Da Varanda à Laje: a fé no Círio ganha o som de Fafá, Daniela Mercury, Gaby Amarantos e Liah Soares
Da Varanda à Laje: a fé no Círio ganha o som de Fafá, Daniela Mercury, Gaby Amarantos e Liah Soares

Vozes da Amazônia se unem a artistas nacionais num único propósito de fé e devoção mariana neste Círio de Nazaré. Durante as procissões da Trasladação e do Círio, elas estão espalhadas em espaços divrsos ao longo do trajeto prestando homenagens à Nossa Senhora de Nazaré e à religiosidade do povo paraense em forma de canção com a presença de artistas como Fafá de Belém, Daniela Mercury, Liah Soares, Gaby Amarantos, banda Anjos de Resgate, entre outros nomes.Uma das homenagens já tradicionais é a da cantora 

Fafá de Belém, que há 15 anos realiza sua Varanda de Nazaré. 
O projeto surgiu da preocupação da cantora  em trazer uma maior  visibilidade para o Círio que tinha pouco tempo de exibição na tevê, mesmo sendo uma das maiores manifestações religiosas do mundo.

“O Círio de Nazaré é tão grandioso que a gente imaginava que a mesma força que tocava no coração da gente e parava toda a nossa vida poderia acontecer com o resto do Brasil. A partir da primeira Varanda, passamos a ter um olhar mais sensível a respeito disso, trazendo jornalistas, que se sentiram inspirados pelos personagens encontrados: o “homem-caranguejo”, pagadores de promessas e seus votos e até pelo movimento absurdo que se tem no Círio. A Varanda nasceu de todo esse propósito e hoje possui quatro dias de programação, incluindo um mergulho na vida amazônica com vivências nas ilhas de Belém, além de sarau e fórum”, detalha Fafá de Belém.
Durante as duas principais procissões do Círio, Fafá cantará no espaço montado na Estação das Docas, sempre há a promessa de momentos emocionantes no Círio. Este ano, a cantora Naieme – que interpretará Fafá no musical produzido por Jô Santana com estreia prevista para janeiro de 2026 – estará ao lado da anfitriã na Varanda, cantando para a Virgem de Nazaré. Mas muitos outros artistas da música paraense passarão por lá: Dona Onete, Valéria Paiva, Aíla, Andréa Pinheiro, Luê, Lia Sophia, Arthur Espíndola, Julia Passos, Almirzinho Gabriel, Vital Lima, Arthur Nogueira, entre outros.
Também no trajeto das procissões, na Avenida Nazaré, entre as Travessas Quintino e Ruy Barbosa, Daniela Mercury e Manoel Cordeiro e mais 12 artistas da Amazônia se juntam a lideranças indígenas na ‘Varanda pelo Clima’, realizada pela Casa Maraká.
O espaço criado pela Mídia Indígena especialmente para basear a cobertura da COP 30 unirá a voz de lideranças, artistas e ativistas para oferecer ao público um ato político, espiritual e artístico com programação gratuita de shows musicais e celebrações dialogando pela ancestralidade e a luta pela Amazônia. 

Um palco montado na frente do casarão reunirá grandes nomes da cultura amazônica e terá a presença de Daniela Mercury, além de Júlia Passos, Luê, Djuena Tikuna, Juca Culatra, Jeff Moraes, Zaynara, Aíla, Félix Robatto, Felipe Cordeiro, Eloy Iglesias, Priscila Castro e Flor de Mururé que celebram a diversidade cultural da Amazônia em uma conexão de fé, espiritualidade, arte e resistência.

Zaynara

Daniela Mercury cantará em homenagem à santa em dois momentos: um na Trasladação e outro durante o Círio – os dois iniciam pouco antes da passagem da imagem pelo local. Ela diz que quer prestigiar os povos indígenas que estão presentes com sua arte em meu álbum “Cirandaia” e que resistem à muita violência e apagamentos da importância de suas culturas ancestrais historicamente. “Também estou preocupadíssima com a exploração de recursos e grandes empreendimentos com alto impacto e custo para o meio-ambiente e com esse PL da Devastação que nesta quinta serão discutidos os vetos do Presidente Lula por deputados federais e senadores.

A artista conta que está muito feliz de estar em Belém neste momento de Círio de Nazaré. “Estou emocionada com Nossa Senhora de Nazaré. E acho que vou viver experiências mágicas e profundas”, afirma Daniela Mercury.

Djuena Tikuna, por sua vez, diz que a sensação de fazer parte deste evento que une fé e consciência climática dialoga com seu propósito de vida. “A nossa aldeia é o mundo. Sentimos o mesmo clima. Por isso a luta dos povos indígenas, em defesa da mãe terra, é uma luta de todos os povos, pois ela diz respeito à sobrevivência da humanidade e o futuro da vida no planeta. Somos uma revoada que canta a resistência, como promesseiros em devoção”.

“Tenho a certeza de que juntos somos a resposta para violência climática em nossos territórios na Amazônia e no mundo inteiro. Fazer parte da Varanda pelo Clima é evidenciar que essa luta é coletiva e todos somos responsáveis por essa grande mãe Amazônia. E como não sentir Nossa Senhora como uma mãe indígena rogando pelos seus filhos? Eu canto na minha língua materna, o canto das minhas ancestrais, trazendo a mensagem de nossa resistência. Espero que esse canto possa ecoar para reflorestar os corações e inspirar os devotos lembrando que somos todos da mesma aldeia”, completa a artista indígena.

Maria Vem

Liah Soares. Foto: Instagram

Idealizada pela cantora Liah Soares, com direção de produção de Adriana Fukuoka, a Sacada “Maria Vem” chega a mais uma edição dentro da programação oficial do Círio de Nazaré. No sábado e no domingo, o público poderá viver experiências únicas de acolhimento e emoção, com convidados especiais que tornam este espaço ainda mais inesquecível. Entre os destaques deste ano está a presença da cantora e compositora Lucinnha Bastos, uma das maiores vozes da Amazônia, que se soma ao projeto para engrandecer ainda mais esta edição. 

As celebrações marianas terão lugar central, reafirmando a música como uma das formas mais bonitas de expressar a devoção à Rainha da Amazônia e de celebrar a fé que move o nosso povo. “Com muito orgulho, registramos que Sacada “Maria Vem” conta com o apoio do SEBRAE, parceiro essencial que acredita na força da cultura e do empreendedorismo amazônico e que caminha conosco nesta missão de valorizar e difundir a nossa identidade”, destaca Liah Soares.

“A Sacada “Maria Vem” nasceu para ser um lugar de encontro, de acolhimento e de fé. A música é nossa forma de oração e também de celebração, e este ano queremos levar ainda mais beleza e emoção para quem vier viver esses dias conosco”, ressalta Liah Soares.

LAJE DA NAZA

Gaby

Em sua segunda edição, Laje da Naza, de Gaby Amarantos, celebra o Círio com diversidade e tradição. Neste ano, o projeto autoral de Gaby Amarantos, transforma mais uma vez o Círio de Nazaré em um evento inesquecível. A Laje mostra que veio para ficar, ocupando um espaço maior e ainda mais emblemático, o Manoel Pinto da Silva. Reafirmando sua essência, o evento celebra a cultura paraense de forma ampla, periférica e potente.

Lugar de encontros, de mistura e de tradições que cruzam o sagrado e o profano, a Laje da Naza reflete um convite a olhar para os movimentos que nascem na cena periférica de Belém durante o Círio. “A Laje este ano ganha um espaço no Manoel Pinto que é um monumento arquitetônico da nossa cultura, mas acho que é muito emblemático a periferia ocupar aquele espaço. Tem um poder muito grande para mostrar que nós podemos estar em todos os espaços de poder e que nós também temos a nossa forma de homenagear Nossa Senhora de Nazaré”, considera.

Uma maneira que a artista encontrou de reforçar essa ideia foi na estética, trazendo uma faixa típica das festas de aparelhagem para a fachada do prédio. “A gente traz uma faixa de aparelhagem com a estética das aparelhagens do tecnobrega pra gente trazer mais camadas ainda para essa festa que é plural. A Laje é uma oportunidade de fazermos as pazes entre o sagrado e o profano, mostrando que tem espaço para tudo e que a gente respeita todas as manifestações, levando o nosso movimento com muito respeito, amor e fé à nossa rainha da Amazônia, Nossa Senhora de Nazaré. A galera da laje também tem direito de poder homenagear Nossa Senhora de Nazaré”, analisa Gaby Amarantos. 


BANCO DA AMAZÔNIA 
Na Avenida Presidente Vargas, em frente à Praça da República, o Banco da Amazônia mantém sua já aguardada homenagem musical a Nossa Senhora de Nazaré, que anima os devotos também na passagem da Trasladação quanto na manhã da procissão de domingo. Este ano, os dois momentos terão a presença da banda católica Anjos de Resgate, bastante conhecida pelo público,  e do Grupo Ama. No sábado, dirante a Trasladação também haverá apresentação do Coral Vozes da Amazônia, formado pelos funcionários da instituição, um dos mais conhecidos grupos de Belém. O palco para as homenagens será montado em frente ao histórico Bar do Parque.

PSICA DE NAZARÉ

O Psica de Nazaré se abre para prestar sua homenagem à Nossa Senhora de Nazaré. A programação, que une cultura, fé, gastronomia, música e rock doido ocorre a partir deste sábado, 11, a domingo, 12, fazendo um mergulha nas romarias com uma cobertura ao vivo do Círio Fluvial, da Trasladação e da Grande Procissão do Círio de Nazaré. O ponto de encontro é a Casa Dourada, centro cultural permanente do Psica que ocupa um casarão histórico na Cidade Velha, ao lado da Catedral da Sé.

O espaço recebe artistas, pesquisadores, ativistas e personalidades como Karol Conká, Linn da Quebrada, Amaury Lorenzo, Leona Vingativa, Isabella Santorini, Layse, Valéria Paiva, Paulo Colucci, DJ Gilmar, Marcos Maderito, Eloi Iglesias, Hellen Patrícia, Keila Gentil, Mariza Black, Michel Pinho, Zaynara, entre outras presenças confirmadas que fazem a ponte entre fé, cultura e transformação social.