60’. Certeza que além de depoimentos fortes, teríamos imagens belíssimas. Essa diversidade regional vai enriquecer muito. Isso significa precisar de mais orçamento para viagens da equipe e tudo mais, para isso vamos em busca tanto de editais como de patrocinadores/marcas que queiram se aliar à causa. Um sonho meu também é transformar o projeto em um documentário para ser exibido em festivais pelo mundo. Quem sabe vem aí!”, acrescentou ele.

Desde que estreou, em 2018, “LGBT+60” vem conquistando diversos prêmios, os mais recentes foram os de Melhor Roteiro e Melhor Direção, no Rio Webfest 2023, maior festival de webséries do mundo. Ela também já levou o Prêmio Longevidade Bradesco Seguros na categoria jornalismo web (2019), o 20º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade LGBT+ na categoria audiovisual e arte cênicas (2021) e a menção honrosa na Mostra Cine Diversidade, do Rio de Janeiro (2021).

“Para mim, como homem gay vindo do interior de Minas e de uma família humilde, é uma realização profissional e pessoal enorme ecoar essas histórias. Pela sensibilização, conseguimos alcançar milhões de pessoas e ocupar diferentes espaços: festivais, cinemas, universidades e museus. Eu sinto que esse projeto traz conhecimento, mas também esperança. Sinto orgulho por saber do impacto que ele tem e do que ele ainda pode causar com a terceira temporada. Todos nós precisamos ouvir quem lutou por nós para que possamos seguir lutando pelos que virão”, finalizou o diretor Yuri Alves.