ARTE MANUAL

Teatro Waldemar Henrique recebe a oficina-performance do marionetista San Rodrigues

O Teatro Experimental Waldemar Henrique abre suas portas para uma experiência cênica singular: a oficina-performance “Marionetismo Aurora – O Espetáculo.

Teatro Waldemar Henrique recebe a oficina-performance do marionetista San Rodrigues Teatro Waldemar Henrique recebe a oficina-performance do marionetista San Rodrigues Teatro Waldemar Henrique recebe a oficina-performance do marionetista San Rodrigues Teatro Waldemar Henrique recebe a oficina-performance do marionetista San Rodrigues
San Marcelo confecciona sua marionete enquanto o público pode aprender observando e experenciando a poética da arte manual

FOTO: divulgação
San Marcelo confecciona sua marionete enquanto o público pode aprender observando e experenciando a poética da arte manual FOTO: divulgação

O Teatro Experimental Waldemar Henrique abre suas portas para uma experiência cênica singular: a oficina-performance “Marionetismo Aurora – O Espetáculo”, conduzida pelo artista San Rodrigues. Com entrada gratuita, serão nove sessões distribuídas nos dias 08, 09 e 10 de julho, com três apresentações diárias às 10h, 15h e 19h. Não é necessário realizar inscrição prévia e qualquer pessoa a partir dos 14 anos pode participar, especialmente artistas. Basta chegar e mergulhar no universo da construção de marionetes.

Ao longo das sessões, o público assiste, em silêncio e com proximidade, a criação de uma marionete feita à mão em tempo real. O palco se transforma em ateliê e confessionário, onde San Rodrigues conduz sua performance com gestos precisos e memórias intensas, utilizando instrumentos como violino, rabeca e alfaia, entre pausas para exercícios físicos e um café coado numa cafeteira antiga.

San conta que todo o formato é algo novo para ele, completamente experimental. “É uma oficina, mas não convencional. Ela imita o modo antigo dos velhos mestres trabalharem, a relação deles com os aprendizes. Meu pai era um mestre marceneiro, então na marcenaria dele dificilmente a gente conversava, a gente ficava o tempo todo prestando atenção no que ele fazia e era assim que a gente aprendia, olhando meu pai trabalhar”.

“Aurora” faz uma busca por esse modo antigo de lidar com as artes, uma relação manual, como define o artista. “O nome ‘aurora’ remete ao começo de tudo, que era essa relação das mãos diretamente com o objeto. Essa relação onde tudo começou: mão, objeto, ferramenta, construção. A aurora de tudo que existe, tudo que a humanidade produziu nasceu desse princípio, dessa relação nossa, da humanidade com o fazer manual”.

O cenário montado no Teatro Waldemar Henrique também colabora para essa volta ao jeito antigo de captar saberes. “É muito próximo do lugar onde trabalho, os quadros na parede, esses desenhos são chamados de ‘memória’. É como uma anotação para quando eu quiser fazer de novo aquele boneco, a memória me ajuda a reproduzir; então tem várias memórias espalhadas pela parede, algumas ferramentas, e é assim que é o meu ateliê”, descreve.

Sempre aberto a compartilhar a feitura dos bonecos, San considera que há muita poética nesta construção. “É um processo muito bonito, é como se a marionete trouxesse uma história. A marionete, quando vai nascendo, traz essa história e você está sozinho no ateliê, você às vezes fica falando sozinho. E tem uma coisa muito interessante nesse processo, no meu caso, enquanto vou fazendo a marionete, a música dela vai surgindo”.

Quem for assistir à oficina-performance poderá observar as duas construções, da marionete e da música que sustenta a história dela. “Eu não tenho controle de qual história vai surgir, não tenho um roteiro pronto para essa performance. A gente montou o cenário e vou chegar aqui [no teatro] como faço toda manhã, vou fazer meus exercícios com o violino, meus estudos, exercícios físicos para me aquecer e começar a trabalhar, ficar focado nisso. Em alguns momentos eu vou interagir talvez, não sei o que vai acontecer”, acredita San.

O objetivo é construir a marionete completa ao longo dos três dias e suas nove sessões. “É interessante que é a partir daqui, do Teatro Waldemar Henrique, que a oficina-performance vai começar a se fechar, como obra artística. E o mais engraçado é que não estou apreensivo. Nesse momento, sinto como se eu fosse chegar lá e trabalhar, estou bem tranquilo e é bem legal isso”, conta.