DIÁRIO EM GRAMADO

Um tapete azul para celebrar o cinema brasileiro conquistando o mundo

Festival de Cinema de Gramado inaugura sua 53° edição com a premiere brasileira de O Último Azul, filme de Gabriel Mascaro ganhador do urso de prata em Berlim.

Gramado inaugura mais uma edição do seu tradicional festival de cinema recebendo celebridades da sétima arte, críticos de cinema e cinéfilos
Gramado inaugura mais uma edição do seu tradicional festival de cinema recebendo celebridades da sétima arte, críticos de cinema e cinéfilos. Foto: Divulgação

A serra gaúcha se torna a cidade do cinema brasileiro a partir da segunda quinzena do mês de agosto em 2025. Gramado inaugura mais uma edição do seu tradicional festival de cinema recebendo celebridades da sétima arte, críticos de cinema e cinéfilos para uma celebração que dura onze dias e culmina com a distribuição dos kikitos dourados. Mas na abertura, já houve a entrega de um prêmio, o Kikito de Cristal, para o ator Rodrigo Santoro por sua contribuição no cinema mundial e projeção que trouxe para o Brasil através de papéis em produções de Hollywood e outras como 300, Simplesmente Amor, Leonera, Westworld e Che.

Santoro está no elenco de O Último Azul, do diretor pernambucano Gabriel Mascaro. Filmado na Amazônia, na região de Novo Airão e Manacapuru, no Amazonas, a produção é protagonizada por Denise Weinberg e conta ainda com os atores amazonenses Adanilo e Rosa Malagueta. Premiado no festival de Berlim como o prêmio do júri, o filme apresenta uma trama distopica onde pessoas idosas são encarceradas pelo estado e isoladas em colônias, a partir do momento que se entende que elas se tornam um fardo para suas famílias. Tereza é uma mulher de 77 anos que se rebela e tenta escapar, voando pelos rios, em busca do controle sobre a própria vida.

O filme causou burburinho em Gramado, a começar pelo fato que o clássico tapete vermelho foi substituído por um tapete azul, por onde o elenco e equipe de O Último Azul marcharam até chegar ao Palácio dos Festivais. Rodrigo Santoro, após receber a homenagem no palco, com seu Kikito de Cristal em mãos, não escondeu a emoção e disse ter sido formado pelo cinema brasileiro independente; ele, que começou a carreira no cinema no Bicho de Sete Cabeças, de Lais Bodanzky, lançado 25 anos atrás.

O ator acrescentou que O Último Azul é um filme repleto de esperança e que seu personagem, Cadu, um barqueiro solitário que vive o luto de um amor perdido, num símbolo da liberdade que é o barco, lhe possibilitou a experiência única de filmar na Amazônia: “eu fiz um mergulho no lugar, do qual muito se fala mas pouco se conhece, passei semanas me preparando, convivendo com ribeirinhos como o barqueiro Seu João, que me ensinou a navegar pelos rios e Igarapés. Não tenho muito a dizer além de que é preciso experimentar a Amazônia para compreender. Depois de encerradas as filmagens, encontrei a minha família e de barco, fomos subindo o rio Amazonas por quatro semanas e conhecendo vários lugares, vivendo a experiência.”

O começo da competição 

Após a exibição especial, fora de competição, de O Último Azul – que estreia nos cinemas de todo o país dia 28 de agosto – o Festival de Cinema de Gramado deu início, no sábado, a competição oficial de longas metragens com a exibição de Nó, filme de estreia de Laís Melo. A produção paranaense é protagonizada por Saravy (de A Felicidade das Coisas) que também assina o roteiro junto com Melo, sobre uma mãe operária que cria as três filhas na precariedade e passa por dilemas pessoais e profissionais quando o ex-marido resolve entrar na justiça para obter a guarda total das meninas. A recepção ao filme, com uma equipe quase que totalmente feminina, foi morna, mas as turbinas esquentaram e palmas mais efusivas foram direcionadas a Máscaras de Oxigênio (Não) Cairão Automaticamente, episódio piloto da série da HBO que foi exibida de forma especial em Gramado; dirigida por Marcelo Gomes e protagonizada por Johnny Massaro, Bruna Linzmeyer e Ícaro Silva, trata da epidemia de AIDS e como um grupo de jovens se arriscou para trazer dos EUA o tratamento de AZT para os pacientes brasileiros. A produtora Mariza Leão, da Morena Filmes, realiza a obra e é também uma das homenageadas do festival pela sua contribuição de décadas para o desenvolvimento do audiovisual no Brasil. 

Amanhã, segunda-feira dia 18, é a vez da exibição de Boiuna, produção paraense dirigida por Adriana de Faria e estrelada por Naieme, Jhannyfer Santos e Isabela Catão. O filme estará competindo na categoria de curta-metragem com outros onze filmes, que serão exibidos entre segunda e terça-feira na tela do Palácio dos Festivais e que concorrem a 13 categorias de prêmios pelos almejados kikitos. Rodrigo Santoro inclusive, no sábado de manhã, ajudou a fabricar a cabeça do Kikito de Cristal que será entregue ao homenageado da próxima edição, em cerimônia realizada na fábrica Cristais de Gramado. Sigam acompanhando a cobertura inédita e exclusiva do Diário do Pará aqui no site e no jornal impresso.

Texto de Lorenna Montenegro