Canções de seu primeiro álbum solo, “Rosa”, como o primeiro single lançado, “Segue o Jogo”, e composições próprias que foram sendo lançadas durante os últimos 30 anos, enquanto esteve à frente do vocal do Skank, estão na playlist da turnê “Samuel Rosa Tour”, do cantor Samuel Rosa, 57, que se apresenta hoje, 13, em Belém, na Assembleia Paraense, a partir das 21h.
Depois de tantos anos tocando de forma assídua com o grupo, ao invés de um hiato ou um ano sabático após o fim do grupo, Samuel optou por seguir na estrada com sua banda, para criar essa conexão e química que tem hoje. O cantor bateu um papo com o Caderno Você sobre o novo show, a expectativa para tocar em Belém nesse novo momento da carreira, e sobre o novo trabalho, “Rosa”. Confira:
Expectativa para o show em Belém
“Belém é uma praça muito importante da minha trajetória com o Skank. Fizemos vários shows importantes aí, inclusive o show de despedida. Foi maravilhoso, e agora chego com este trabalho novo, que contempla essas músicas que o povo está acostumado, todo mundo está acostumado a cantar, ouvindo na minha voz, como também algum material inédito. Por conta do lançamento desse disco novo, meu primeiro disco solo, ‘Rosa’. Vamos tocar algumas coisas do disco novo e vou fazer algumas versões no show que tenho feito, músicas que gravei com outros artistas e que agora estou trazendo para o show. Expectativa é a melhor possível, o público de Belém sempre me tratou com muito carinho, me acolheu em todas às vezes que estive aí. Então, acho que vai ser uma grande noite para todo mundo sair feliz”.
Repertório híbrido
“O show não se resume exclusivamente ao disco. Tocamos coisas do álbum novo, mas também músicas minhas que todo mundo conhece. Esse show é, na verdade, um show de estreia da minha nova turnê, ele não se redunda somente ao disco, ele contempla outras coisas e por mais paradoxal que possa parecer, se trata de um artista novo. Como carreira solo não fiz lá tantas coisas, fiz algumas participações, um trabalho de trilha sonora para o grupo Corpo, fiz um disco do Lô Borges, que é meu parceiro… mas é o lançamento da turnê, vamos encarar assim, e que contempla também músicas do álbum ‘Rosa’”.
Processo criativo
“O trabalho começou a ser feito ainda no ano passado. A banda fez alguns shows e ali a gente foi ajeitando o som, criando uma identidade para, no início desse ano, a gente compor. Compus as músicas do disco e gravamos logo na sequência. Foi um trabalho até relativamente tranquilo para uma banda que estava entrando em estúdio pela primeira vez, o entrosamento está incrível, está saindo melhor do que esperava”.
Canções mais conhecidas
“Muitas das composições, as pessoas conhecem bem e não ousaria desprezá-las. Pelo contrário, tenho tocado, defendido aí muitas músicas. Distribuí um repertório mais ou menos igual, cobrindo várias partes da minha carreira. E a banda é imponente, relativamente grande, com metais, bateria, baixo, e guitarra, além de mim. São oito pessoas no palco, nós cinco, mais os três metais”.
Imersão no trabalho novo
“Estou muito satisfeito com o que tem acontecido agora com o trabalho. Passamos um ano com a turnê de despedida do Skank, que culminou no show no Mineirão para 60 mil pessoas. Depois disso, entrei numa imersão no meu trabalho novo, com essa banda. Trabalho novo não quer dizer somente músicas inéditas, mas também como essa banda iria tocar as músicas que fiz ao longo dos anos, que tocava com o Skank, as versões que estou fazendo. Então, é um trabalho que está em construção e, é óbvio, a gente tende a cada vez ir melhorando, ajeitando melhor. O legal é que Belém já pega agora no nosso segundo mês de lançamento. A gente já fez algumas praças: Rio, São Paulo, Belo Horizonte, tocamos em alguns festivais pelo interior do Brasil, então, já pega a banda um pouco mais familiarizada com seu repertório. Estamos evitando fazer o mesmo repertório sempre, mas a espinha dorsal do set list é a mesma, tem músicas que são obrigatórias, não dá pra ficar sem tocar.”
Escolha da carreira solo
“Acho que ainda tem muita coisa para acontecer com o disco, com a carreira, mas tenho indícios maravilhosos, estou gostando muito da experiência. Acho que teria essa dívida comigo mesmo, caso chegasse no final da minha vida e não tentasse um período de passar por um processo de caminhar sozinho, um álbum, uma carreira solo, tomando eu mesmo as decisões, respondendo por elas. Acho que tenho esse compromisso, essa dívida comigo mesmo, e agora estou podendo colocar em prática. E estou muito satisfeito, porque a mudança é sempre ameaçadora, ela implica em riscos, mas muitas vezes é muito saudável, principalmente para quem está já no mesmo barco tantos anos como fiquei.”
“Teria essa dívida comigo mesmo, caso chegasse no final da minha vida e não tentasse um período de passar por um processo de caminhar sozinho, um álbum, uma carreira solo, tomando eu mesmo as decisões.”
O Skank
“O Skank não é novidade para ninguém. Quem nos acompanha sabe que nós ficamos mais de 30 anos juntos, quebramos um recorde. Talvez a gente e os Paralamas sejamos as bandas mais longevas com a mesma formação. Não teve nenhum período de ostracismo, sempre na ativa, lançando disco, fazendo shows. Acho que foi um ciclo que se cumpriu e agora cada um se experimenta em carreira solo. Estou me divertindo muito, tem indícios de que vai ser uma ótima viagem, assim como foi com o Skank”.
Sonoridade nova
“Acho que em alguns momentos na carreira do Skank a gente seguiu compondo, produzindo, segundo algumas estéticas. Você tem ali o dance hall, o reggae abrasileirado, o rock latino da segunda metade da década de 1990, e aí uma transição depois para músicas mais de violão, como é o caso de ‘Reposta’, ‘Dois rios’ com piano, remetem um pouco ali ao Clube da Esquina, psicodelia brasileira, Beatles, etc, referências que eram muito explícitas. Nesse álbum, acho que a referência foi eu mesmo, um disco autorreferente. Simplesmente me exerci, dei um prolongamento àquilo que fui a vida inteira. Durante o processo do Skank, fui o principal compositor e compus de várias maneiras”.
Experiências até “Rosa”
“Não sei se caberia agora ou se conseguiria chegar com algo totalmente inédito, que não remetesse a nada, não tivesse nenhum parentesco com aquilo que já fiz. Fiz durante muito tempo e muitas coisas, dentro, obviamente desse aspecto do pop rock brasileiro, música brasileira. Entrei no estúdio e falei ‘deixa sair o que vier, que tiver que vir’. Acho que tem ali algumas músicas que me lembram mais de imediato coisas que fiz anteriormente, outras já têm um frescor maior. Mas tudo tem uma assinatura inédita, dessa banda, dessa nova fase também como pessoa. Sou uma outra pessoa agora, afinal passaram-se dez anos desde o último trabalho de composição de álbum cheio como esse, com dez músicas inéditas. Obviamente vieram todas as modificações, as experiências de vida e isso somou, foi combinado para gerar, arredondar o que é esse trabalho do ‘Rosa’ agora”.