Hoje é dia de conhecer os vencedores da 32ª edição do Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira (antigo Prêmio Sharp), uma das mais importantes premiações nacionais de música. A cerimônia da premiação, que este ano homenageia a dupla Chitãozinho e Xororó, será realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, mas poderá ser acompanhada on-line pelo Youtube. E os paraenses terão motivos especiais para ficar de olho nessa transmissão: os paraenses Manoel Cordeiro, Dona Onete e Joelma estão entre os concorrentes deste ano.
Dona Onete foi indicada em duas diferentes categorias Raízes (antiga categoria de música regional). Na primeira, Raízes-Artistas, que celebra artistas pelo conjunto da obra, ela concorre com a conterrânea Joelma, Alceu Valença, Elba Ramalho e o Samba de Coco Raízes de Arcoverde.
“Gente, que notícia maravilhosa. Fico com o coração cheio de alegria, não só por essa indicação tão bonita, mas por ver que a música do Norte, que a gente faz com tanto amor, é reconhecida e valorizada. É bom demais receber esse carinho em vida, depois de tanta dedicação para levar o som da Amazônia pro mundo. Agradeço com toda a minha força, meu chamêgo e treme-treme.”
— Dona Onete
Na segunda, Raízes – Lançamento, ela foi indicada pelo álbum “Bagaceira”, produzido pelos também paraenses Assis Figueiredo e Marcos Sarrazin. Neste caso, a concorrência é novamente com Alceu, por “Bicho Maluco Beleza – É Carnaval” e Elba Ramalho, por “Isso Quer Dizer Amor”, e ainda com J. Velloso, pelo álbum “Recôncavo Experimental” e Mariana Aydar e Mestrinho, por “Mariana e Mestrinho”.
O mestre da guitarrada e multi-instrumentista paraense Manoel Cordeiro é um dos indicados ao pelo álbum “Estado de Espírito”, um trabalho em conjunto com o guitarrista Beto Barreto (BaianaSystem) e o baterista e programador Pupillo (Nação Zumbi).
“A indicação é um estímulo, um impulso na minha carreira. Num momento também em que afirmo a vocação de trabalharmos uma ‘música grande’, com parceiros tão competentes e emblemáticos na história da música brasileira e internacional”, falou Manoel Cordeiro.
“Estado de Espírito”, um projeto de oito faixas, lançado em 2024, concorre na categoria “Lançamento de Instrumental”. O trabalho foi lançado pelo selo Máquina de Louco, e é o registro do encontro dos ritmos da Amazônia com os do Nordeste, provocado inicialmente por Manoel e Beto, que assinam as composições e os arranjos. Pupillo somou com o projeto em seguida, realizando a sintetização do álbum.
“Não esperava essa indicação. Já tive uma outra indicação, indiretamente para o Grammy Latino, com o disco do Pinduca, que produzi, isso já me deixou bem feliz. Mas essa é especial, primeiro que é um disco que a gente quis fazer. Encontrei com Beto Barreto em Salvador, num festival que tinha guitarrista do mundo todo, e ele me falou que gostava tanto da sonoridade da Amazônia, da guitarrada, que sugeriu fazermos um disco juntos, guitarra baiana e guitarra ribeirinha – eu que chamo de ribeirinha. Aí topei e começamos a compor à distância”, disse Manoel, reiterando que o disco acabou ficando uma expressão da verdade musical de cada um deles.
“Dialogamos, interagimos, mas sem perder de vista a nossa característica, isso é o ponto alto desse disco. Você escuta e percebe que tem três músicos tocando juntos, mas percebe o sotaque do Pará, da Bahia e de Pernambuco, principalmente considerando que o Pupilo é um cara pouco conhecido da grande mídia, mas é um cara que é responsável pela estética sonora do Chico Science, que foi um fenômeno. Então, é um cara já experiente, acostumado com emoções, e o Beto Barreto é o líder do BaianaSystem, uma banda que tem o poder de aglutinar plateias aos milhares. E também tenho muita experiência com isso, já fiz banda no Pará”, contou Manoel.
O álbum foi construído à distância, com dois encontros presenciais em estúdios de São Paulo.
“A forma que colocamos que é o diferencial, é um estado de espírito. A gente estava conversando no estúdio, fiquei pensando e disse: ‘nós somos de três estados festivos, festeiros, importantes na música brasileira, e nós estamos fazendo aqui um estado só, transformando esses três estados num estado. Que estado é esse? Estado de Espírito”, contou Manoel.
O álbum “Estado de Espírito” disputa o prêmio com os álbuns “Y’Y”, de Amaro Freitas; “Cadê Tereza”, do Clube do Balanço; “Pra Você, Ilza”, de Hermeto Pascoal; e “Ida e Volta”, de Yamandú Costa.