O CURUPIRA 'PIRA'

“Veadopira” será atração especial da Festa da Chiquita 2025 em Belém

O Troféu "Veado de Ouro", um dos principais momentos da festa, será renomeado para homenagear o mascote da conferência

Conheça o “Veadopira”: o mascote que promete brilhar na Festa da Chiquita 2025
Conheça o “Veadopira”: o mascote que promete brilhar na Festa da Chiquita 2025

No próximo dia 11 de outubro de 2025, logo após a tradicional romaria da Trasladação da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, a Praça da República será mais uma vez palco da emblemática Festa da Chiquita. A celebração, que se tornou símbolo da diversidade e resistência da comunidade LGBTQIAPN+ na Amazônia, chega à sua 49ª edição com reconhecimento nacional e uma programação que promete unir arte, política e celebração.

Realizada tradicionalmente no sábado que antecede o Círio de Nazaré, a festa é organizada pelo cantor, performer e produtor cultural paraense Eloi Iglesias, um dos principais nomes da cena artística da região e cofundador do evento. “Esta é uma festa para toda a comunidade e seus simpatizantes da causa, celebrando a liberdade e a igualdade em um ambiente de confraternização, não importa a classe social ou religião, no evento todos são bem vindos”, afirma Eloi.

Tema 2025: Chiquita na COP30

Este ano, a Festa da Chiquita entra no debate climático com o tema “Exclusão social: os riscos para a população LGBTQIAPN+ na Amazônia”, em alusão à realização da COP30 na capital paraense. A proposta é chamar atenção para os impactos das mudanças climáticas sobre comunidades vulnerabilizadas, especialmente pessoas LGBTQIAPN+ que vivem em contextos de pobreza, exclusão social e marginalização ambiental.

O tema da festa propõe refletir sobre como eventos extremos, como enchentes, secas e ondas de calor, agravam as desigualdades e aumentam o risco de insegurança alimentar, falta de moradia e dificuldades de acesso a serviços de saúde, especialmente para LGBTs em situação de rua ou afastados de suas famílias. A proposta é clara: enfrentar a crise climática exige justiça social aliada à justiça ambiental.

Programação: arte, carimbó e resistência

A programação da Festa da Chiquita 2025 promete ser vibrante e diversa. O evento começa com apresentações de carimbó, seguido por shows de bandas performáticas, desfiles de moda inspirados em lendas amazônicas, DJs e, claro, o espetáculo das drag queens, que trazem ao palco performances irreverentes, temáticas exóticas e muito brilho.

Um dos momentos mais aguardados da noite é a entrega do Troféu Veado de Ouro, que nesta edição ganha um toque especial com o “Veadopira” — uma versão lúdica e “veada” do mascote da COP30. O prêmio homenageia personalidades, artistas e iniciativas que se destacaram no apoio à comunidade LGBTQIAPN+, incluindo ações em sustentabilidade, moda, acolhimento de pessoas idosas LGBTs e protagonismo social na Amazônia.

Patrimônio afetivo e político da Amazônia

A Festa da Chiquita nasceu em 1978, idealizada pelo sociólogo carioca Luís Bandeira, como “Filhas da Chiquita”. Já naquele período, o evento representava uma ousada manifestação de liberdade em espaço público. Mas foi com Eloi Iglesias que a festa ganhou identidade própria, consolidando-se como um ato político, artístico e afetivo da cena LGBTQIAPN+ amazônica.

Eloi deu à festa sua voz, corpo e espírito, e fez dela mais que uma celebração: um espaço de resistência e pertencimento. Sob as bênçãos de Nossa Senhora de Nazaré, a Chiquita se tornou um palco livre, onde travestis, gays, lésbicas, trans, pansexuais e todos os corpos dissidentes podem afirmar sua existência, sua cultura e seu direito de ocupar o centro da cidade.

Em 2004, o evento foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pela Unesco. Em 2025, recebeu também o prestigiado 38º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, em Brasília, como uma das manifestações culturais mais relevantes da região Norte.