
Voz, violão e poesia dialogam no novo trabalho do cantor e compositor carioca Rubel, que lança “Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?”, seu quarto álbum de estúdio, disponível nas plataformas digitais.
Neste novo projeto, amor, espiritualidade e o medo da morte são alguns dos temas que revelam a essência do artista, em um tom quase confessional.
Entre inéditas e homenagens musicais
Com nove faixas no total — sendo sete composições autorais inéditas — Rubel presenteia o público com uma versão em português de uma música do mexicano El David Aguilar, além de uma regravação de uma canção do Radiohead.
Além disso, o álbum é acompanhado de um filme de aproximadamente seis minutos, dirigido por Larissa Zaidan, conhecida por trabalhos com nomes como Mano Brown. No audiovisual, Rubel aparece como um observador silencioso, enquanto três núcleos de personagens têm suas histórias entrelaçadas pelas coincidências da vida.
Conexão com o público de Belém
Em entrevista ao Você, Rubel revelou detalhes sobre o álbum e comentou sobre o carinho pelo público de Belém, cidade para a qual pretende retornar em breve.
“Amo muito tocar em Belém. Tive shows incríveis na cidade, acho que é um dos públicos mais calorosos que tem no Brasil e até no mundo”, afirmou.
Transparência e autenticidade
Segundo Rubel, o novo disco mostra um lado seu extremamente transparente e natural:
“Se a minha música ressoa nas pessoas, acho que tem a ver com a verdade transmitida. […] Quanto mais fundo você vai em você mesmo, mais você alcança os outros.”
A proposta do álbum é mergulhar o ouvinte em reflexões profundas e pessoais — temas universais como amor, morte e existência permeiam toda a obra.
Um título que instiga
O título “Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?” funciona como uma provocação aberta. Rubel explica que a ideia é justamente permitir que cada ouvinte crie seu próprio contexto:
“A graça é exatamente essa: a pessoa que escutar esse título vai criar imediatamente um próprio contexto possível para ela mesma.”
Um retorno às raízes com novos elementos
Rubel considera o disco um retorno às suas origens musicais, especialmente aos trabalhos de 2013 a 2018 — como os álbuns Pearl e Casas — marcados por canções introspectivas e estruturadas no violão.
No entanto, o artista também enxerga o novo trabalho como uma evolução:
“É uma busca por novos lugares […], uma harmonia mais sofisticada, temas mais maduros.”
A produção foi feita em casa pelo próprio Rubel, com colaborações pontuais: Antonio Guerra nos pianos, Henrique Albino nos arranjos orquestrais e Arthur Verocai na última faixa.
Violão intimista como extensão do corpo
De forma quase inconsciente, Rubel se viu guiado de volta ao violão — instrumento que, segundo ele, é como uma extensão do próprio corpo:
“Foi uma coisa que eu aceitei e que me pareceu um caminho natural e correto para esse momento da minha vida.”
Depois de um álbum experimental em 2023, o cantor optou por retornar ao seu “lugar conhecido”, mas sem deixar de inovar.
O processo criativo: do inconsciente à canção
As canções do novo álbum surgiram em um curto período de quatro meses. Inicialmente vieram as melodias e harmonias, sem letras. Só no fim de 2023 é que Rubel decidiu parar, ouvir, refletir e escrever as letras de uma só vez:
“Escolhi aceitar o mistério, o acaso e o imprevisível. […] Foi muito legal esse processo, porque eu nunca tinha feito dessa forma, quase como se fosse um livro.”
A faixa “Ouro”: composição como catarse
Entre as músicas autorais, Rubel destaca “Ouro” como uma das suas favoritas:
“É uma letra feliz, estranha, mas pop. […] Quase sempre que componho uma coisa que é boa, eu choro muito, porque sinto que consegui exprimir uma parte de mim verdadeira.”
Autoconhecimento como chave da criação
Por fim, Rubel reflete sobre o verdadeiro sentido de compor:
“Acho que o que mais faz sentido é essa sensação de se entender, se encontrar e ter uma expressão genuína de você no mundo. […] Essa é a parte mais bonita do processo inteiro.”