Entretenimento

Pabllo Vittar: Disco de amor, sofrência e pegação

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Apostando em músicas de um Brasil que não costuma atingir o topo das paradas, Pabllo vai na contramão da internacionalização que outras popstars do Brasil têm feito. A cantora Ludmilla, por exemplo, acaba de lançar “Piña Colada” com o colombiano Ryan Castro, enquanto se prepara para fazer show no festival americano Coachella, e Anitta, por sua vez, está prestes a lançar um disco de funk em inglês e espanhol.

“Estou bem desconectada do pop brasileiro. Às vezes vou me sentir contemplada, às vezes não, e tudo bem. Tenho escutado muito tecnobrega, forró e música eletrônica. Não deixa de ser pop, mas desviei meu olhar do que tem acontecido no pop atual”, diz a drag queen.

O “Batidão Tropical Vol. 2” abre com “Pra Te Esquecer”, lançada em 2003 pela antiga banda de Joelma, que vive um novo auge após viralizar com “Voando pro Pará”, a música do tacacá. Circulavam rumores de que a cantora dividiria uma faixa com Pabllo no disco, o que não acontece. “Pode rolar ainda, eu já a convidei”, a drag se limita a dizer.

O ritmo cai e o disco segue com o forró para dançar coladinho “Pede Para Eu Ficar”, escrita por Pabllo, que usa sample de “Listen to Your Heart”, do duo roqueiro sueco Roxette, famoso nos anos 1980 e 1990. O músico Per Gessle, parte da dupla, elogiou a versão da drag queen.

É um disco sobre histórias de amor cheias de sofrência e pegação. “Nossos corpos coladinhos/ suadinhos de prazer/ amor, me leva, faz de mim o que quiser/ me usa”, canta Pabllo no refrão de “Me Usa”.

A voz de Gaby Amarantos surge em “Não Vou te Deixar”, canção sobre como é difícil ficar sem os beijos do amado. “A Gaby é nossa vencedora de Grammy paraense”, diz Pabllo, mencionando o troféu que a cantora ganhou no Grammy Latino no final do ano passado.

Amarantos representa uma geração de artistas que impulsionou o tecnobrega à fama nacional. Hoje Pabllo se mete nesse meio. “O tecnobrega está para o Pará como o funk está para o Rio de Janeiro. O gênero já foi muito marginalizado, ainda é. Mas, graças a Deus, há artistas que levam esse som para outros lugares. Eu me sinto muito honrada de ser uma dessas pessoas.”

Quem também canta no disco é a cearense Taty Girl, que foi moradora de rua antes de fazer do forró sua profissão. Há ainda a participação do DJ paraense Will Love na faixa “Rubi”, da banda Ravelly.

Mas a grande diva de Pabllo é na verdade Mylla Karvalho, ex-vocalista do grupo Companhia do Calypso, que hoje é pastora evangélica e cantora gospel. Karvalho é a voz original de algumas faixas do primeiro “Batidão Tropical”, e lançou também “Nas Ondas do Rádio”, que agora ganha uma versão por Pabllo.

“Mylla não é da comunidade LGBTQIA+, mas sua força e seu estilo sempre me instigaram muito. Ela mudou a minha infância. Quando estou no palco, vejo muito dela em mim.”

O novo “Batidão Tropical” não vai sair completo. Três canções foram substituídas por falas de Pabllo, como áudios de WhatsApp, com menos de um minuto cada. A ideia, nas palavras da artista, é “ir degustando devagar o álbum, não se pode dar tudo”.

Se os fãs vão gostar disso ou não, ela não se importa. “Eles sempre reclamam, amor, sempre”, diz Pabllo Vittar, antes de soltar uma gargalhada.