
No mês passado, numa reportagem da revista British GQ, a atriz americana Mikey Madison disse: “Muita gente não sabe quem eu sou.” Isso pode ter sido verdade até o último domingo. Depois da 97ª edição do Oscar, o nome dela agora corre o mundo. A jovem protagonista de “Anora” desbancou, na categoria de melhor atriz, a veterana de Hollywood Demi Moore (de “A substância”) e a sensação do Brasil Fernanda Torres (de “Ainda estou aqui”).
Aos 25 anos, Mikey, nome artístico de Mikaela, derrotou mulheres de 62 (Demi) e 59 (Fernanda) – sem falar em outra de 52 (Karla Sofía Gascón, de “Emilia Pérez”) e de 38 (Cynthia Erivo, de “Wicked. Com a vitória, ela é a 47ª mulher com menos de 30 anos a ganhar um Oscar de atuação. Só cinco homens – incluindo Adrien Brody, que levou a primeira estatueta aos 29 por “O pianista” (2002), e a segunda agora, por “O brutalista”, aos 51 – conseguiram tal façanha. Estariam os números indicando que mulheres mais velhas têm menos chances de terem seu talento reconhecido?
Fato é que competência não falta a Mikey. A atuação em “Anora” – no filme, ela interpreta uma profissional do sexo que se casa com um jovem magnata russo e, quando os pais dele descobrem, ela vê no que se meteu – ganhou tração nas últimas semanas. Mikey levou para casa o Bafta, principal prêmio do Reino Unido, e o Independent Spirit Awards.
Filha de dois psicólogos, Mikey Madison nasceu em Los Angeles, em 1999, com um irmão gêmeo. Cinéfila, cujo filme favorito é o francês “Possessão” (1981), começou a carreira ainda adolescente, em 2013, em curtas. Seu primeiro longa foi “Liza Liza: skies are grey”, um filme adolescente que se passa nos anos 1960, exibido em 2015.
No ano seguinte, entrou para o elenco da série “Better things”, onde ficou até 2022, e, aí sim, ganhou projeção no meio artístico. Em 2019, Quentin Tarantino a escalou para “Era uma vez em… Hollywood” (aliás, Sean Baker, diretor de “Anora”, agradeceu ao cineasta por isso no palco do Oscar). Quentin, se você não tivesse escalado Mikey, não haveria ‘Anora'”, disse. Isso porque Baker sempre falou que o papel principal do filme – premiado como o melhor de 2025 – foi escrito com Mikey em mente. Foi a primeira vez que ela participou de uma produção sem precisar passar por testes.
Em 2022, a jovem participou do filme “Pânico” e, em 2024, da série “A mulher do lago”, com Natalie Portman, na Apple TV+.
Depois de receber sua estatueta dourada, Mikey prometeu fincar os pés no chão. “Tenho pensado muito sobre o futuro e também sobre o passado”, disse ela após ser premiada. “E tenho tentado ficar presente o máximo possível diante de tudo isso. Não sei o que vai acontecer no futuro. Sei que hoje à noite vou para casa, cuidar dos meus bichos de estimação e limpar a bagunça deles, o que vai me trazer de volta à realidade”, disse a jovem, que não tem perfil público em nenhuma rede social.
Em maio do ano passado, quando o filme estreou no festival de Cannes, Sean Baker refletiu sobre o futuro de sua protagonista na revista Vanity Fair ainda sem saber que o filme sairia do balneário francês com a Palma de Ouro. E sem ter a mais vaga ideia de que Mikey subiria ao palco do Dolby Theatre quase um ano depois. “Ela terá um milhão de oportunidades com diretores incríveis, experiências incríveis. Eu sei disso agora.”
Fonte: Agência o Globo