NOVA PRODUÇÃO

“Pssica”, adaptação de obra de Edyr Augusto, estreia na Netflix em 20 de agosto

Série dirigida por Quico Meirelles a partir de livro de Edyr Augusto chega à Netflix em 20 de agosto

Créditos: Fernanda Tiné e Ariel Martini / Netflix
Créditos: Fernanda Tiné e Ariel Martini / Netflix

Ao toque de suco de cajá (ops, de taperebá, se corrige o garçom), tecnobrega e acepipes paraenses, com cachaça de jambu esquentando uma noite fria, na última terça-feira, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a Netflix apresentou a convidados sua nova produção. Com quatro capítulos, a minissérie “Pssica” chega à plataforma no próximo dia 20, levando a um público global a história criada pelo escritor paraense Edyr Augusto, no projeto de estreia do diretor Quico Meirelles, com produção de Fernando Meirelles.

Créditos: Fernanda Tiné e Ariel Martini / Netflix

A princípio pensada como longa-metragem, que acabou se ampliando para dar mais profundidade à história de cada personagem, a série marca a estreia também da atriz paraense Domithila Cattete como uma das protagonistas. Janalice é uma adolescente que acaba vitimada por uma rede de tráfico humano, que sequestra mulheres para transformá-las em prostitutas na Guiana Francesa. A história dela se cruza com a de Preá, vivido pelo ator Lucas Galvino, membro de uma gangue de ratos d’água que assola os rios do Pará; e com a de Mariangel, uma mulher que vai atrás de vingança depois de ter sua família assassinada. A personagem é vivida pela colombiana Marleyda Soto, que o público da Netflix já conhece como a Ursula Iguarán da adaptação de “Cem Anos de Solidão”.

Em um desenrolar intenso de acontecimentos, esses três personagens vão se cruzando, cada um trazendo uma carga intensa de emoções. “No caso da Mariangel, ela mostra uma realidade que, como colombiana, eu já conheço, e eu diria que é um lugar conhecido para muitas mulheres não só do meu país, mas de toda a América Latina. Essas mulheres, mães que são capazes de fazer qualquer coisa para garantir a segurança de suas famílias”.

Fruto de cerca de sete meses de filmagens, a série teve locações entre Belém e o Marajó, que o público paraense vai reconhecer na tela – das comunidades na região insular de Belém, ao Ver-o-Peso e ruas da Cidade Velha -, onde a trama se desenrola com muita ação, e apresentando uma Amazônia com personagens, dinâmicas e problemas complexos, bem longe de uma visão idílica da floresta.

“A série aborda temas importantes e difíceis, mas que são uma realidade mundial. A minha personagem é sequestrada pelo tráfico de escravas brancas, o que pode acontecer em qualquer lugar do mundo. O livro e a série pinçam esse assunto na Amazônia, mostra a nossa geografia, os nossos rios e traz uma visibilidade importante para essas questões. Os personagens da série são pessoas que estão em vulnerabilidade, e essa é a realidade de muita gente e que tem que ser mudada”, diz Domithila.

A paraense, disse Quico Meirelles, foi quase que uma escolha imediata para o papel, embora tenha vindo da experiência apenas de teatro. “Era mais importante para mim que fosse uma pessoa que soubesse o que é ser paraense, e eu queria que também fosse um rosto fresco”, disse o diretor, no bate-papo antes da exibição do episódio piloto aos convidados.   

Para o ator cearense Lucas Galvino, que os espectadores vão reconhecer da novela “Mar do Sertão” e também de “Guerreiros do Sol”, o mérito também será apresentar ao Brasil um lugar que o país não conhece. “Tem esses personagens vulneráveis, mas mostra também uma parte do Brasil que talvez as pessoas desconheçam, tem uma beleza junto a essa violência, acho que essa complexidade que dá a vontade de entender aquilo”, diz.

Quico Meirelles e a produtora Andrea Barata Ribeiro também destacaram os desafios de filmar cenas de ação aquática, com rabetas e jet skis usados nas cenas com os ratos d’água.  O diretor contou que a produção foi buscar um especialista internacional nesse tipo de filmagem, enquanto Andrea lembrou que, além do cronograma, a tábua de marés era consultada constantemente. “Teve todo um cuidado com nosso corpo, tinha coreografias para que a coisa acontecesse da forma mais segura”, confirma Galvino, enquanto Marleyda destaca o trabalho dos dublês e de toda a equipe de cena para preservar o bem-estar dos atores.

Como pode se esperar de uma adaptação audiovisual, os personagens e a trama que chega às telas diferem em alguns pontos da novela de Edyr Augusto, mas mantêm a essência da obra do escritor, lançada no Brasil pela Boitempo e já editada em outros países. “Estou muito feliz, por vários motivos. Primeiro porque meu livro vai ganhar um interesse maior das pessoas, um livro de um paraense, lançado pela editora de uma paraense, a Ivana Jinkings, e com uma protagonista linda, que é a Domithila, sendo mostrada para o mundo todo, por uma empresa como a Netflix”, reflete.

“A razão final de ficar feliz é saber que o público vai gostar. Acho que tem todos os ingredientes para isso. Já estive vendo alguma coisa e gostei muito. Claro que li o roteiro antes e concordo com tudo que foi feito, porque são dois gêneros diferentes”, completa Edyr, afirmando que a série captou o fluxo do seu texto, assim como os cenários de sua ação, com os contrastes entre a “selva amazônica e a selva concreta”.  Ou, como ele define, citando o comentário feito pela imprensa francesa à edição que circulou por lá: “um estilhaço de cristal do éden Amazônia”.

*A editora viajou a convite da Netflix

ASSISTA

PSSICA

Produção: Brasil, 2025

Direção: Quico Meirelles

Estreia: 20 de agosto

Onde: Netflix

Sinopse
Pssica conta a história de personagens cujas vidas se entrelaçam de maneira inesperada nos rios da Amazônia atlântica. Janalice, uma jovem raptada pelo tráfico humano, Preá, que precisa fazer as pazes com seu destino como chefe de uma gangue de “ratos d’água” (criminosos que atuam nos rios da região) e Mariangel, que busca vingança pela morte de sua família, tentam sobreviver à “pssica” (maldição) que acreditam ter sido lançada sobre eles. A minissérie de quatro episódios estreia em 20 de agosto, só na Netflix.

PSSICA. (L to R) Marleyda Soto as Mariangel, Domithila Cattete as Janalice, Lucas Galvino as Preá in Pssica. Cr. Rodrigo Maltchique/Netflix © 2025