Texto: Aline Rodrigues
Monte Alegre, no Pará, tem um dos sítios arqueológicos e de arte rupestre mais ricos do país, com mais de 12 mil anos, mas ainda pouco acessado pelo público.
Para proporcionar a experiência não só de entrar em contato com esse local, registro mais antigo da presença humana na Amazônia, mas também visualizar o que era viver neste período longínquo da humanidade, abre nesta quarta-feira, 19, às 9h, a exposição “Arte Rupestre Amazônica e Realidade Virtual”.
A mostra será montada no Centro de Exposições Eduardo Galvão, no Parque Zoobotânico do Museu Emílio Goeldi (Av. Magalhães Barata – São Brás), e ficará aberta à visitação até 2023, nos horários de funcionamento do parque.
“Como existe a impossibilidade de mover as pinturas rupestres dos locais onde estão pintadas, geralmente locais remotos e de difícil acesso, encontramos na realidade virtual uma maneira inovadora de levar o visitante até esses locais. Além disso, ao unirmos a arte rupestre, a mais antiga forma de expressão artística humana conhecida, com a realidade virtual, estamos juntando o passado e o que existe de mais moderno em termos de suporte para essa arte”, explica Adriano Espínola Filho, antropólogo, videomaker e
curador da exposição.
REALIDADE AUMENTADA LEVA VISITANTES PARA DENTRO DA HISTÓRIA
Além disso, com um tablet, os visitantes vão poder navegar por um mapa que apresenta, por meio da realidade aumentada, os movimentos migratórios que levaram à ocupação das Américas.
“Nele é possível conhecer as teorias que explicam a nossa chegada no continente, desde a África até aqui. Dessa forma, o público pode tomar conhecimento dessas teorias de forma lúdica e divertida”, destaca Adriano.
Dois minidocumentários também fazem parte da mostra. Um deles sobre as pinturas rupestres de Monte Alegre, com a professora Edithe Pereira, arqueóloga e umas das consultoras científicas da exposição.
O outro aborda as teorias da chegada do ser humano ao continente americano, com participação dos arqueólogos Walter Neves, Niède Guidon, Eric Boëda e Claide de Paula Morais. Também fazem parte da mostra fotos das pinturas rupestres de Monte Alegre.
Para o curador, aliar a arte rupestre à realidade virtual gerou resultados muito positivos. “Ao criarmos um cenário de 12 mil anos atrás, com direito a uma interação com os habitantes do período [utilizando óculos de realidade virtual], o visitante pode não só viajar no espaço, mas também no tempo”.
MOSTRA AJUDA A DIVULGAR SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NA AMAZÔNIA
Para Edithe Pereira, outro aspecto interessante é poder explicar o que é arte rupestre e seus exemplos existentes na Amazônia, algo que poucas pessoas sabem.
“E essa experiência é muito atrativa, principalmente para o público mais jovem, que já tem essa ligação com as questões tecnológicas, isso é bem interessante, poder visitar virtualmente uma caverna com arte rupestre”, completa a arqueóloga, que atuou junto com a também arqueóloga Claide Moraes, da Universidade Federal do Oeste
do Pará (Ufopa), na consultoria científica para a exposição.
Para a produção das imagens, a equipe visitou cinco sítios do Parque Estadual de Monte Alegre, no final de agosto de 2019.
Na abertura da exposição, nesta quarta, Edithe realiza a palestra “Arte Rupestre Amazônica e Monte Alegre”, às 9h, onde detalha a origem do que o público irá visitar. Logo após haverá uma breve solenidade e visita com a presença do curador da exposição, Adriano Espínola Filho. A mostra permanece aberta até 2023 e tem entrada gratuita, mas para acessar o Parque Zoobotânico do Museu Emilio Goeldi, o ingresso custa R$ 3 (com direito a meia-entrada e devidas gratuidades reservadas por lei)