Na última quinta-feira (25), a Academia Paulista de Letras (APL) fez história ao eleger o escritor e educador Daniel Munduruku como seu mais novo integrante. Com a nomeação, ele se torna o primeiro indígena a ocupar uma das 40 cadeiras da instituição em seus 116 anos de existência. A vaga foi aberta com o falecimento do publicitário Roberto Duailibi.
Pertencente ao povo Munduruku, Daniel é natural de Belém (PA) e tem uma trajetória marcada pelo compromisso com a valorização da cultura indígena e da educação. Autor de mais de 60 livros, muitos voltados ao público infantojuvenil, ele busca, por meio da literatura, reconhecer a diversidade cultural brasileira, fortalecer a ancestralidade e dar visibilidade às tradições dos povos originários.
Sua estreia na literatura ocorreu em 1996, com a obra Histórias de índio. Desde então, recebeu diversos prêmios e reconhecimentos, incluindo o Prêmio Jabuti (2004 e 2017), o Prêmio da Academia Brasileira de Letras (2010), além de menções honrosas da FNLIJ e da UNESCO. Entre seus livros mais destacados estão Coisas de índio, As serpentes que roubaram a noite e Meu avô Apolinário.
Além de escritor, Daniel Munduruku é formado em Filosofia, com licenciatura em História e Psicologia, e tem mestrado e doutorado em Educação pela USP, além de um pós-doutorado em Linguística pela UFSCar. Atuou como educador social e professor universitário, e é atualmente diretor-presidente do Instituto UK’A – Casa dos Saberes Ancestrais, que promove ações de valorização da cultura indígena.
Daniel já havia concorrido a uma vaga na Academia Brasileira de Letras em 2021 e 2023, e sua eleição na APL representa um avanço histórico para a representatividade indígena nas instituições culturais do país.
“Entrar para a Academia Paulista de Letras é uma conquista que vai além de mim. É o reconhecimento da sabedoria dos povos originários como parte essencial da cultura e da literatura brasileira”, afirmou Daniel após o anúncio de sua eleição.
Com sua atuação incansável em palestras, conferências internacionais e oficinas culturais, Daniel Munduruku segue abrindo caminhos para que as vozes indígenas sejam ouvidas, respeitadas e celebradas em todos os espaços da sociedade brasileira.