Entretenimento

Os 100 anos da musicista paraense Maria Josephina

Os 100 anos da musicista paraense Maria Josephina Os 100 anos da musicista paraense Maria Josephina Os 100 anos da musicista paraense Maria Josephina Os 100 anos da musicista paraense Maria Josephina
Viúva do compositor e maestro Francisco Mignone (com ela na foto em detalhe), Maria Josephina é reconhecida como solista de orquestra e grande intérprete da obra do marido. FOTOS: ACERVO PESSOAL
Viúva do compositor e maestro Francisco Mignone (com ela na foto em detalhe), Maria Josephina é reconhecida como solista de orquestra e grande intérprete da obra do marido. FOTOS: ACERVO PESSOAL

Da Redação*

O piano esteve presente na vida de Maria Josephina Mignone desde o começo da vida quando, criança, descobriu o instrumento durante as férias na fazenda da avó paterna. Desde lá, o piano a levou a viajar, como concertista, e também a levou ao amor. Foi durante um recital que ela conheceu o marido, o pianista, compositor e maestro Francisco Mignone, com quem formou o Duo Mignone durante 14 anos, até a morte dele. E continua sendo assim hoje, dia em que a musicista paraense completa 100 anos.

“Celebrar 100 anos de vida é emocionante, sempre continuando minha carreira de pianista e intérprete de Francisco Mignone”, diz Maria Josephina, em entrevista concedida ao DIÁRIO por mensagem. Ela continua tocando, praticando o instrumento todos os dias.

“O que eu mais gosto é ser solista de orquestra, o que me dá grande prazer. A música representa para mim a completa realização como intérprete e solista”, completa a pianista.

O nome e o piano, ela herdou da avó, mas Josephina conta que a música não era exatamente um talento de família. “Na minha família, ninguém manifestou pendor musical… Eu fui a única, mas minha avó paterna era pianista, de quem herdei o piano”, relembra.

Nascida em Belém, “no número 17 do Largo da Trindade”, Maria Josephina teve as primeiras aulas de teoria musical no Instituto Gentil Bittencourt, com a irmã Angelina. Depois iniciou a formação musical no Conservatório Carlos Gomes. O talento, testado em um concurso promovido pelo conservatório, garantiu a ela uma bolsa para estudar com Magda Tagliaferro, no Rio de Janeiro, e mais tarde com Arnaldo Estrella. E foi no Rio, durante um recital na Academia Lorenzo Fernandez, onde ela lecionava, que conheceu o maestro Francisco Mignone. A parceria do casal sempre esteve amparada no amor pela música.

Ela interrompeu sua carreira de concertista de Chopin e Schumann, para se dedicar ao repertório do marido. “Tocar com Mignone sempre foi um prazer. Foram momentos de grande alegria. Ele era um gênio e um grande pianista”, diz Maria Josephina, que para além do duo foi uma grande divulgadora da obra de Mignone como solista de suas obras para piano e orquestra, em salas de concerto no Brasil e no exterior, e também em gravações celebradas como o disco “Mignone” (1981).

Além de solista, Maria Josephina sempre manteve uma ativa participação no mundo da música clássica como articuladora cultural. Após a morte do marido, em 1986, Josephina dirigiu o Centro Cultural que leva o nome do compositor. Também foi grande promotora de eventos, como os que dirigiu na série Concertos Finep, promovidos no Espaço Cultural Finep.

Toda essa importância, claro, faz com que o centenário de Maria Josephina ganhe comemorações este ano. Como o concerto que a soprano Georgia Szpilman e a pianista Dília Tosta montaram este mês no Rio, para homenageá-la. “Cartas de Amor de Francisco Mignone para sua Jô”, foi todo conduzido pelo amor de Francisco Mignone por ela. Maria Josephina segue fazendo sua música ecoar longe. Parabéns!

*Com informações de Rádio EBC e colaboração de Aline Rodrigues