NA LATA

“Vão pro Paraná com o Lula”: Relembre as frases polêmicas de Nana Caymmi

Nana Caymmi não apenas marcou a história da música popular brasileira com sua voz poderosa e interpretação singular. Ela também ficou conhecida por declarações contundentes

Nana Caymmi não apenas marcou a história da música popular brasileira com sua voz poderosa e interpretação singular. Ela também ficou conhecida por declarações contundentes
Nana Caymmi não apenas marcou a história da música popular brasileira com sua voz poderosa e interpretação singular. Ela também ficou conhecida por declarações contundentes

Nana Caymmi, que morreu nesta quinta-feira (1º), aos 84 anos, não apenas marcou a história da música popular brasileira com sua voz poderosa e interpretação singular — ela também ficou conhecida por declarações contundentes, muitas vezes polêmicas, que desafiaram colegas de profissão, o mercado fonográfico e parte do público.

Filha do compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana trilhou um caminho musical de excelência, mas com firme resistência aos modismos. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 1993, criticou a interferência das gravadoras:

“A primeira coisa que elas [gravadoras] fazem é mandar um produtor desavisado conversar comigo. Aí eu toco ele a tiro”, ironizou.
“Se todo produtor que entrasse no estúdio, eu fosse fazer o que ele queria, eu não teria o repertório que tenho hoje. Teria entrado no modismo, tropicalismo, bossa nova? Não. Estou fora!”

Essa postura independente se refletia também em sua visão de mundo. Em 2019, ao lançar o álbum Nana Caymmi Canta Tito Madi, a cantora deu uma entrevista à Folha de S.Paulo que causou forte repercussão: ali, anunciou uma espécie de “despedida sem ir embora” e defendeu abertamente o presidente Jair Bolsonaro, enquanto criticava duramente nomes consagrados da MPB como Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso.

“É injusto não dar a esse homem um crédito de confiança. Um homem que estava fodido, esfaqueado, correndo pra fazer um ministério, sem noção da mutreta toda… Só de tirar PMDB e PT já é uma garantia de que a vida vai melhorar.”

Sobre seus colegas artistas, foi ainda mais direta:

“Agora vêm dizer que os militares vão tomar conta? Isso é conversa de comunista. Gil, Caetano, Chico Buarque. Tudo chupador de pa* de Lula. Então, vão pro Paraná fazer companhia a ele. Eu não me importo.”

Em tom igualmente conservador, revelou incômodo com os gostos musicais da família. Ao saber que suas bisnetas assistiram a um show de pagode, comentou com desaprovação:

“Não tenho nada contra a pessoa. Mas duas bisnetas de Dorival Caymmi! Eu já fazia música com quatro anos.”

Nana também foi alvo de críticas por suas falas, especialmente nas redes sociais, mas sempre defendeu o direito de se posicionar livremente:

“Se quiser me cancelar, cancela. Não deixei de comer por causa disso. Uns iam jogar meus discos fora, outros me quiseram morta. […] No Brasil, você não pode ter opinião, você é malhado feito Judas. Infelizmente, aqui é gado, tem que ir um cheirando o rabo do outro.”