Norte do Brasil: Mais que um cenário, uma potência musical a ser reconhecida

Keila, vocalista da Gang do Eletro: sonhando com o dia do reconhecimento sem tanta luta. FOTO: REPRODUÇÃO INSTAGRAM
Keila, vocalista da Gang do Eletro: sonhando com o dia do reconhecimento sem tanta luta. FOTO: REPRODUÇÃO INSTAGRAM

A declaração foi comentada por outros artistas do Norte, como a cantora Joelma. “Não vão nos apagar. O norte também faz parte da cultura brasileira!”, disse. No X (ex-Twitter), a representante do tecnobrega Gaby Amarantos questionou: “Querem ouvir nossa música, mas não querem nos levar para cantá-la?“. O cantor e guitarrista Felipe Cordeiro publicou no seu Instagram um vídeo onde usou o termo “Música Parcialmente Brasileira”, para lembrar que muitas vezes o que é aceito como MPB exclui a Amazônia.

Para o produtor das Suraras do Tapajós, Beto Borô, é muito importante que o grupo ocupe esse espaço, em um festival mainstream como o Rock in Rio, depois de ter sido headliner em festivais indígenas, passar a integrar curadorias não só setoriais. “Ano passado participamos do Coala Festival e agora o Rock In Rio, e é muito, muito importante. Infelizmente, numa primeira divulgação de line up, não tinha artistas do Norte. E aí eu acho que a Fafá de Belém foi muito feliz no protesto dela, e a gente agradece muito a Fafá por ter lembrado das Suraras. Houve outros meios que divulgaram os nomes das Suraras como possíveis integrantes do line up”, conta.

Beto Borô diz que essa presença é mais do que garantir a representatividade no mapa. “A gente entende a dificuldade que é fazer um festival do tamanho do Rock in Rio, e é normal que receba críticas, mas aí a gente lembra aos programadores, em geral, dos festivais, que o Norte existe e não precisa estar nos line ups de festivais em geral – e não estou falando apenas do Rock in Rio – porque é uma cota, ou porque a gente é obrigado a lembrar do Norte. Mas porque o Norte tem uma qualidade musical muito forte. É não esquecer que o Brasil é muito diverso e a qualidade musical, aliás, a qualidade da cultura do Norte, é muito potente. Então é importante que os programadores, em geral, tenham essa atenção que o Brasil é muito grande, e não se fechem só no seu estado ou nos maiores estados. Tem cultura de qualidade no Brasil todo. Não é lembrar da Amazônia porque é a Amazônia; é lembrar da Amazônia porque tem artistas de muito boa qualidade aqui que estão no nível de estar em festivais como o Rock in Rio”, destaca.