CINEMA GAÚCHO

Pará brilha em Gramado com “Boiuna”, da diretora Adriana de Faria

“Boiuna”, da diretora Adriana de Faria arremata três kikitos no festival de cinema gaúcho

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Pará - “Nós conhecemos o Brasil. O Brasil é que não nos conhece”. Uma das maiores atrizes brasileiras e também cineasta, Dira Paes, em entrevista que foi ao ar na última semana no programa “Sem Censura”, na TV Brasil EBC, proferiu a frase acima. Agora, em especial por ocasião da COP30, em novembro deste ano, o Brasil se vê forçado a conhecer o Pará – e começa a conhecer também o cinema paraense, que na última sexta-feira saiu premiado do Festival de Cinema de Gramado.

O filme “Boiuna”, da diretora Adriana de Faria, saiu com três kikitos: melhor direção para ela, melhores atrizes para Jhanyffer Santos e Naieme (um empate entre as protagonistas do curta), e melhor fotografia para Thiago Pelaes. O público de Gramado, apesar de um incidente de preconceito e xenofobia enfrentado pela equipe do filme quando atravessava o tapete vermelho em direção à cerimônia (quando ouviram xingamentos proferidos por um homem contra a bandeira do Pará), aplaudiu e festejou com os paraenses, que a cada prêmio conquistado deixavam a euforia e a emoção tomarem conta.

Com a bandeira do Pará sendo erguida de forma orgulhosa no palco do Palácio dos Festivais na cidade de Gramado, o filme “Boiuna” celebrou a conquista desses prêmios, os kikitos, troféus que representam o deus do bom humor, que derrama as suas bênçãos sobre os vitoriosos. A história foi feita, 14 anos depois de “Ribeirinhos do Asfalto”, de Jorane Castro, sair com kikito de melhor atriz para Dira Paes e melhor direção de arte para Rui Santa Helena. Em 2002, “Chama Verequete”, de Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreira, arrebatou o kikito de melhor trilha sonora. E antes disso, a paraense Flavia Alfinito, com seu “Chuvas e Trovoadas”, havia conquistado o prêmio de melhor fotografia (de Guy Gonçalves) na edição de 1995.

“Espero estar abrindo caminhos para que mais cineastas paraenses estejam aqui, para que mais filmes do Norte estejam na seleção e mais premiações sejam alcançadas. Precisamos arrecadar fundos para estar aqui, então reitero que precisamos de políticas públicas, ‘Boiuna’ só foi possível graças à Lei Paulo Gustavo, então precisamos de mais esforço dos governos para poder seguir tendo essas conquistas. Que ano que vem já tenhamos outro kikito com outro filme da Amazônia”, falou a cineasta Adriana de Faria.

Apesar de não ter levado o kikito de melhor filme (que foi para “Frutafizz” (SP), de Kauan Okuma Bueno), o curta-metragem paraense que conta a história da cobra grande, partindo de uma mãe e uma filha que atravessam mudanças, foi o mais reconhecido pelo júri oficial, formado pelo curador e diretor do festival Curta Cinema, Ailton Franco Jr., a comunicadora da Mídia Ninja, Dríade Aguiar, e a atriz Polly Marinho. Ao lado de “Boiuna”, a produção carioca “Samba Infinito”, de Leonardo Martinelli, também arrebatou três kikitos: melhor filme segundo o júri popular; melhor montagem para Lobo Mauro; e melhor direção de arte para Ananias de Caldas e Brian Thurler. O curioso é que o filme surge a partir do encontro de Martinelli e do produtor Renan Barbosa Brandão, que se conheceram no Festival de Gramado de 2022, quando, respectivamente, participaram da mesma mostra competitiva de curtas nacionais com os filmes “Fantasma Neon” e “Último Domingo”.

*Texto de Lorenna Montenegro