Wal Sarges
Artistas e iniciativas culturais paraenses são finalistas do Prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA, que irá prestigiar os melhores de 2023. São eles: o crítico de arte Afonso Medeiros (Prêmio Gonzaga Duque e Destaques Regionais); o curador Mariano Klautau Filho (Prêmio Maria Eugênia Franco e Prêmio Destaques Regionais); o professor Gil Vieira Costa; o artista visual Pablo Mufarrej (Prêmio Mário Pedrosa); a fotógrafa Paula Sampaio (Prêmio Clarival do Prado Valadares) e o crítico de cinema John Fletcher.
Além deles, são finalistas a 1ª Bienal das Amazônias (Prêmio Paulo Mendes de Almeida e Prêmio Destaques Regionais) e a Casa das Onze Janelas/ Museu de Arte Contemporânea (Prêmio Emanuel Araújo). A lista foi divulgada na última sexta-feira, 26.
A lista com os nomes dos indicados ao prêmio é destinada a artistas visuais, curadores, críticos, autores e instituições culturais que mais contribuíram para a cultura nacional em 2022. Foi elaborada a partir das indicações que os associados enviaram para discussão e aprovação em reunião da diretoria. Os prêmios serão atribuídos pelo resultado da votação de cerca de 165 associados em escala nacional, por votação em formulário online. Anualmente, o Prêmio ABCA contempla 13 categorias, incluindo ainda os destaques regionais, totalizando 18 prêmios.
DESTAQUE REGIONAL
O curador geral do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, Mariano Klautau Filho, disse que ficou surpreso com a indicação. “Eu acho que o prêmio da ABCA é uma maneira de olhar para a produção curatorial de crítica e de arte para além do eixo do Rio/ São Paulo”, analisou. “Fui indicado em duas categorias, que de alguma forma, representam um pouco o que eu venho fazendo, pelo menos, nos últimos dez anos. Uma delas se refere à exposição da Elieni Tenório na Galeria de Arte Graça Landeira [À Sombra do Meu Eu, 2023], em que atuei como curador-geral, um trabalho que a gente vem fazendo desde 2021, retomando o Museu de Arte da Unama, instituição na qual sou professor há mais de 20 anos. A gente criou um grupo de pesquisa que atua nas exposições do museu, então isso é resultado também dessa visibilidade que a gente vem trazendo. Não se faz curadoria sem pesquisa”.
Já a indicação na categoria Destaque Regional, ele acredita que ocorreu por sua atuação como curador do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia e de outras exposições. “Eu acredito que o trabalho que eu venho fazendo como curador-geral do Diário Contemporâneo é fundamental para que as pessoas vejam a minha atuação, porque o Prêmio tem uma visibilidade nacional. A gente tem trabalhado também com curadorias compartilhadas e isso criou uma divulgação maior ainda da produção fotográfica contemporânea daqui de Belém, mas também o Pará como um centro difusor da produção brasileira, porque o Diário Contemporâneo é um prêmio nacional”, reforçou.
Mariano Klautau atua ainda num projeto de pesquisa coordenado pela professora Rosângela Britto, da UFPA, que pesquisa a coleção de arte da Casa das Onze Janelas, espaço que também recebeu indicação própria ao ABCA. “Essa pesquisa é formada por profissionais de museologia e de história e crítica da arte. Participo junto com a professora Marisa [Mokarzel], que pesquisa as obras e os artistas que estão nas coleções do museu”.
bienal
Entre as iniciativas, também destacou-se a 1ª Bienal das Amazônias, que recebeu a indicação à Melhor Exposição do ano. Com uma linguagem que ao mesmo tempo aproxima e universaliza, a exposição “Bubuia: Águas como Fonte de Imaginações e Desejos” abriu ao público no ano passado como parte da Bienal, em Belém. A mostra contou com a participação de mais de 120 artistas e coletivos de oito países que compõem a Pan-Amazônia e mais a Guiana Francesa. Foram nomes como a fotógrafa e ativista suíça, naturalizada brasileira, Claudia Andujar, além dos contemporâneos paraenses Dirceu Maués, Éder Oliveira, Elaine Arruda e Mestre João Aires, Elieni Tenório e Elza Lima.
O corpo curatorial foi formado apenas por mulheres. A diretora presidente da Bienal das Amazônias, Lívia Condurú, ressaltou o papel do evento enquanto potencializador da atuação das pessoas que estão vinculadas a ela. “A Bienal das Amazônias é uma instituição autônoma, que tem como objetivo fortalecer o território amazônico, a partir do próprio território, nosso desejo é o de possibilitar que outras produções culturais e nichos da cultura também ganhem destaque e financiamento a partir dos trabalhos que realizamos. A escolha de ter mulheres à frente de sua direção e das curadorias, é uma escolha política”.