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Palhaços Trovadores comemoram 25 anos com mostra de espetáculos

Companhia é pioneira na linguagem da palhaçaria no teatro em Belém FOTO: DIVULGAÇÃO
Companhia é pioneira na linguagem da palhaçaria no teatro em Belém FOTO: DIVULGAÇÃO

TEXTO: WAL SARGES

Pioneira na linguagem da palhaçaria clown em Belém, a Associação Cultural Palhaços Trovadores completou 25 anos de criação em novembro do ano passado. Em alusão à data, a companhia apresenta a Mostra de 25 Anos, contemplada no edital Pauta Livre, da Fundação Cultural do Estado (FCP). Serão apresentados: o espetáculo mais recente da companhia, chamado “Musiclown”, hoje e amanhã, com sessão às 20h; e o mais antigo, “O Menor Espetáculo da Terra”, sábado e domingo, com sessões às 20h e às 11h, respectivamente, no Teatro Waldemar Henrique.

O fundador do grupo, Marton Maués, que é diretor das criações da companhia, enfatiza alguns traços dos Palhaços Trovadores que permanecem ao longo do tempo. “Completar 25 anos é uma grande vitória para a gente porque nós somos um grupo que faz um tipo de trabalho chamado ‘teatro de grupo’. Nós mantemos um elenco fixo durante quase todo esse tempo, com poucas renovações, o que é uma coisa muito rara em Belém. Mantemos uma rotina de treinamento e uma sede que existe há 14 anos. A gente mantém ainda uma rotina de pesquisa e de treinamento constante. É uma felicidade, é um orgulho muito grande, não é fácil manter esse tipo de trabalho, mas a gente tem conseguido”, destaca.

Além de Marton Maués, que é o palhaço Tilinho, a companhia é formada ainda por Adriano Furtado (Geninho), Alessandra Nogueira (Neguinha), Antônio do Rosário (Black), Cleice Maciel (Pipita), Isac Oliveira (Xuxo), Jorge Azevedo (Ricárdio), Marcelo David (Feijão), Marcelo Vilella (Bumbo Tchelo), Patrícia Pinheiro (Tininha), Romana Melo (Estrelita e Uisquisito), Rosana Coral (Bromélia), Sonia Alão (Pirulita) e Suani Corrêa (Aurora Augusta).

“Musiclown” une cancioneiro popular à arte da palhaçaria

Na abertura da mostra, o público é embalado pelas canções e poética do grupo. “O ‘Musiclown’ é um espetáculo que reúne um cancioneiro popular, de domínio público. A maioria das músicas que a gente canta são de autores desconhecidos, são cantigas de roda e, no geral, são músicas de trabalho que a gente utilizou em vários espetáculos. Nós pesquisamos e os nossos espetáculos são todos moldados a partir de elementos da cultura popular: dos brinquedos populares, boi, pássaros juninos e outras manifestações populares, e essas canções fazem parte de todo um repertório nosso. No ano passado, resolvemos reunir essas canções, fazer um roteiro e entremear com trovas e pequenas cenas. É um espetáculo de canções porque elas sempre fizeram parte de toda a nossa poética”, explica.

Universo do circo está em “O Menor Espetáculo da Terra”

“O Menor Espetáculo da Terra”, por sua vez, “mistura duas linguagens muito fortes aqui na cidade, que é a palhaçaria e o teatro com bonecos”, aponta Marton. “Foi uma pesquisa que nós fizemos junto com o Aníbal Pacha, da Inbust, que é um grupo especialista em teatro com bonecos. Criamos um espetáculo em que a gente fala do universo do circo através do olhar de cinco palhaços que foram abandonados e resolvem montar o seu próprio circo. Além de ser palhaço, eles queriam ser um outro artista circense. Aí tem a patinadora no gelo, tem o trapezista, tem a contorcionista, o equilibrista. Vão aparecendo esses personagens através dos bonecos que são manipulados por esses cinco palhaços”, detalha.

Espetáculos unem música e comédia, mas também abordam temas sérios. FOTO: DIVULGAÇÃO

Grupo tem atuação marcante no teatro paraense

Marton se mantém enquanto diretor do grupo há 25 anos, com entusiasmo e sempre pensando em projetos novos. “A minha relação com os Trovadores é de total paixão porque fui eu que encabecei a criação do grupo e que realizei a primeira oficina de palhaçaria em Belém. Depois disso, convidei uma parte da galera que fez a oficina e criei o grupo; e depois, o primeiro espetáculo. São 25 anos dirigindo todos os espetáculos, com exceção do espetáculo dirigido pelo Aníbal, onde atuo como codiretor porque a parte de palhaçaria ficou por minha conta e o Aníbal ficou mais com a parte dos bonecos. Então, eu sou apaixonado, é o meu projeto de vida como artista. É o projeto de teatro que eu me dediquei praticamente quase na minha carreira toda, pelo menos mais da metade da carreira, eu completo 42 anos de teatro esse ano”, ressalta.

Ele acrescenta ainda que chegar aos 25 anos de companhia é fruto de muito trabalho, paciência e amor. “A gente convive direto há muitos anos, não é fácil. Nós somos cada um uma personalidade diferente e forte, mas a gente consegue, eu acho que só o amor à arte, o amor às pessoas, o amor ao trabalho, faz com que a gente consiga levar um trabalho de tanto tempo. Eu tenho muito orgulho e uma felicidade imensa de fazer parte dos Palhaços Trovadores e ver essa história toda sendo construída na cidade, eu acho muito importante”, considera Marton, que em breve lançará o espetáculo de comédia “A Esposa Calada”.

Nova comédia “A Esposa Calada” fala do silenciamento das mulheres

Segundo adianta Marton, o texto narra a história de uma mulher que não falava. “Aparece um médico na cidade e o marido dela pede para o médico fazer uma cirurgia nela, que começa a falar demais e ele não aguenta. Esse é o mote da comédia. A gente vai trazer essa história da comédia do século 16 para a nossa atualidade e tentar mostrar como as mulheres são silenciadas pelos homens e mesmo quando elas se libertam há uma reação muito negativa. Então, quando ela começa a falar, ela conta sobre todas as mazelas e todo esse silenciamento. A gente sabe que o riso é extremamente crítico”.

Além desse projeto da comédia “Esposa Calada”, Marton conta que os Palhaços Trovadores estão participando de vários editais, de circulação e outros. “A gente está esperando os resultados. Então em breve a gente espera estar circulando também com nossos trabalhos por aí. Esperamos voltar também com um dos espetáculos que fez muito sucesso mais recentemente no grupo, que é ‘A Vingança de Ringo’, um texto de circo-teatro”, revela.

APROVEITE

Mostra de 25 anos dos Palhaços Trovadores

l Musiclown

Quando: Quinta, 22, e sexta, 23, às 20h;

l O Menor Espetáculo da Terra

Quando: Sábado, 24, às 20h; e domingo, 25, às 11h.

Onde: Teatro Waldemar Henrique (Av. Pres. Vargas, 645 – Campina).

Quanto: R$20 (meia-entrada a R$10), à venda na bilheteria do teatro.