Entretenimento

Theatro da Paz e Teatro Amazonas podem ser Patrimônios Mundiais

Símbolo da Belle Époque, Theatro da Paz, assim como Teatro Amazonas, representa as artes, a arquitetura e a história da Amazônia, e a relação da região com a geopolítica internacional do fim de século 19. FOTO: ALEX RIBEIRO / AG. PARÁ
Símbolo da Belle Époque, Theatro da Paz, assim como Teatro Amazonas, representa as artes, a arquitetura e a história da Amazônia, e a relação da região com a geopolítica internacional do fim de século 19. FOTO: ALEX RIBEIRO / AG. PARÁ

Agência Pará

A história do Pará está prestes a ganhar um novo e importante capítulo. Isso porque, o Theatro da Paz, em Belém, pode ser reconhecido, entre os dias 13 e 15 de dezembro, como Patrimônio Mundial pela Unesco. Assim como o teatro paraense, o Teatro Amazonas, em Manaus (AM), também pode receber o mesmo título.

O primeiro passo para a elaboração da candidatura dos Teatros da Amazônia acontece ainda esta semana, na capital manauara, que recebe a primeira oficina de mobilização que envolverá os governos dos Estados do Pará e Amazonas, prefeituras de Belém e Manaus, representações da sociedade civil, pesquisadores e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que deve coordenar o processo da candidatura e apresentá-la, representando o Brasil, ao Centro do Patrimônio Mundial da Unesco.

Símbolos máximos do ciclo da borracha na região, os teatros de Belém e Manaus representam as artes, a arquitetura e a história da Amazônia, e a relação da região com a economia e a geopolítica internacional entre os séculos 19 e 20. A programação do evento será composta por apresentações, debates e visitas técnicas.

Nesta quarta-feira (13), às 14h, a abertura da oficina contará com a apresentação de conceitos, princípios e procedimentos para a candidatura a Patrimônio Mundial. Na sequência, serão expostos os requisitos de proteção, conservação e gestão do Teatro Amazonas e do Theatro da Paz.

No dia seguinte, será promovida uma visita técnica ao Teatro Amazonas e à área de entorno da edificação, no centro de Manaus. Por fim, na sexta-feira (15), as discussões vão tratar de valores patrimoniais, justificativa para a candidatura, critérios e estratégia para elaboração das ações previstas nos próximos anos.

“Para o Iphan, uma candidatura a Patrimônio Mundial sempre se apresenta como um rico e estimulante desafio. Primeiro, no sentido de propor a articulação necessária entre os grupos sociais envolvidos, os gestores estabelecidos e as instituições interessadas. Segundo, no sentido de garantir as condições que permitam a identificação e o reconhecimento coletivo do chamado valor universal do bem”, avaliou o diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan, Andrey Schlee.

“No caso particular dos teatros da Amazônia, o desafio se renova, frente à riqueza e diversidade cultural da região Norte”, completou.

RECONHECIMENTO

Ambos os teatros já são tombados pelo Iphan como patrimônios culturais do Brasil: a casa de espetáculos do Pará recebeu o título em 1963 e a do Amazonas, em 1966. Quanto ao reconhecimento da Unesco, os teatros foram inscritos na Lista Indicativa de Patrimônio Mundial, uma etapa prévia, que serve como instrumento de planejamento e preparação para as candidaturas.

Conforme a Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Unesco, o reconhecimento de um bem cultural como Patrimônio Mundial demanda a caracterização de seu valor universal excepcional (VUE), extrapolando a importância local, regional e nacional.

Ainda segundo a Convenção, dentre os vários critérios, o bem deve ser um testemunho do “intercâmbio de valores humanos considerável, durante um período concreto ou em uma área cultural do mundo determinada, nos âmbitos da arquitetura ou tecnologia, das artes monumentais, do planejamento urbano ou da criação de paisagens”.

O documento também prevê que o bem deve “ser um exemplo eminentemente representativo de um tipo de construção ou de conjunto arquitetônico ou tecnológico, ou de paisagem que ilustre um ou vários períodos significativos da história humana”.

Em diálogo com outras instituições públicas, organizações que atuam junto ao bem e à sociedade civil, a proposta é elaborada por um grupo técnico, que fará uma minuta de dossiê a ser apresentada ao Comitê do Patrimônio Mundial. Especialistas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), organização não governamental ligada à Unesco, analisam a documentação e verificam a pertinência da argumentação.

Se necessário, haverá etapas de ajustes, após as quais o dossiê de candidatura segue para avaliação do Comitê do Patrimônio Mundial, formado por 23 países signatários da Convenção. Este Comitê avaliará o potencial valor universal excepcional do bem, e se preenche requisitos de integridade e/ou autenticidade e de proteção e gestão para o título de Patrimônio Mundial.

*Com informações do Iphan