O Templo de Umbanda Caboclo Rompe Mato realiza o Cine Jandaya nesta sexta-feira (06/12), na Ilha de Cotijuba. Contemplado pelo edital “Cinema de Rua ou cinema Itinerante e Cineclubes”, pela Lei Paulo Gustavo, o Cine Jandaya tem o objetivo de alcançar diferentes comunidades da ilha com exibições de filmes e encontros comunitários para conhecer e dialogar sobre cultura, arte e herança ancestral afroindígena.
Em 2024, a ‘motorrete’ do projeto – meio de transporte característico de Cotijuba – estacionou em 8 localidades da Ilha, em parceria com instituições e seus fazedores de cultura, para multiplicar conhecimentos com filmes de temáticas diversas e uma curadoria especial que projetou majoritariamente cineastas paraenses, no intuito de valorizar nossa produção local. As duas primeiras edições do Cine aconteceram no mês de agosto e de lá para cá o projeto circulou pelas comunidades da Pedra Branca e Seringal, além de escolas como a Estadual Professora Marta da Conceição, na Comunidade da Faveira, pela qual passará nesta etapa. Durante as ações também acontecem diversas brincadeiras e rodas de conversas, associado à exibição dos filmes.
“Sou preta, ribeirinha e cheia de orgulho das minhas raízes, estou atuando e ajudando a coordenar este projeto de cine itinerante que leva o Cinema para as comunidades da ilha, e mais do que exibir filmes, com o projeto queremos que as pessoas se vejam e se reconheçam, sentindo a força da nossa cultura ancestral amazônida. Cada projeção é uma troca, onde a gente celebra quem somos e resgatamos nossas tradições da cultura paraense”, afirma Sofia Sabiá, artista de Terreiro, que compõe a programação desta sexta, 06.
Uma das inspirações para iniciar o Cine foi a vontade de homenagear a Cabocla Mariana, uma encantada muito conhecida na região amazônica, que chegou à Amazônia e se ‘ajuremou’, ganhou asas transformando-se em aves, algumas vezes arara outras Jandaya.
No Templo de Umbanda Caboclo Rompe Mato, ela raia há 32 anos na cabeça e no coração da zeladora da casa, conhecida popularmente pela comunidade como mãe Márcia. A Cabocla Mariana reúne crianças, jovens, adultos e os mais antigos neste encontro cultural.
“Sou sacerdotisa da Umbanda neste território cercado por água e cheio de histórias. Como mulher afro-amazônica, carrego com orgulho a força dos meus ancestrais e da natureza ao nosso redor. Com o Cine Jandaya pretendemos compartilhar cultura, fortalecer nossas raízes e criar momentos de união. Cada sessão é mais que Cinema, é um jeito de conectar nossa fé, nossa cultura e nossa comunidade.
Originária da Terra Andirá, do município de Curuçá (PA), Mãe Márcia é Sacerdotisa do Templo de Umbanda Caboclo Rompe Mato, localizado na comunidade da Pedra Branca, na Ilha de Cotijuba. Em sua Casa de Àse, na zona rural da Ilha, propaga os ensinamentos herdados de seus ancestrais e que se somam às práticas atuais de Benzedeira nos territórios insulares de Belém.
Além do trabalho espiritual na Pajelança, é gestora cultural e desenvolve projetos de valorização da Cultura AfroIndígena, principalmente voltados à Saúde Popular, Comida Afro Amazônica e Educação Socioambiental. Seu terreiro desenvolveu o Projeto Capim Santo, selecionado no edital Cidades Amazônicas: Floresta Viva em Movimento (Fundo Dema/ONG Fase), onde pesquisou e catalogou as principais plantas de cura presentes nos quintais de famílias antigas de sua vizinhança (comunidades da Pedra Branca e do Seringal) para elaborar um livro de receitas medicinais.
Desde 2020, é empreendedora e gestora do Mirante da Pedra Branca, espaço cultural localizado em frente ao seu terreiro, onde expande para a rua sua herança baseada na circularidade das rodas de batuque e na comida afroindígena. É também uma das coordenadoras do Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém – MMIB, localizado em Cotijuba, onde atualmente é membro.
SERVIÇO:
“Cine Jandaya e Sarau Cultural na Ilha de Cotijuba”
Data: 06 de dezembro
Local: Espaço do Mirante da Pedra Branca, Estrada do Poção – Ilha de Cotijuba
Início: 19h
Exibição dos filmes:
- Documentário “Dona Mariana: a princesa turca da Amazônia” de Zeca Ligiéro
- Curta metragem de animação “Ewé de Òsányìn: o segredo das folhas” de Pâmela Peregrino
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Contação de história (com Ad Medeiros)
Exposição de Arte “Yèmònjá, de dentro das águas, responde com o bem” (nós de Aruanda pela artista Sabiá);
Cantigas de Encantaria com Maiara Almeida, Mestre Lourival Igarapé, Mestre Nego Ray e Flor de Mururé; Bazar solidário.