ÓPERA

'O príncipe do Egito' marca o XXIII Festival de Ópera do Theatro da Paz com inclusão

Gênero envolve teatro e música e tem público cativo na capital paraense

Reprodução/Teatro da Paz
Reprodução/Teatro da Paz

Com o encerramento das duas sessões do musical “O Príncipe do Egito”, o XXIII Festival de Ópera do Teatro da Paz reafirmou seu compromisso com a inovação e a inclusão. As apresentações, realizadas nos dias 24 e 25 de agosto, encantaram o público com sua excelência artística e atenção minuciosa aos detalhes, construindo uma ponte entre o tradicional e o contemporâneo.

Com um público total de cerca de 1.450 pessoas, o Theatro da Paz esteve completamente lotado nas duas noites, refletindo acessibilidade e entretenimento pela adaptação dirigida pelo maestro Pedro Messias. “A temporada de ‘O Príncipe do Egito’ foi simplesmente maravilhosa. Ver o teatro lotado por dois dias consecutivos para assistir a um musical produzido majoritariamente por alunos dos projetos de extensão de um instituto universitário estadual, fruto do processo pedagógico desses alunos é gratificante”, destacou o maestro.

Sobre a integração do teatro musical ao Festival, Pedro Messias acrescentou. “Estar dentro do Festival de Ópera é sempre uma experiência fantástica. Vim de São Paulo para Belém justamente para trabalhar neste Festival, que eu amo profundamente, e foi ainda mais especial porque o Festival de Ópera, que se dedica exclusivamente à ópera há mais de 30 anos, se abriu para uma linguagem completamente nova este ano. O resultado foi extremamente positivo”, finalizou.

O sucesso artístico do espetáculo foi ainda mais enriquecido pela inclusão da comunidade surda nas apresentações, sublinhando a importância de uma cultura acessível e democrática. A emoção vivenciada por um grupo de 30 surdos, que pela primeira vez experimentou a grandiosidade do Theatro da Paz, reforça a necessidade de continuar investindo em iniciativas que tornem a arte um direito de todos.

Kleber Dümerval, que interpretou o Faraó Seti, destacou a complexidade e a colaboração envolvida na produção do musical “O Príncipe do Egito”, realizada no XXIII Festival de Ópera do Theatro da Paz. “O Festival de Ópera abriu espaço para o projeto de extensão da Fundação Carlos Gomes, o Ópera Estúdio, que, em parceria com a Liga de Teatro, desenvolve muitos trabalhos de dramaturgia. Eles nos escolheram, da Companhia Aktuô, com base na nossa versão do ‘Príncipe do Egito’ de 2022”, explicou Kleber. Ele também enfatizou o valor de trabalhar com uma orquestra após anos de pesquisa e desenvolvimento com playback. “Foi como saciar uma sede antiga”. Kleber ainda comentou sobre a importância do teatro musical em Belém, destacando que, apesar de ainda estar em fase inicial, essa linguagem merece um olhar especial.

Lenno Ávila, que interpretou Moisés pela segunda vez na produção de “O Príncipe do Egito”, destacou a importância histórica do espetáculo dentro do contexto do Festival de Ópera do Theatro da Paz. Ele sublinhou que a produção vai além da simples narrativa bíblica, ressaltando o impacto de ser o primeiro espetáculo de teatro musical com orquestra em Belém do Pará, realizado dentro do Festival. “Estar no Theatro da Paz apresentando esse espetáculo é muito maior do que poderíamos imaginar”. Lenno também refletiu sobre a profundidade emocional da história, especialmente na relação entre Moisés e Ramesses. “O texto é diferente, foi um novo aprendizado, mas é incrível porque mostra outras vertentes que não vemos sempre. Aqui vemos o amor entre os dois irmãos e como talvez Ramesses não fosse 100% mal. É uma forma de mostrar ao público que existe perdão, que no final eles se entenderam de alguma forma, e que tudo deu certo. Atravessamos o mar e tudo valeu a pena”, finalizou.

Nandressa Nuñez, diretora de produção do Festival, destacou o impacto transformador das apresentações. “Foi emocionante ver o Theatro da Paz lotado nos dois dias de apresentação, não apenas pela quantidade de pessoas, mas pela conexão genuína que o público demonstrou com a história que contamos”, disse a diretora.

Para Rafaela Souza, de 23 anos, que sonha em ser atriz foi uma emoção assistir ao musical. “Ver o ‘Príncipe do Egito’ no palco do Theatro da Paz foi uma experiência inesquecível. Eu sempre sonhei em ser atriz e estar em um lugar como esse, assistindo a um espetáculo tão grandioso, só me fez acreditar ainda mais no meu sonho. Espero um dia poder estar nesse palco, emocionando as pessoas assim como fui emocionada hoje”, revelou.

O encerramento de “O Príncipe do Egito” deixou uma sensação de dever cumprido e criou expectativas positivas para as futuras edições do festival, que promete continuar surpreendendo o público paraense. A combinação de inovação, tradição e inclusão marcou o evento como um exemplo de como a arte pode ser transformadora e acessível.