Andreza Gomes
ESPECIAL PARA O VOCÊ
O bloco de carnaval Pato de Máscara sai às ruas neste domingo, 23, a partir das 9h, com concentração na Praça Waldemar Henrique, atrás do CDP. Uma produção independente, idealizada por Vanilza Malcher, em homenagem ao saudoso humorista Epaminondas Gustavo, personagem criado pelo juiz Claudio Rendeiro, falecido em 2021, para o ano de 2025, o bloco tem como tema social o combate ao trabalho infantil.
O tema se alinha à fase pré-COP 30 em Belém, quando todas as mazelas sociais e dificuldades vivenciadas na região amazônica estão sendo levadas ao debate. E uma delas é o trabalho infantil, pois crianças, inclusive na primeira Infância, são encontradas nas esquinas da Região Metropolitana de Belém trabalhando para sobreviver, quando deveriam estar brincando e estudando.
Vanilza Malcher explica que, recentemente, o IBGE-Pnad apresentou os dados do trabalho infantil nos estados brasileiros, apontando o Pará no 1⁰ lugar no ranking do trabalho infantil na região Norte.
“Esse quadro convoca-nos a aproveitar todos os espaços e eventos de massa, para promover a conscientização sobre a necessidade de se eliminar essa chaga social. Neste sentido, o Bloco Pato de Máscara, em sua terceira versão e seguindo a linha temática de contribuir anualmente com uma causa social, propõe-se a esse debate, unindo-se à luta contra o trabalho infantil e por um planeta mais sustentável”.
MASCOTE
O mascote do bloco também está preparado para a folia. O trabalho de pintura dele ocorreu na Escola Municipal Profª Alda Eutrópio de Souza, no Tapanã. A artista visual Dannoelly Cardoso pintou o mascote, e as crianças participaram deste processo de produção. Foram realizadas oficinas de pintura, rodas de conversa e atividades lúdicas envolvendo mais de 300 crianças, com o tema: “Lá vem o Pato contra o trabalho infantil”.
“As crianças ficaram encantadas com a presença do mascote na escola e ele trouxe a oportunidade para elas aprenderem sobre o impacto negativo do trabalho infantil, bem como entender sobre os diretos das crianças por meio do catavento (símbolo do combate ao trabalho infantil). Desenvolveram também habilidades artísticas por meio da pintura do desenho do pato, aguçando a criatividade, associado ao uso dos recursos naturais da própria escola como caroços, vassouras e folhas de açaí. Foi fantástico e muito lindo”, comenta Tatiane da Silva, diretora da escola.
ARTISTAS E BRINCANTES
A assistente social Isolda Louchard da Cunha já garantiu seu abadá do Bloco. “No ano passado eu saí e louvo essa iniciativa de homenagear o juiz Claudio Rendeiro, com quem trabalhei em Tucuruí. Eu não esqueço a alegria que ele trazia com seu personagem e o seu Epatinho (boneco que fazia papel de mascote do seu personagem e inspirou o nome do bloco). É uma felicidade você poder estar participando de um momento de alegria tão bom e todos nós estamos por uma única causa: o combate ao trabalho infantil”, comemora Isolda.
O músico Adilson Alcântara é um dos artistas que animam o Pato de Máscara. Para ele, o Bloco veio para ficar. “Eu, como parceiro do Epaminondas Gustavo, estarei sempre aí. É um bloco diferente de todos, porque no domingo de manhã você coloca um público diferenciado, que não tem espaço em outros lugares e também tem direito ao carnaval. É um carnaval saudável, de inclusão total. Um projeto de inclusão, de resistência, igualdade e justiça”, elogia.
Pedrinho Callado, músico que há três anos participa do Bloco, destaca que a iniciativa vai além da festa. “É incrível poder participar de uma expressão de identidade desta que tem responsabilidade em pensar em causas sociais. Neste ano a expectativa do Pato é ser maior. É um bloco familiar, que envolve todo mundo”, observa o artista.
O Bloco conta ainda com as parcerias da Comissão de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem do TRT-8, Unama, da Prefeitura de Belém, Clínica de Combate ao Trabalho Escravo da UFPA, ATEP, da Fecomércio-Sesc/Senac, Mirante Design, Associação dos Funcionários do Banpará e Prefeitura de São Caetano de Odivelas.