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O melhor livro é a escolha da criança

Foto: Ilustração
Foto: Ilustração

Com a clareza da importância do acesso ao livro e à leitura desde a infância, como fazer para escolher o livro mais adequado a cada criança? Para Pedro Gama, é a criança quem tem que ser, antes de tudo, o sujeito dessa escolha.

“[a escolha do livro] É uma decisão baseada naquilo que você quer comunicar para a criança. Mas, levar uma criança a uma livraria para que ela escolha o livro que a interessa, que a cativa, que desperta nela a curiosidade, talvez seja a melhor estratégia para não só criar uma nova formação, uma nova geração de leitores, mas principalmente para que o livro passe a ser um objeto que faz parte do cotidiano daquela criança”, indica.

“O importante é entender que a escolha do livro infantil, que pode ser feita pelos pais, pelos padrinhos, pelos tios, pelos avós, também passa por aquilo que a criança tem interesse, por aquilo que ela gosta. Há crianças que gostam de histórias de aventuras, de livros com mais imagens, livros com mais texto, por exemplo. É interessante que isso seja colocado a partir também da escolha da criança”, completa o livreiro.

Michele Goulart também acredita que “o melhor livro para a criança é aquele que ela deseja ler”. “O interesse da criança precisa ser considerado no momento da escolha, mas entendo que algumas famílias ainda buscam os livros como instrumentos para abordar algum tema, e essa é uma importante função dos livros, realmente, mas é fundamental associar essa necessidade familiar aos interesses da criança”, diz.

“Acho que a maior dificuldade é desapegar das necessidades do adulto e se conectar com os interesses das crianças. Às vezes, é difícil para a pessoa adulta abandonar o apelo excessivo às lições de moral e transmitir mensagens por meio da ludicidade. A criança, em cada etapa do seu desenvolvimento, tem sua própria linguagem e isso precisa ser acessado por quem escreve para crianças”, completa a escritora e editora.

É nessa conexão da linguagem e da forma com o contexto infantil que Michele acredita que está a chave para os adultos também ajudarem as crianças a acessarem bons livros. “Um bom livro infantil precisa ser escrito com confiança na criança, na sua capacidade interpretativa, ser engraçado, curioso, criativo. É claro que há diversos estilos literários e cada um tem suas peculiaridades, mas acho que o essencial é que respeite a criança e suas capacidades”, aponta.

Com uma curadoria que entendeu a importância da literatura infanto-juvenil em sua livraria, Pedro Gama destaca que algumas editoras fazem um trabalho muito importante na formação de novos leitores. “Eu destacaria o selo da Companhia das Letras, Pequena Zahar; o selo infantil da editora Todavia, a Baião; indicaria a Boitatá, que é o selo infantil da editora Boitempo; destacaria também a Mostarda, que é uma editora muito interessante para crianças. E eu indicaria a editora WMF, que também tem um selo infantil muito interessante, que aguça a curiosidade, principalmente relacionada a fatos do mundo para as crianças”, lista o livreiro.

*Com reportagem de Aline Rodrigues