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Normando cresce no mercado nacional com moda autoral e sustentável

Criações da Normando foram destaque na “Veja SP” e estão em série da “Vogue” sobre nova moda brasileira
Criações da Normando foram destaque na “Veja SP” e estão em série da “Vogue” sobre nova moda brasileira

Aline Rodrigues

Moda rápida, esta é a tradução literal do fast fashion, onde a prioridade é a quantidade em detrimento da qualidade. Por isso, as roupas têm uma vida útil rápida, tanto pela pouca durabilidade quanto pela saída do style de moda. Na contramão dessa indústria da moda “descartável” que impacta no meio ambiente por causa do uso excessivo de recursos naturais e pelo descarte massivo de peças e resíduos, estão estilistas que investem no design autoral e sustentável.

O assunto foi capa da revista “Veja São Paulo”, destacou, entre cinco ateliês em atividade na capital paulista que apostam em roupas com identidade e referências culturais, a marca Normando, dos paraenses Marco Normando e Emídio Contente.

A Normando também está entre as marcas escolhidas para a primeira websérie documental da “Vogue Brasil” sobre a “Nova Geração da Moda Brasileira”. São 25 episódios semanais nas redes sociais da revista, com condução da modelo catarinense Maria Klaumann.

Não é a primeira vez que a Normando ganha destaque entre publicações de relevo. Nome crescente na moda nacional, tem sido presença constante em editoriais de publicações respeitadas e cada vez mais escolha de estilo de personalidades, artistas e gente que dita tendências.

“A Normando sempre teve uma busca orgânica feita por mídias e publicações, algo que acredito ser reflexo do nosso trabalho árduo e construção de imagem forte. A ‘Veja’ é uma publicação de renome, então fico muito feliz em ver todo esse trabalho sendo vinculado. Também de estar junto a outros estilistas que falam sobre sustentabilidade e moda”, falou Marco, que deixou a capital paraense há dez anos, por um convite de trabalho de Alexandre Herchcovitch e hoje mantém na capital paulistana sua marca de alfaiataria com inspiração regional, com uma loja física.

Normando, marca dos paraenses Marco Normando e Emídio Contente, cresce no mercado nacional com moda autoral e sustentável

A “Veja” destaca que o estilista encontrou seu nicho ao traduzir as referências culturais amazônicas em vestimenta urbana, presentes também na escolha de matérias-primas vindas da floresta — como o látex e a jarina (semente de uma palmeira amazônica).

Para Marco, essa visibilidade representa a maturidade da marca. “Nós, da Normando, enxergamos um crescimento da marca nos últimos tempos, com a expansão de produtos, mais produtos femininos e valor mais acessível, assim como uma coleção maior do masculino, e abertura da nossa loja física. Então, ver publicações que falam sobre o universo de mercado e negócios enxergar e querer nossa voz, nosso olhar de empresários e o que temos feito na Normando como empresa, é um indicativo dessa maturidade que só anos de experiência e vivência dentro nos faz ter”, disse ele.

Na contramão do fast fashion, o estilista acredita que o mercado tem passado por grandes e rápidas mudanças e que muitas pessoas estão investindo seu dinheiro de forma mais cautelosa, logo o nicho de moda autoral e sustentável tem crescido.

“As fast fashions produzem de forma massificada e desenfreada. Além disso, precisam criar e produzir com um custo final já estabelecido pela sua equipe de merchandising, ou seja, eles têm um custo limite, que quase sempre é bem baixo, para criar suas peças. Isso influencia diretamente no limite de quanto gastar em matéria-prima, acabamento e construção – modelagem e costura. O que acontece é que a maioria das fast fashions decide não usar tecidos, aviamentos e nem mão de obra nacional, o que é péssimo para nosso mercado. Muitas dessas peças acabam sendo feitas fora do país, com tecidos muito baratos (importados) e aí alcançam o preço que são aplicados em fast fashions”, destacou Marco, que diz que isso suscita outros debates, para além de estilo. De onde vem essa produção? Essas fábricas têm regulamentação? Utilizam trabalho escravo? De onde vem esse tecido? É de fazendas certificadas?

“Se essas informações não são transparentes ao consumidor e o mesmo também não tiver interesse, a moda fast fashion continuará sendo um dos maiores poluentes e responsáveis por desestabilizar o mercado nacional”, alertou o estilista, que acredita que os consumidores estão buscando mais por peças com propósito.

“Acredito que o consumidor tem consciência do que temos passado climática e economicamente. Muitos nos procuram sabendo da nossa preocupação com a construção, qualidade e viés sustentável. Tenho feito acompanhamento de venda na loja física, o que me faz ter uma troca grande com os clientes e sempre parecem estar interessados em saber o processo de desenvolvimento, do que são feitas as peças”, contou Marco.

A Normando abriu em fevereiro sua primeira loja física, na Rua João Moura, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, mas já estuda novas possibilidades para este ano.

“Pretendemos expandir nossas vendas para outros canais logo mais e quem sabe uma loja física em Belém. Estamos estudando possibilidades”, finalizou ele.