Texto: Aline Monteiro e Aline Rodrigues
O Prêmio Jabuti, mais importante prêmio literário do país, divulgou a lista de dez finalistas em cada uma de suas 20 categorias nesta terça-feira. E com boas notícias para os paraenses. Três publicações figuram na lista em diferentes categorias. “Brega Story”, de Gidalti Jr, está entre os dez melhores na categoria Histórias em Quadrinhos. “Say it (over and over again)”, obra que reúne a poesia inédita de Max Martins, disputa na categoria Poesia. E “Letras que Flutuam”, de Fernanda Martins, que registra a pesquisa sobre a tradição dos abridores de letras na Amazônia é finalista em três categorias diferentes nos eixos da Não Ficção (Artes) e de Produção Editorial (Capa e Projeto Gráfico). No próximo dia 8 de novembro, a lista afina para os cinco finalistas em cada categoria e no dia 24 de novembro, a Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora da premiação, anuncia os vencedores do Prêmio Jabuti 2022.
Artista nascido em Belo Horizonte, criado em Belém e residente em São Paulo, Gidalti Jr. concorre com uma graphic novel pontuada pela cultura pop amazônica desde o título e acompanha a trajetória de músico que tenta se manter como o “Rei do Brega”. Ele não é estreante nessa lista: seu “Castanha do Pará” levou o Jabuti em 2017, na categoria estreante de Histórias em Quadrinhos. E “Brega Story” chega bem nessa prévia.
“Figurar entre os dez finalistas do Prêmio Jabuti, que é um prêmio com um júri supertécnico, uma avaliação supermeticulosa da nossa produção, é uma coisa surreal, muito gratificante. Obviamente que a gente dá todo o nosso esforço, se dedica pra realmente entregar o melhor livro, o melhor quadrinho para o nosso público leitor. Eu ganhei a CCXP Awards como melhor álbum, sucesso de público, sucesso de crítica, venho colhendo bastante elogios, boas resenhas, o livro vem sendo super bem avaliado, mas toda vez que a Câmara Brasileira do Livro vai destacar os melhores do ano, o frio na barriga é muito, muito grande. Pra gente que trabalha fazendo livro, criando histórias, criando romance, quadrinho, livro infantil, ilustração, é sempre um momento de muita expectativa, tendo em vista que um projeto de quadrinhos, no meu caso, às vezes me toma quatro anos de pesquisa, produção. Então, é muito tempo trabalhando, muita dedicação e a gente sabe o contexto de se produzir arte no Brasil, é sempre um ambiente de muita dificuldade, muitos obstáculos para serem vencidos”, diz Gidalti.
Estão na disputa com ele as obras “A menor distância entre dois pontos é uma fuga”, de Gabriel Nascimento e João Henrique Belo; “Arlindo”, de Luiza de Souza; “Cidade pequenina”, de Aldo Solano e Camilo Solano; “Escuta, formosa Márcia”, de Marcello Quintanilha; “Gioconda”, de Felipe Pan, Mariane Gusmão e Olavo Costa; “Manual do Minotauro”, de Laerte; “Mapinguari”, de André Miranda e Gabriel Góes; “Risca Faca”, de André Kitagawa, e “Shamisen: canções do mundo flutuante”, de Guilherme Petreca e Tiago Minamisawa. “Conversei com meu editor e estamos bem felizes, sabemos que esse grupo aí é muito qualificado, tanto os autores quanto as obras em altíssimo nível”, festeja Gidalti.
Lançado em dezembro do ano passado, “Say it (over and over again)”, é o último dos onze volumes da poesia completa de Max Martins (1926-2009) lançados pela Editora da UFPA e está entre os dez finalistas de Poesia. A obra reúne a poesia inédita de Max Martins e também aquela publicada esparsamente em jornais e revistas, além de fragmentos extraídos de diversas fontes, a maior parte do acervo do poeta, adquirido pela Universidade Federal do Pará em 2010 e conservado no Museu da UFPA, com organização de Age de Carvalho.
“Letras que Flutuam” exalta cultura amazônica
A designer e pesquisadora Fernanda Martins comemorou a seleção de “Letras que Flutuam”, publicação da Secretaria de Estado de Cultura (Secult). Além de concorrer a Melhor Livro de Artes, também disputa nas categorias de capa, com o trabalho de Felipe Wanzeler, e de projeto gráfico, assinado por Sâmia Batista. “Depois de 15 anos de pesquisa e atividades educativas, publicar um livro sobre o ‘Letras’ era um grande sonho, O convite da Secult veio ao encontro deste desejo. O livro é a materialização, a consolidação de anos de trabalho coletivo. Fizemos muitas escolhas neste projeto, a principal delas foi seguir coerentes com nossa trajetória, criando espaço para o discurso dos pintores de letras da Amazônia que detêm este saber”, diz Fernanda, lembrando que os textos do livro vieram das entrevistas feitas com esses artistas ao longo do projeto, com todas as falas creditadas. “Ser finalista no Prêmio Jabuti, além de uma grande honra, nos indica que foram boas escolhas”, completa.
Segundo Fernanda, a liberdade que ela e sua equipe tiveram para realizar o livro do jeito que imaginavam fez toda a diferença. “Queríamos um livro que representasse a cultura paraense real, aquela dos rios e beiradões, quente, intenso, alegre”, diz. “Nossa pesquisa é consistente e respeitosa com todos os abridores de letras que entrevistamos e trouxemos suas narrativas para contar ao leitor o que é a letra decorativa amazônica e quem são estes artistas que a representam. É um trabalho de muita dedicação e amor que foi muito representado na arte, projeto gráfico e capa”, destaca a autora.