FESTIVAL DE ÓPERA

Ópera "Cobra Norato" estreia no Theatro da Paz neste final de semana

Produção inspirada no poema de Raul Bopp abre 24º Festival de Ópera do Theatro da Paz em primeira apresentação mundial

Ópera “Cobra Norato” estreia no Theatro da Paz neste final de semana Ópera “Cobra Norato” estreia no Theatro da Paz neste final de semana Ópera “Cobra Norato” estreia no Theatro da Paz neste final de semana Ópera “Cobra Norato” estreia no Theatro da Paz neste final de semana
Espetáculo baseado no poema modernista de Raul Bopp teve casa cheia, com presença de alunos das Usinas da Paz e da Unipop entre as 290 pessoas da plateia
Ópera será apresentada em quatro récitas. No detalhe, Carla Camurati, que assina a direção do espetáculo. FOTOS: PEDRO GUERREIRO/AGÊNCIA PARÁ E DIVULGAÇÃO

Belém - A ópera “Cobra Norato – Terras do Sem Fim”, baseada no poema de Raul Bopp, será apresentada ao mundo neste sábado, 26, às 20h, na abertura da 24ª edição do Festival de Ópera do Theatro da Paz, considerado um dos maiores festivais do país. A ópera volta a ser reapresentada neste domingo, 27, e ainda na terça, 29, e quarta-feira, 30 de abril, sempre às 20h.

Considerado a obra-prima do modernismo brasileiro, publicado em 1931, o poema acompanha Cobra Norato, um caboclo da Amazônia que deseja casar-se com a filha da Rainha Luzia. Para alcançar seu objetivo, ele enfrenta perigos e obstáculos da floresta, incluindo uma cobra mitológica. A narrativa se desenrola ao longo dessa busca, repleta de lendas e simbologias da cultura amazônica.

Cem anos após a publicação do poema, ele continua mais atual que nunca, pois a floresta, os personagens fantásticos e os conflitos que atravessam a história colocam em evidência temas como a destruição dos territórios e a relação entre o homem e a natureza.

“Mergulhei no modernismo brasileiro. Pegamos Raul Bopp, que era a essência da ópera, Tarsila [do Amaral] como referência, mudamos paletas e coisas para adequar ao universo amazônico. Mas a nossa fonte de inspiração, onde nós buscamos e bebemos imagens e palavras, foi exatamente no modernismo brasileiro”, falou a atriz e cineasta Carla Camurati, que dirige a ópera.

Quando uma ópera é montada, em alguma parte do mundo, ela busca referências das montagens anteriores: cenários, coreografias, figurinos, visagismos, No caso de “Cobra Norato – Terras do Sem Fim”, não há referências, elas estão nascendo em Belém, que deve se tornar referência para futuras montagens.

“Foi um processo maravilhoso, porque gestar essa ópera aqui em Belém, no coração da Amazônia, e com os cantores, músicos daqui, é completamente diferente. Foi muito bom esse processo. Tivemos um mês de ensaios e foram todos muito bons. O coro daqui é maravilhoso, a orquestra também tem uma sonoridade linda, e todo mundo estava muito feliz de estar fazendo ‘Cobra Norato’. Isso dava uma energia cotidiana de criação dentro dos nossos ensaios, que foi uma beleza, foram ensaios produtivos e divertidos”, disse a diretora, que está há mais de um mês em Belém com sua equipe, cuidando pessoalmente da montagem e vivendo a Amazônia.

A Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe), coordenada pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e formada por mulheres privadas de liberdade, é a responsável pela finalização dos figurinos da ópera, concebidos pelo estilista mineiro Ronaldo Fraga. Neste ano, 22 custodiadas participam da finalização dos figurinos. “Foi um trabalho incrível. Inclusive, ontem (quarta), as nossas detentas que ajudaram na confecção dos figurinos foram assistir à ópera. Elas foram nosso primeiro público e foi muito emocionante, porque elas adoraram, se divertiram. E é incrível porque os figurinos – as pessoas que forem assistir vão entender -, na realidade, você tem ali a construção de todo um universo que o Raul Bopp fala também na poesia. E acho que conseguimos construir esse universo lindo, encantado, mágico que existe dentro da floresta amazônica ou na nossa fantasia com relação a esse universo. Porque é tanta beleza que é impossível não imaginar tudo o que a gente imagina”, contou Carla, que não cansou de ressaltar a felicidade do processo de construção do espetáculo.

“Quando chegamos aqui, encontramos uma equipe maravilhosa, tanto na parte técnica quanto na parte artística. E isso foi muito, muito importante para a construção desse trabalho. Então, o que as pessoas vão ver é isso, a construção de um universo mágico e poético, com uma música linda, contando uma lenda amazônica”, destacou ela.