Texto: Aline Rodrigues
O projeto Circular Campina Cidade Velha encerra 2023 em grande estilo: celebrando 10 anos de atividades e realizando neste domingo, 03, das 8h às 20h, a sua 49ª edição nas ruas da Cidade Velha, Campina e Reduto.
Entre as atrações desta edição, está o show da cantora Lia Sophia e Iara Mê. E também o Circuitinho, que promete um passeio com as crianças pelo Ver-o-Peso, além de mais de 40 empreendimentos envolvidos, entre ações, projetos e espaços físicos de galerias, restaurantes e centros culturais, que abrem as portas para receber as pessoas que vão circular pelos três bairros históricos neste domingo, com oficinas, gastronomia e economia criativa. A 49ª edição conta com patrocínio do Banco da Amazônia, via lei de incentivo federal, e com apoio do Fórum Landi, UFPA e Secretaria de Cultura do Pará.
O Circular foi idealizado pela produtora cultural Makiko Akao, e surgiu como um circuito cultural de revalorização da área histórica da capital paraense, incentivando a melhor apropriação e utilização das estruturas e edificações existentes nos bairros da Campina e Cidade Velha, dois marcos inaugurais da cidade de Belém.
“O piloto do Projeto Circular foi em dezembro de 2012, pensado inicialmente como circuito das artes espelhado no que acontecia anualmente em Santa Tereza, no Rio de Janeiro, um evento coletivo dos produtores culturais, espaço gourmet que atraía o público para o local. Essa experiência me deu a ideia de pensar em um projeto maior que tivesse como objetivo principal a revitalização do Centro Histórico de Belém, uma tentativa de mudança do perfil do bairro, de comercial varejista para cultural. Os espaços culturais seriam atrações para o público vir conhecer o centro histórico, com seus casarões, as igrejas e praças que foram palco de movimentos históricos que estavam em situação de abandono, e assim atrair a atenção do poder público para a necessidade de revitalização”, diz Makiko, que acredita que a ideia funcionou, pois alguns equipamentos já estão funcionando no Centro Histórico de Belém e há outros previstos, como é o caso do Museu do Clima e Caixa Cultural.
“O que falta é a manutenção da infraestrutura para receber os visitantes para esses espaços. Um ordenamento adequado, como questão de lixo, calçamento, fiação elétrica, segurança etc. Ações básicas que deveriam estar no orçamento anual da prefeitura”, opina.
Ver que o projeto cresceu ao longo desses dez anos e vem contribuindo com a cidade, faz Makiko sentir orgulho e ter energia para continuar o projeto. “Mas tenho a consciência que essas mudanças não ocorrerão em um curto prazo, haja visto que nesses 10 anos pouca coisa aconteceu em termos de políticas públicas para revitalização do centro histórico como um todo. Teremos a revitalização do Ver-o-Peso, o Corredor Gastronômico na Boulevard Castilhos França, em função da COP, mas como estarão conectados com a Gaspar Viana, 15 de Novembro? Não sou arquiteta nem urbanista, mas como leiga penso que se houvesse um plano detalhado a curto, médio e longo prazos, seria mais fácil entender as prioridades e os benefícios que essas ações iriam trazer num plano de revitalização para o centro histórico como um todo”, pontua Makiko, que segue como membro da Equipe Gestora e conselheira do projeto, que atualmente tem a jornalista Adelaide Oliveira como coordenadora.
O Projeto Circular foi agraciado recentemente com a “Comenda Eneida de Moraes”, concedida pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult), e que se destina a reconhecer pessoas e entidades que se destacam por relevantes serviços em prol da democratização da cultura no estado. Em 2018, o projeto já tinha sido contemplado nacionalmente com o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan.