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Um guia para o Parque Cemitério da Soledade

A cartilha também ajuda o visitante a saber mais sobre o espaço do parque, um “museu a céu aberto”, em uma área de 22 mil metros quadrados, com registro de 31.872 pessoas sepultadas (Secult, 2023). Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
A cartilha também ajuda o visitante a saber mais sobre o espaço do parque, um “museu a céu aberto”, em uma área de 22 mil metros quadrados, com registro de 31.872 pessoas sepultadas (Secult, 2023). Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Aline Rodrigues

Museu a céu aberto; Irmandade das ordens: Terceira de São Francisco da Penitência, Terceira do Carmo, Ordem do Santo Cristo e Irmandade da Santa Casa de Misericórdia; Arte Cemiterial e significados; Mausoléus e sepultura e culto das almas; Memórias e expressões de fé. Esses são os capítulos da cartilha “Parque Cemitério da Soledade: a celebração da memória”, lançada ontem, pela Secretária de Estado e Cultura (Secult), através do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC). O lançamento foi marcado por uma cerimônia no Soledade e um ciclo de palestras aberto ao público, no Palacete Faciola.

“Essa publicação encerra o nosso plano de educação sobre patrimônio que iniciou ano passado. Foi um ano de processo, de pesquisa, entrevistas, conversas, ramos patrimoniais, uma série de ações que culminaram com a identificação de elementos, temáticas que mais interessavam às pessoas e mais causavam essas relações de afeto com o patrimônio do Soledade”, explica a técnica em gestão cultural do DPHAC Sabrina Campos.

“Uma das mais fervorosas relações de afeto é com os santos populares. Nós identificamos mais de quatorze santos populares; na maioria foi colocado um quadro de identificação, para que as pessoas pratiquem o seu culto das alma. Aqui acontece toda segunda-feira, e tem uma missa às cinco da tarde na capela”, explica a técnica.

Outra temática que causa bastante interesse e comoção das pessoas são os símbolos associados à arquitetura mortuária, tratados no capítulo “Arte Cemiterial e seus significados”. Entre outros, é possível saber mais sobre imagens como a rosa quebrada ou a cobra comendo o próprio rabo.

“Tudo isso está associado a elementos arquitetônicos, associados à morte, lá no século 19, e que perduraram no Soledade, como um grande museu a céu aberto”, diz Sabrina, destacando que os estudos levantaram os elementos arquitetônicos e estilos predominantes, assim como os materiais e técnicas construtivas da época, presentes no parque. “Porque aqui é a representação de um tempo histórico e da sociedade naquele momento”, lembra.

PARQUE

A cartilha também ajuda o visitante a saber mais sobre o espaço do parque, um “museu a céu aberto”, em uma área de 22 mil metros quadrados, com registro de 31.872 pessoas sepultadas (Secult, 2023), dividido por uma alameda central com o cruzeiro, a capela e uma torre sineira, cua gestão era dividida por quatro irmandades religiosas, e onde cada uma tem seu lugar.

Sabrina destaca que os frequentadores do local tiveram uma participação muito importante, pois a partir dessa diálogo foi possível identificar de que forma eles se relacionavam e usavam o espaço. “A gente tentou desde o início valorizar tanto as trajetórias quanto as percepções das pessoas que estavam aqui, atuando na obra, e também dos frequentadores do Soledade, e um dos aspectos que eu considero o ponto alto foi a reunião com lideranças religiosas afro-brasileiras para decidir o destino da Mangueira Sagrada, local de deposição das oferendas, que foi transformado num monumento à ancestralidade e que se encontra na frente do novo pórtico”, conta Sabrina.

“Uma forma também de uso do espaço que a gente levantou e achou bastante interessante, é que tem pessoas que vêm para cá só para pegar manga. E não é de qualquer lugar, é a manga que fica próximo da ordem da Santa Casa, na parte posterior do parque”, destaca ainda a técnica.