O samba paraense perdeu no último sábado, 29, a voz e o talento da cantora paraense Karen Tavares. A artista, que tinha 37 anos, foi diagnosticada com Leucemia Mieloide Aguda e passava por um tratamento diário de quimioterapia, em um hospital particular de Belém, onde estava internada desde que descobriu a doença.
Amigos e familiares de Karen chegaram a se mobilizar nas redes sociais para conseguir doações voluntárias de sangue e medula óssea para a cantora.
Denominada Leucemia Promielocítica Aguda – LPA, a doença foi descoberta a partir de complicações odontológicas. Segundo o companheiro da cantora, o fotógrafo Marcelo Lelis, a dentista receitou antibióticos que não surtiram mais efeito.
“Foi quando procuramos a emergência e onde foi pedido um hemograma que detectou uma elevação de leucócitos. A médica decidiu internar para investigar a tipagem da leucemia e iniciar o tratamento em seguida”, detalha Lelis, que está focado no acolhimento da artista, sendo seu acompanhante no hospital.
Feita essa identificação, Karen entrou com tratamento quimioterápico e estava reagindo bem. “Ela já teve um linfoma há 15 anos e teve que cortar os cabelos. Desta vez, ela sabendo das consequências da quimioterapia, já cortou os cabelos e doou para os escalpelados na Santa Casa”, comentou dias atrás.
O velório de Karen ocorreu em uma capela mortuária localizada na travessa Lomas Valentina, no bairro do Marco, e foi acompanhada por muitos amigos e familiares. Houve a presença de vários cantores locais, que tocaram sambas clássicos para homenagear a artista. O sepultamento ocorreu neste domingo, 30.
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A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), emitiu uma nota de pesar pela cantora, que também era atuante servidora na área de saúde do município.
Karen Tavares foi servidora de carreira da Sesma e grande defensora do Sistema Único de Saúde (SUS) e, ao longo de toda a sua trajetória, ajudou a salvar muitas vidas. Segundo a Sesma, ela ajudou a implementar os programas Melhor em Casa, serviço de assistência domiciliar, e a Oxigenoterapia Domiciliar, programas reconhecidos na rede de saúde, pela sua efetividade no cuidado aos pacientes.
Atualmente, Karen fazia parte do núcleo de promoção à Saúde, do qual era coordenadora de humanização, e atuava na rede inteira, implantando câmaras técnicas de humanização, organizando a política de saúde no município, para que todos os trabalhadores e usuários fossem acolhidos com dignidade.
Karen Tavares compôs, também, o grupo de trabalho de construção da política municipal de saúde da população LgbTi+ e foi uma servidora importante na criação no núcleo de arte e saúde da Sesma, além de representar a secretaria junto à ONU Mulheres, em um projeto que desenvolve a política municipal do cuidado. Karen Tavares deixa uma filha de 10 anos.
O cantor Arthur Espíndola, que também tem um ótimo trabalho na cena musical paraense, homenageou a artista com uma postagem em suas redes sociais.
“Ao longo de mais ou menos 12/13 anos amizade estivemos juntos em muuuitos projetos e muitos palcos e muitas farras e cantorias. Até um pouco mais de um mês estávamos juntos na @cervejariacaboca , onde ela era artista quase que residente no horário das 16h na maioria dos sábados. No último fim de semana de junho recebi uma mensagem dizendo que ela não faria julho na Cabôca, mas voltaria em agosto. Não voltou. Vou sentir muita falta e saudade, mas em paz, na certeza de que está bem e que foi chamada pra seleção dos anjos de luz para outros trabalhos muito importantes onde precisam de almas leves e lindas como a dela. Vai encantar em outros planos e aqui permanecerá nos encantando com os registros que temos e também com o álbum lindo (que até ganhou o @premioamazoniademusica ) que deixou pra gente se deleitar e matar a saudade sempre que der. Certeza que sua passagem foi linda e iluminada, como merecia”, escreveu o cantor.
