Morreu hoje, aos 71 anos, o Mestre Damasceno, figura emblemática da cultura popular do Marajó e símbolo de resistência cultural no Norte do Brasil. Conhecido por sua dedicação à preservação e renovação das tradições marajoaras, Damasceno construiu uma trajetória marcada por importantes iniciativas artísticas e culturais que deixaram um legado profundo para o Pará e para o país.
Aos 19 anos, Damasceno perdeu a visão em um acidente de trabalho, mas reinventou sua vida por meio da arte, tornando-se referência no carimbó, nas toadas, na poesia oral e na criação do Búfalo-Bumbá de Salvaterra — uma manifestação junina que mescla teatro popular, cultura quilombola e elementos da natureza amazônica.
Em 2012, oficializou o Búfalo-Bumbá, espetáculo que une o auto do boi com a identidade quilombola e marajoara, sendo responsável pelos roteiros, figurinos e direção. Fundou também, em 2013, o Conjunto de Carimbó Nativos Marajoara, grupo que já lançou quatro álbuns e é reconhecido pelo autêntico carimbó pau e corda do Marajó.
Entre suas criações recentes, destacam-se o Cortejo Carimbúfalo e o Festival de Boi-Bumbá de Salvaterra, evento que reúne grupos quilombolas e amplia o alcance da cultura tradicional da região.
Com mais de 400 composições autorais e seis álbuns gravados, Mestre Damasceno foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, maior honraria da cultura brasileira, entregue pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2025.
Sua arte e luta cultural foram celebradas na 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que aconteceu em agosto de 2025, reafirmando sua importância para a história e a identidade cultural do Pará e do Brasil.