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Tarde de Choro: Homenagem ao Multi-instrumentista Gilson Rodrigues

Aprogramação traz ao ambiente acadêmico nomes destacados da música paraense como Gilson Rodrigues FOTO: SÉRGIO MALCHER/DIVULGAÇÃO
Aprogramação traz ao ambiente acadêmico nomes destacados da música paraense como Gilson Rodrigues FOTO: SÉRGIO MALCHER/DIVULGAÇÃO

Com o objetivo de valorizar as raízes da música popular brasileira, o Instituto Estadual Carlos Gomes e a Fundação Carlos Gomes promovem hoje, 8, às 16h, a Roda de Choro no Jardim, que tem o objetivo de proporcionar a interação entre os saberes tradicionais do choro e o conhecimento produzido pela comunidade acadêmica da instituição. Com entrada gratuita, a roda irá homenagear o mestre Gilson Rodrigues, músico e fundador da Casa do Gilson, que virou reduto dos “chorões” de Belém. Ele também participará da apresentação no jardim do instituto.

“A escolha do mestre Gilson Rodrigues é de suma importância para nossa instituição, porque falei muito na minha disciplina, da Casa do Gilson. Ele é um dos fundadores desse processo do choro aqui no Pará, desde a casa de Ademir Ferreira, que foi o primeiro espaço que os chorões começaram a ocupar aqui em Belém. E depois na sua própria casa, onde Gilson construiu um recanto de tão grande renome no choro paraense, onde todos os chorões do Brasil e do mundo vão quando estão em Belém. Ele fez da própria casa um lar para o choro, para os chorões e fez um bar, que é Bar do Gilson, que na verdade não é um bar, é uma casa, a própria casa onde ele mora e que na verdade se tornou um espaço cultural da cidade muito importante no cenário nacional, inclusive. O Gilson traz com ele toda a linguagem do choro, é um multi-instrumentista desse gênero. Ele precisava, sem dúvida, estar nos holofotes desse projeto”, diz a musicista Jade Guilhon, professora do Instituto Estadual Carlos Gomes.

A roda de choro tem a proposta de reunir alunos e mestres para agregar e unificar os saberes sobre o primeiro gênero musical da música urbana brasileira. “O projeto ‘Choro no Jardim’ é a culminância de outras rodas que ocorreram desde que entrei na instituição. Ano passado nós estabelecemos as rodas de choro dentro do cenário acadêmico, a partir do projeto ‘Música no Jardim’, que era coordenado pelo professor Silvinho, e um braço dele eram as rodas de choro, que eu fazia toda primeira terça do mês”, contou a professora, que foi responsável por criar uma disciplina sobre choro, desejo que ela tinha desde quando entrou na instituição.

“Via a necessidade de inserir a música brasileira, a música feita por nós. O choro é a primeira música romana brasileira. Então, vi essa necessidade de inserir no currículo por motivos decoloniais, pelo motivo do que o aluno precisa conhecer a sua música, conhecer a música que é tocada na sua cidade. O choro tem uma tradição muito forte aqui também. Inserimos no currículo do bacharelado em música e eu ministrava essa disciplina. Esse ano decidi fazer um braço dela além, que é o projeto ‘Choro no Jardim’, que são essas rodas de choro que estão acontecendo toda primeira quarta-feira do mês”, acrescentou ela, que aproveitou a ideia para que os alunos conhecessem os mestres que fazem essa música aqui, levando-os para dentro da instituição.

“Todo mês a gente faz uma homenagem para alguém. E esse mestre é convidado a participar da nossa roda, dessa forma os alunos podem tocar com eles, assisti-los e aprenderem, sem dúvida, muito com seus saberes”, pontuou ela.

O projeto acontece toda primeira quarta-feira do mês, com exceção de junho, quando outra programação ocorrerá na instituição. E Jade avisa: é uma roda aberta, livre, participa quem quiser, de alunos iniciantes a alunos profissionais, e a comunidade em geral. “As pessoas que estão passando na porta, que estiverem com seu instrumento e quiserem tocar, pessoas que estão a fim de assistir um choro, enfim é aberto ao público, é aberto a todos, inclusive para tocarem”, disse a professora.

Jade lembra que o sistema de roda é diferente de show, por isso não tem um repertório previamente definido. “As pessoas, os solistas vão chegando e vão decidindo as músicas que sabem tocar e querem tocar na roda, e assim fazendo uma grande confraria”, adiantou Jade.

O projeto musical é extremamente importante para que os estudantes tenham a oportunidade de conviver com os músicos com experiência no choro, pois eles têm a tradição oral e muitas vezes a música deste gênero não é repassada em forma de partitura. “Para os alunos é maravilhoso, porque eles não só têm a oportunidade de viver a linguagem como ela realmente é, porque o choro é uma linguagem iminentemente oral, apesar de que pode até ter uma partitura. A linguagem, os caqueados, a forma de tocar ou sotaque do gênero, tudo isso tem a ver com o que a gente ouve. Então, o choro é sobre ouvir para repetir. E é isso que a gente está fazendo com o ‘Chora no Jardim’, trazendo esses mestres para dentro da instituição e fazendo essa grande mistura de saberes acadêmico e oral”, finalizou Jade.

ACOMPANHE

Roda de Choro no Jardim – Homenagem a Gilson Rodrigues

Quando: Hoje, 8, às 16h.

Onde: Instituto Carlos Gomes (Av. Gentil Bittencourt, 977, Nazaré)

Quanto: Gratuito