Entre os dias 28 de dezembro e 2 de janeiro, o município de Quatipuru, na região nordeste do Pará, recebe a 19ª edição do Festival Cultural Maria Pretinha. A programação, que reúne diversas manifestações da cultura popular, celebra a Marujada de Quatipuru, festividade religiosa-cultural com 187 anos de tradição, em homenagem a São Benedito.
O Festival Cultural Maria Pretinha acontece há 19 anos e é uma realização da Irmandade de Maria Pretinha, em parceria com grupos culturais locais. Nesta edição, a festividade tem como foco a música e a Marujada de Quatipuru, além de shows de carimbó, brega e guitarrada. Este ano, o festival conta com o patrocínio da Fundação Nacional de Artes (Funarte), por meio do Programa de Apoio a Ações Continuadas 2023.
Entre as apresentações previstas, estão as marujadas de Quatipuru, Augusto Corrêa, Santa Terezinha (Primavera), Capanema, Carimbó de Santa Terezinha (Primavera), Grupo Raio de Sol (Quatipuru), além de Dilson José e banda (Quatipuru), Aparelhagem Fantástico São Jorge, Ayrton Gomes (Capanema), Marquinho Rocha (Marapanim) e outros mais.
A Marujada de Quatipuru 2024 teve início no dia 18 de dezembro, quando foi erguido o mastro do barracão Pedro Barbosa de Amorim, da Associação Amaquat. A festa seguiu até a sexta-feira (27), quando foram derrubados os mastros. Já neste sábado (28), serão erguidos os mastros da Irmandade de Maria Pretinha, dando início ao Festival Cultural Maria Pretinha.
De acordo com Gabriel Paixão, diretor do Festival Cultural Maria Pretinha, o objetivo da programação é promover a cultura popular de Quatipuru e do nordeste do Pará por meio de diversas manifestações típicas da região. “A Marujada de Quatipuru e o Festival Maria Pretinha são manifestações culturais de extrema importância para a preservação e valorização da rica tradição popular do estado do Pará e, de modo mais amplo, da cultura amazônica. Essas festividades, que reúnem música, dança, religiões e saberes ancestrais, carregam em si um legado de resistência e de afirmação de identidade”, disse.
“Essas manifestações são mais do que festas, são expressões de resistência, preservação de identidades e de saberes que, ao serem celebradas, garantem a perpetuação da cultura popular e o fortalecimento do laço entre as gerações. Elas são fundamentais para a manutenção da diversidade cultural do Brasil e para a formação de uma sociedade que valoriza suas raízes e respeita suas múltiplas influências”, completa.
Durante a festividade deste ano, também estão sendo feitas gravações para um longa-metragem sobre a Marujada de Quatipuru, com previsão de estreia para o primeiro semestre de 2025.
A festa da Marujada de Quatipuru é uma das mais antigas manifestações populares do estado do Pará, tendo sua origem datada de 1838. Suas raízes são uma mistura de tradições de origem africana combinadas com o culto ao santo preto católico São Benedito. Assim como a Marujada de Bragança e outras Marujadas do nordeste do Pará, a celebração no município também foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan, em setembro último, como Patrimônio Cultural do Brasil.
Em Quatipuru, a manifestação possui características únicas, como a Dança do Peru, a presença dos mascarados e músicas cantadas em forma de “repente” (letras feitas de improviso durante a festividade), embaladas pelos toques dos tambores com carimbó, mazurca, retumbão, valsa, peru, xote, chorado, entre outros ritmos.