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Seminário vai discutir cultura no contexto amazônico

Serão dois dias no Teatro Gasômetro, com transmissão on-line, e a participação de mestres e mestras de todo Pará.

Seminário vai discutir cultura no contexto amazônico

Produtores culturais, fazedores de cultura e demais interessados podem participar do Seminário “Amazonidade, Transversalidade e Relevância Cultural”. O evento acontecerá nos dias 8 e 9, no Teatro Gasômetro, em Belém, e no formato on-line pela plataforma Zoom. Além disso, dos debates, a programação incluirá diversas atividades culturais. Para a abertura, às 14h, está prevista a apresentação do Boi Marronzinho, da Terra Firme. No final do mesmo dia, haverá a participação do grupo Carimbó Bico de Arara, de São Caetano de Odivelas. Por fim, no domingo, 9, haverá roda de capoeira com o grupo Maery.

Elane Gadelha, que atua como secretária executiva do Conselho Estadual de Cultura e diretora de pesquisa, experimentação e promoção cultural, está na organização do evento. Ela informa que o seminário é uma proposição do conselho, enquanto órgão fiscalizador, propositivo e deliberativo, com representação tanto do poder público quanto da sociedade civil.

“O seminário é uma demanda do Conselho, dada a dificuldade que a gente tem, principalmente quando se trata de leis de incentivo e fomento à cultura.

“A proposta é que os pareceristas sejam do próprio estado, pois, quando vêm de fora da região amazônica, não compreendem nossas amazonidades, ou seja, nossas complexidades”.

“A gente vive num estado continental, de difícil acesso e que ainda tem uma das maiores exclusões digitais do país. “Então, aquilo que é considerado praticável no Sul, no Sudeste ou no Centro-Oeste torna-se muito mais difícil de realizar para nós aqui”, aponta Elane Gadelha.

Seminário vai propor documento com parâmetros para avaliação de projetos culturais

O seminário contempla discussões e propõe desdobramentos no decorrer das atividades. “Ele surge com a necessidade de elaborar um documento que seja uma luz nesses processos de captação de recursos. E principalmente no entendimento de que a cultura amazônica é uma cultura diversa, que os fazeres culturais da Amazônia são complexos, dado toda a dimensão do que a gente tem.”

Elane lembra que às vezes mestres e mestras não têm o saber acadêmico. “Mas apenas eles sabem qual é o melhor barro para fazer a cerâmica, apenas eles compreendem melhor seu ciclo, seu fluxo e suas determinações relacionadas”, exemplifica.

Tal documento citado pela secretária executiva será um documento orientador com as perspectivas de saberes populares, para apoiar pareceristas que atuarão na análise de projetos culturais em busca de aprovação na lei de incentivo estadual. Dessa forma, a intenção é ampliar a representatividade nas ações apoiadas.

“Ele traz a visão dos mestres e mestras da cultura popular, dos fazedores de cultura das Amazônias como um todo, para que as análises de projetos sejam mais justas e acessíveis, especialmente quando propostas por um mestre em uma região remota do estado ou por comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas ou extrativistas. O objetivo é elaborar um documento que ilumine os processos de análise dos projetos concebidos e executados na região amazônica”, afirma Elane Gadelha.

Debates buscam representatividade cultural

A primeira mesa do seminário, que ocorre no dia 8, contará com a participação do professor Doutor Gilson Penalva, da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifespa). Ele trata da dificuldade de conceituação da cultura amazônica. Outra integrante da mesa é a professora Zélia Amador de Deus, da Universidade Federal do Pará (UFPA), militante histórica dos direitos da população negra no Pará e pesquisadora no campo da cultura negra. Comporá a mesa, ainda, a conselheira indígena Kauacy Wajãpi, titular da Setorial Culturas Indígenas. O debate terá mediação de Deia Palheta, conselheira titular de Pontos e Pontões de Cultura.

Na sequência, a mesa “Vivências e Pertencimento” traz a participação de mestras e mestres da cultura popular de Marabá, Itaituba, Santarém, e o cacique Dilson Tembé, além de pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), e de pessoas que têm atuação em determinado segmento e vivência de produção.

Inscrições ainda estão abertas para participação on-line

A capacidade de lotação do espaço é de até 400 lugares, já preenchidos. Mas há vagas para inscrições on-line “Como as vagas já esgotaram presencialmente, teremos uma sala aberta na plataforma Zoom para até mil pessoas e já temos mais de 700 inscritos. Dentre eles, um número grandioso de mestres, acadêmicos, doutores acadêmicos, graduados, pós-graduados, além de um público de ensino médio também. Então, é um público geral e interessados, amantes da cultura de modo geral”.

O desdobramento vai se dar no domingo, com os grupos de trabalho que vão tratar dos 19 diferentes segmentos culturais previstos no programa. Entre eles, teatro, dança, circo, música, leitura, e outros.

“Dada a dificuldade de tratar especificamente dos segmentos, temos eixos estruturantes dentro do seminário. Cada eixo vai trabalhar as suas peculiaridades. Então, no domingo, especificamente, a partir do que a gente elaborou nas mesas e desses grupos de trabalho, dentro de cada um desses eixos, após o seminário no domingo, o grupo de conselheiros irá sentar e sistematizar tudo isso. Isso vai gerar um e-book a partir daí. Ele vai ter uma catalogação de periódico e ficará à disposição no site da Secult e no próprio Mapa Cultural. Isto para que seja esse documento orientador que vai servir para os fazedores, mestres e mestras. E, principalmente, para os pareceristas, para terem um entendimento maior das complexidades do fazer cultural na Amazônia”, explica Elane Gadelha.