Em Belém, pulsam projetos sociais ligados à periferia, especialmente com o intuito de fomentar a educação e formar cidadãos. É com esse objetivo que o projeto “A Barca”, um espaço colaborativo e de turismo social, surgiu e vem ganhando visibilidade para suas iniciativas. Uma delas é uma campanha lançada na plataforma Benfeitoria que pretende arrecadar recursos para a construção de um espaço para a realização das atividades do projeto, que são o Museu Memorial Vila da Barca, Vozes e a Barca Literária.
Idealizado por Kelvyn Gomes, Suane Barreirinhas e Inêz Medeiros, o projeto “A Barca” funciona na Vila da Barca, no bairro do Telégrafo. Em 2021, o grupo foi contemplado no Edital de Museus e Memoriais de base comunitária da Lei Aldir Blanc para desenvolver o Museu Comunitário. “As pessoas tinham em casa recortes de jornais, fotografias. Entre elas, havia imagens pessoais e da paisagem da comunidade e das casas. E aí a gente reuniu um grupo de adolescentes que ficaram responsáveis por uma catalogação prévia desse material e pelo processo de digitalização dele. Como a gente não tinha um espaço físico, a gente precisou devolver essas fotografias para os moradores. Mas a gente ficou com o acervo virtual disponível em um drive”, conta Kelvyn Gomes.
Kelvyn diz que o acervo é muito rico e ajuda a contar a história da Vila da Barca sob a ótica das pessoas que já conhecem o lugar, mostrando o espaço para além do contexto de perigo e violência.
“Depois disso, a gente criou um segundo projeto, vinculado ao Museu Memorial, que é o projeto ‘Vozes’, que busca a formação de adolescentes na área da comunicação, para que eles possam construir modelos, formatos de comunicação e textos em vídeo. Agora a gente está trabalhando com o áudio também, para construir uma espécie de podcast, com o objetivo de recontar a história da comunidade da Vila da Barca a partir da iniciativa dos moradores”, recorda ele.
A proposta da campanha é que a construção seja uma casa sustentável sobre palafitas, que contará com um museu comunitário, uma galeria de arte, além de cozinha, café/píer e hospedaria coletiva com redário. A inspiração surgiu de projetos visitados nas periferias de Belém. “A gente conheceu o Museu da Terra Firme, que foi fundado por uma professora, conheceu o Museu da Maré, e aí a gente percebeu que faltava esse espaço na Vila. Um espaço que congregasse o que a gente entende como potencialidades da comunidade. Seria um espaço com uma galeria, onde as pessoas pudessem visitar, e que a gente pudesse fazer um tour pela comunidade, que fosse um ponto de encontro, mas que também a gente conseguisse manter os nossos projetos nesse espaço”.
CAMPANHA
A campanha está na segunda semana no site da Benfeitoria para estimular as pessoas a fazerem doações. “A gente tem feito essa mobilização corpo a corpo, conversando com as pessoas, pedindo para compartilhar, mas a gente precisa, na primeira etapa, de R$ 45 mil para fazer estudos no terreno, fazer a fundação do que vai ser o espaço, regularização e todos os detalhes da obra. A gente tem notado que a campanha tem tido muito alcance, mas o retorno do apoio não tem acompanhado esse engajamento. As pessoas compartilham, comentam, assistem aos vídeos, que já passaram de 40 mil visualizações, mas o fluxo de doação infelizmente não tem seguido essa lógica”, detalha Kelvyn Gomes.
De forma coletiva, eles estão buscando estratégias que ajudem a fomentar e estimular as pessoas a doarem qualquer valor. Uma delas são as recompensas dadas ao doador a partir de um determinado valor. Por exemplo, ao doar R$ 50, o apoiador recebe agradecimento nas redes sociais e uma placa de homenagem. Com R$100, ele se torna VIP no museu, com agradecimento nas redes sociais, nome na placa de homenagem, convites para eventos especiais e mais uma entrada para o Círio Fluvial.
A partir de R$500, além do nome gravado em uma placa de agradecimento na entrada do museu, o doador recebe ingressos para o museu durante 5 anos e mais duas entradas para o Círio Fluvial. Com a doação de R$ 1.000, o doador recebe agradecimento nas redes sociais, nome na placa de colaboradores, hospedagem na Barca e mais duas entradas para o Círio Fluvial. Ao apoiar com R$5.000, o doador recebe cinco entradas para assistir o Círio Fluvial durante 5 anos.
SIMBOLISMO
Kelvyn Gomes diz que a criação deste espaço surge do campo simbólico com uma barca que batiza a comunidade. “Também veio junto a ideia de o espaço ter o formato de uma embarcação, por conta da relação que a gente ainda mantém com o rio. Ainda que a cidade venha crescendo vorazmente sobre a comunidade e o acesso que a gente tem ao rio não seja adequado do ponto de vista técnico. A gente não tem hoje um píer, uma orla, porque o projeto de urbanização e habitação da comunidade não avançou, foi abandonado”.
Essa relação de pertencimento com os símbolos da comunidade também vem sendo trabalhado em todos os projetos. Com os adolescentes da área, a partir do projeto “Vozes”, onde eles atuam como jovens comunicadores sociais periféricos. Eles produzem material sobre a comunidade que vem sendo compartilhado no Instagram do Museu Memorial Vila da Barca. O projeto “Barca Literária”, por sua vez, contempla a alfabetização de crianças e adolescentes dos 7 aos 15 anos. Neste mês, um novo projeto está sendo iniciado na Vila da Barca, chamado “Roteiro Periférico Mulheres Boieiras”, financiado pela Embaixada da Suíça.
ACESSE E APOIE
Campanha “A Barca: um sonho sustentável para a Vila da Barca”
Quando: 49 dias restantes
Onde: https://benfeitoria.com/
projeto/museudaviladabarca
Quanto: Doações de R$10 a R$5.000, podem ser feitas por Pix, cartão de crédito ou boleto, tudo de forma segura pela plataforma Benfeitoria.
l Recompensas especiais: Homenagem com seu nome no espaço físico da Barca; Entrada exclusiva para assistir ao Círio Fluvial diretamente da casa — com uma vista privilegiada da celebração mais emocionante do Círio de Nazaré.
celebração mais emocionante do Círio de Nazaré.
Conheça o projeto: Instagram @museumemorialviladabarca