ASASE YE DURU - A GUARDIÃ DA FLORESTA E DA VIDA

Obra de arte com 49 metros de altura é exposta no centro de Belém

A pintura poderá ser vista na esquina da 1° de março com a Manoel Barata a partir desta sexta-feira (6)

obra “Asase ye duru - A guardiã da Floresta e da Vida”
obra “Asase ye duru - A guardiã da Floresta e da Vida. ”Foto: Ana Dias

“Asase ye duru – A guardiã da Floresta e da Vida”, criada pela artista paraense Mina Ribeirinha, e realizada em conjunto com a produtora de arte urbana Tinta Preta, chega para estampar o cenário de Belém. A obra foi selecionada pelo grupo curatorial da 1ª Bienal das Amazônias e está localizada no Edifício Nuno Álvares, na Travessa 1°de Março, esquina com Manoel Barata. A instalação artística conhecida como “empena” tem 49 metros de altura, é uma obra exclusiva para Belém, e será entregue nesta sexta-feira (6).

Conhecidas como “empenas”, as paredes laterais de edifícios, sem janelas ou aberturas, são cada vez mais utilizadas como suporte para pinturas artísticas em espaços públicos. A Bienal das Amazônias entende a arte como elemento de transformação, por isso, uma de suas formas de atuação é a exposição de artes em espaços abertos, interagindo com a cidade, alcançando quem passa pelos locais e se colocando como ponto de referência de um determinado espaço urbano.

A obra pública “Asase ye duru – A guardiã da Floresta e da Vida” é assinada pela artista Mina Ribeirinha e a produção executiva é do WBS, da produtora de arte urbana Tinta Preta. Recentemente, a produtora realizou pinturas murais representando elementos do Círio de Nazaré, além de outras artes urbanas, em bairros periféricos e barcos amazônicos.

Mina Ribeirinha conta que “Asase ye duru – A guardiã da Floresta e da Vida” surge da sua vivência no coletivo de mulheres negras empreendedoras “Pretas Paridas de Amazônia”, um coletivo composto por 13 mulheres de idades e etnias diferentes, mães experientes e mães recém paridas, que trabalham neste território amazônico, moram em periferias e têm logísticas de vida diferentes.

“Essa vivência em coletivo me ensina bastante sobre a representatividade das mulheres na Amazônia, a manutenção das vidas, das nossas e dos nossos, para que a Amazônia permaneça de pé. Conviver com a ancestralidade presente em cada uma, a cada dia me conecta mais às redes de resistências femininas”, ressalta Mina Ribeirinha.

A obra que será exposta no centro da cidade expressa questões importantes da Amazônia, como o sagrado feminino e as mulheres que vivem e trabalham para a floresta permanecer de pé, a justiça ambiental, a sócio biodiversidade e a sabedoria de aprendizados passados para a construção de um futuro autossustentável.

“Apresento nesta obra que remete à força da conectividade de mulheres, a Amazônia como uma mulher mãe, responsável por gerar a vida, parir a vida, que alimenta, nutrindo nosso povo com tudo que a terra, o rio e a mata dão. É de onde herdamos nossas forças, nosso jeito de fazer, nossas culturas, nossa ancestralidade, nossas sabenças”, explica a artista.

Mina compõe a obra com referências ao rio em formato de útero e plantas aquáticas, como a mururé, que se conecta em rede e se alimenta coletivamente. Além disso, grafismos  Adinkras   encontrados em vários territórios remetem à comunicação visual ancestral presente em utilitários e nas arquiteturas amazônicas, casas de madeira de beira de rio.

“A obra traz um tom muito orgânico, com núcleos em cores vibrantes, traz tons terrosos, verde e amarelos para representar a natureza da Amazônia no intuito de capturar a beleza, dignidade e força das pessoas dessa região”, conclui Mina Ribeirinha.