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"Paul – O alien fugitivo" é uma ode à amizade e cultura pop

Um típico road movie. Na rota, os mais famosos pontos de avistamento de discos voadores e atividades extraterrestres. A bordo de um trailer estão dois nerds ingleses, encantados pela primeira visita à Comic Con, o principal evento de cultura pop do mundo. O que pra eles já era a conquista do “sonho americano” se torna ainda melhor quando, no meio do deserto, dão de cara com um ET que fugiu da Área 51. “Melhor” porque o tal alienígena não é um monstro dominador e sanguinário, mas um cara simpático, totalmente adaptado aos costumes da Terra.

Péssimo no “volante”, seja de naves espaciais ou de carros, o ET herdou o nome Paul de um cachorro que teve o azar de ficar no caminho do seu ovni desgovernado. Levado para uma base militar, Paul repassou todo o seu conhecimento aos norte-americanos e serviu de consultor para vários assuntos do mundo científico e do entretenimento ao longo dos anos. Mas quando os humanos sentiram que a fonte intelectual secou, só restou partir para experiências com células-tronco, o que significaria abrir o cérebro do alien, que, claro, deu um jeito de fugir. Essa é a história de “Paul – O alien fugitivo” (2011), um filme simpático sobre amizade, a vida, o universo e tudo mais, parafraseando Douglas Adams. Ou, em outro paralelo, esse referenciado de forma direta e hilária, é como se fosse um “E.T.” para adultos.

“Paul” tem várias sacadas geniais, como a explicação para a aparência do ET (o clássico homenzinho verde e cabeçudo) e o embate entre ciência e fé, que, embora esteja ali como escada para um humor leve, sem nenhuma pretensão filosófica, funciona muito bem ao tirar um sarro com os fanáticos religiosos – “É impossível ganhar com essa gente”, sempre dispostos a arranjar motivos divinos para os atos do cotidiano, eximindo a raça humana de responsabilidades. Fora, é claro, a “conversão” do personagem feminino, interpretada com ferocidade por Kristen Wiig, que, tolhida pelo pai desde que nasceu, passa a agir de acordo com a sua própria vontade.

A química entre os protagonistas Simon Pegg e Nick Frost, por si só, é uma atração à parte. Quem assistiu à Trilogia do Sangue e Sorvete (“Todo mundo quase morto”, “Chumbo Grosso” e “Heróis de Ressaca”) sabe do que a dupla é capaz. E o diretor Greg Mottola, responsável pelo maravilhoso “Superbad” e discípulo de Judd Apatow, extrai o que pode dessa parceria, dando ao filme ares de um verdadeiro “bromance” – amizade masculina, um amor entre irmãos -, potencializado pelo surgimento de Paul, o que rende cenas muito divertidas com a rápida intimidade adquirida pelo trio. Além disso, caso você tenha curiosidade em saber os efeitos da maconha em um extraterrestre, ela será saciada aqui. Um ET doidão. Ok, realmente é uma boa ideia a ser explorada. Ainda mais com a voz de Seth Rogen.

Trata-se, portanto, de uma comédia de ficção científica bem feita, criativa e mesmo que perca o fôlego aqui e ali, isso não compromete a  experiência. Especialmente pelo seu apelo gigantesco ao público nerd. Duvida? Ora, basta saber que uma de suas melhores piadas, a recorrente “Três seios, muito legal”, sendo esse o primeiro detalhe que todos viam na HQ escrita pelo personagem de Frost, ganhou contornos de realidade um ano depois do lançamento do filme. Na Comic Con, a atriz Kaitlyn Leeb, do remake de “O Vingador do Futuro”, desfilou no tapete vermelho do evento deixando à mostra os três seios da sua personagem. “Muitas pessoas me perguntaram se eu fiz uma cirurgia para colocar o terceiro seio. Outros pensaram que os dois das pontas eram reais”, disse à época, desmentindo os boatos que se tornaram virais na internet. Ou seja, “Paul – O alien fugitivo” realmente entende o seu público-alvo. E isso vale ouro.

ONDE ASSISTIR

  • “Paul: O Alien Fugitivo” está disponível no Google Play Movies, YouTube, Apple TV e Amazon Video para comprar ou alugar.

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