No bairro da Terra Firme, em Belém, a quadra junina começou com um terreiro no meio da rua, no primeiro arrastão do grupo cultural Boi da Terra, neste domingo, 1º de junho. O cortejo contagiou os moradores e reuniu crianças, jovens, adultos e idosos para celebrar os 18 anos de atividades do grupo.
Criado em 2007, o Boi da Terra surgiu para propagar e não deixar o costume do batuque do boi se perder. “Eu morava no interior e quando cheguei na Terra Firme quis manter a tradição que eu via muito quando era criança”, explica dona Maria Terra, de 87 anos, fundadora e madrinha do boizinho. O folguedo mobiliza a comunidade no entorno desde o mês de abril, com oficinas de percussão, serigrafia, pintura e confecção de instrumentos. Todos os paramentos dos brincantes são artesanais e produzidos com a ajuda dos moradores.
O encontro de gerações também faz parte da mobilização. A estudante Letícia Terra, 24, é neta de dona Maria e participa das atividades desde criança. Hoje ela é coordenadora geral do grupo e tem a missão de difundir a memória e resistência cultural.
“Por trás do arrastão há todo um contexto de cidadania, educação, meio ambiente e cultura popular. A gente costuma dizer que a comunidade está para nós, assim como nós estamos pela comunidade. Tudo que é oferecido ao grupo, é devolvido para a comunidade nesse cortejo ”, frisa a coordenadora.
Notícias Relacionadas
O boi é acompanhado por uma comitiva de foliões chamada de Batalhão de Ouro, responsável pela toada, percussão e outros instrumentos. “Não é tão fácil encontrar pessoas para tocar, mas fazemos tudo com muito amor. É um grande estímulo à cultura e união. Vem todo mundo: amigos, parentes, todos caem na festa”, diz, orgulhoso, o coordenador do batalhão Rosivaldo Oliveira. Um dos apoiadores é o morador Edmilson Carneiro, que aguardava a saída do cortejo na concentração. “Isso aqui é fantástico. É uma movimentação que consegue reunir todo mundo na paz, sem nenhuma maldade, é a cultura de Belém”, afirma.
A tranquilidade da festa é que trouxe a aposentada Maria Silva, 73, da cidade de Inhangapi para brincar na Terra Firme. “Eu danço, pulo, salto, tomo uma cerveja, é uma delícia. Esse arrastão não tem idade: vai de 80 anos até o mais pequeno, todo mundo entra”, brinca. A temporada junina do Boi da Terra segue até o dia 26, sempre aos domingos, a partir de 16h, na passagem Comissário, nº 121.
