Pará - “Mostrar para a cidade uma forma de fazer teatro que não está ligada necessariamente ao produto finalizado ou ao espetacular, mas está ligada ao encontro humano verdadeiro”, falou Kauan Amora, sobre a importância do grupo de pesquisa Práticas para a Autonomia Criadora do Atuante – Pacatu, que celebra neste mês de setembro três anos dedicados à investigação dos processos de atuação cênica, com ênfase na experimentação de procedimentos que ampliem o espaço de autoria para os atores/performers sobre suas próprias criações.
Formado pelos artistas-colaboradores Cibele Campos, Giscele Damasceno, Josué Pantoja, kauan Amora, Paula Basttos e Renato Torres, com coordenação do Prof. Dr. Alberto Silva Neto, que ministra disciplinas de teorias e atuação para o Curso de Licenciatura em Teatro (graduação), o grupo está realizando os “Atos poéticos de florestania”. Não se trata de um espetáculo cênico, e sim do processo de trabalho do grupo aberto ao olhar do outro. E os últimos encontros acontecem nesta quinta, 28 de agosto, e em 04 de setembro, das 15h30 às 17h30, na sala 3 da Escola de Teatro e Dança da UFPA, no Umarizal.
“O Pacatu está realizando, atualmente, sobre os povos da floresta e a sua relação com o homem moderno. A gente está procurando investigar a forma como nós nos afastamos da natureza, da nossa ancestralidade e da preocupação ética com o outro”, disse Kauan, destacando que eles se baseiam na literatura acadêmica e poética sobre os temas das florestas, como a mitologia e a cultura feminina.
“Junto a isso, somam-se os princípios do Pacatu, que são o uso do teatro como veículo para alcançar algo que ainda não está revelado nessa vida ordinária, e a busca pelo encontro verdadeiro e vivo com outro”, acrescentou ele.
“Atos poéticos de florestania” são momentos de trabalho em que o público presente testemunha não apenas os experimentos solos dos artistas-colaboradores, como também as intervenções do coordenador Alberto Silva Neto sobre eles.
Para Kauan, o Pacatu é a sua experiência mais importante com o teatro desde que começou a atuar, aos 14 anos. “É o tipo de teatro que acredito e defendo. Então, fico muito feliz de ainda poder estar colaborando com a pesquisa e comemorar três anos do grupo”, disse ele.
Segundo Alberto Silva Neto, a pesquisa do grupo é no campo das pedagogias do ator, com ênfase na sua autonomia criadora, mas sem negar o diálogo com os demais criadores.
“Uma pergunta poderia ser: como a autonomia de pensar o que dizer e por que dizer pode determinar um como fazer muito pessoal, capaz de revelar extratos mais profundos do ser? Por isso nos dedicamos à busca por nossa ancestralidade. Fazemos isso em encontros de trabalho nos quais praticamos procedimentos cujo objetivo é produzir uma qualidade de presença no ator. A experiência tem sido tão intensa, que resolvemos abrir as portas da nossa sala de trabalho para o público interessado. Então, nós apresentamos nossos experimentos cênicos em processo, e depois abrimos uma conversa sobre a experiência. Tem sido excepcional”, acrescentou Alberto, que disse que ao longo desses três anos de grupo pôde compreender uma dinâmica possível de funcionamento para o grupo de pesquisa, considerando a disponibilidade dos colaboradores.
“No próximo semestre, iremos desdobrar essa fase atual, que estamos chamando de ‘Carne da palavra’, em uma direção que ainda não sabemos precisar. Mas o tempo dirá”, finalizou Alberto.
Por dentro
Encontro do grupo de Práticas para a Autonomia Criadora do Atuante – Pacatu – “Atos poéticos de florestania”.
Quando: dias 28 de agosto e 04 de setembro, das 15h30 às 17h30
Onde: Sala 3 da Escola de Teatro e Dança da UFPA ( Travessa Dom Romualdo de Seixas, 820 – Umarizal)
Quanto: entrada livre ao público em geral.