WAL SARGES
O grupo Rio Amazonas é o campeão do 5º Festival Encontro das Águas, que ocorreu neste fim de semana, na cidade de Porto de Moz, no oeste paraense. O vencedor, que foi conhecido ontem, após a apuração, defendeu o enredo “Romaria das Águas: Fé, Cultura e Tradição”, mostrando a sabedoria do homem e da mulher amazônida. Já o rival, o grupo Rio Xingu, contou a origem dos caboclos daquela região, cuja ancestralidade vem dos povos indígenas.
O Encontro das Águas é um evento amazônico folclórico, que surgiu como uma iniciativa para que a região expressasse sua identidade cultural e para movimentar o turismo local. Papel que o festival vem cumprindo, movimentando a economia da cidade, que fica em frente à maior reserva extrativista do mundo, a Verde para Sempre, com 1,3 milhão de hectares.
O festival ocorre a partir da competição entre dois grupos, o Rio Amazonas e o Rio Xingu. Ambos fazem referência aos rios da região.
“O Rio Amazonas passa por dentro da reserva e se encontra com o Rio Xingu, que passa em frente à cidade, quando ocorre o espetáculo do encontro das águas, mas que não se misturam. Dessa inspiração, vem a disputa entre os dois grupos folclóricos. A ideia é fazer a exaltação da história, dos contos e das lendas locais através de um espetáculo cênico e coreográfico na Arena das Águas”, conta o produtor cultural Leafar Rafael.
PARINTINS COMO INSPIRAÇÃO
O espetáculo é dividido em duas noites, sempre num final de semana de julho. “Cada grupo tem uma hora e quarenta e cinco minutos por noite para apresentar a sua história. A criação do festival foi muito inspirada no festival de Parintins, com dança e música em uma estrutura cenográfica muito grande, com módulos e carros alegóricos”, explica o produtor.
Essas alegorias medem de 20 a 30 metros de altura e possuem movimento. Boa parte dos artistas que trabalham na confecção delas são de Parintins e se mudam para a cidade, onde passam de 15 a 20 dias preparando-as para o festival. Dessas cinco edições, quatro delas o Rio Amazonas venceu, conquistando este ano o sonhado tetracampeonato.
A historiadora, pesquisadora do grupo Rio Amazonas e membro da diretoria, Mariceli Machado, comentou a importância do tema proposto pelo grupo este ano.
“Um evento desse tem uma relevância muito grande para a comunidade portomosense porque os dois grupos estão resgatando a nossa história, a nossa cultura e nossa identidade, que parecia perdida. Levamos para a arena todo esse legado cultural e histórico e o potencial que Porto de Moz tem, através da figura do ribeirinho, pois são eles, os pescadores, que trazem toda essa herança”, comenta.