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Noites de música e experimentação no Mercado de Carnes do Ver-o-Peso

Um dos destaques do festival se apresenta no sábado, 3, a banda gaúcha Pata de Elefante.
Um dos destaques do festival se apresenta no sábado, 3, a banda gaúcha Pata de Elefante.

Encontros surpreendentes acontecem no palco de um dos mais diferentes festivais de música instrumental e experimental que existem, o Sonido. A abertura será nesta sexta-feira, 2, e a programação segue até domingo, 4, no Mercado de Carnes Francisco Bolonha. Esta é a sexta edição do evento, que conta com 19 atrações locais e nacionais, com entrada gratuita.

Um dos destaques do festival se apresenta no sábado, 3, a banda gaúcha Pata de Elefante, formada por Gabriel Guedes (guitarra), Daniel Mossmann (baixo elétrico) e Reynaldo “Miggy” (bateria). Com 20 anos de atuação no rock instrumental e cinco discos gravados, o grupo apresenta os característicos riffs de guitarra, transitando entre o classic rock e a psicodelia.

Gabriel Guedes conta que o trio está animado para o show. “Na nossa primeira ida à Belém tivemos contato com a música paraense, mais especificamente a Guitarrada, e sentimos uma identificação imediata. Estamos lançando um disco, ‘Novas Aventuras’, então o show vai ter bastante material novo e também músicas de todos os nossos discos anteriores”.

O próprio nome da banda, Pata de Elefante, tenta traduzir o que era o som da banda nesses primeiros discos, um tanto mais pesado do que é hoje em dia, mas ao mesmo tempo, música melódica, “assobiável”, descreve Gabriel. “Tocar rock instrumental não foi exatamente uma escolha. O primeiro show foi instrumental porque não tínhamos músicas compostas então tivemos que improvisar, além de nenhum de nós sermos cantores na época. A resposta do público foi boa e nos demos conta de que esse era um caminho interessante, original”, lembra.

O guitarrista diz ainda que fazer música é o que eles provavelmente farão pelo resto da vida. “Continuar surpreendendo as pessoas é surpreendente para nós mesmos! Nunca tentamos seguir uma moda ou agradar ao público. Sempre seguimos nossa convicção do que achamos que é bom. Aí, quando as músicas vão pra rua, nunca temos certeza de que as pessoas vão gostar”, afirma Gabriel.

INSTRUMENTAL PARAENSE

Entre os grupos e artistas paraenses que se encontram no Sonido está o Coletivo Ver-O-Brass. “A gente vem trabalhando bastante na nossa performance e o Festival chegou como um trampolim para o projeto, nos sentimos muito honrados em representar o som do Pará, pois sabemos da importância e da responsabilidade, uma vez que vamos tocar com outras bandas do cenário brasileiro”, diz Manassés Malcher, que atua como diretor e trombonista do grupo.

Em uma formação inovadora, o grupo conta com dois instrumentos de cada naipe de metais: trompetes, trombones, trompas de Harmonia, tubas e na base um banjo, percussão e bateria. “O objetivo é exaltar a música dançante do Pará, de mestres como Cupijó, Verequete, Pantoja do Pará, Adamor do Bandolim, Ronaldo Silva e Catiá”, conta o diretor do grupo.

O fundador do festival, Marcelo Damaso, diz que o Sonido é feito para a cidade. “A gente sempre quis fazer um festival de música instrumental e experimental, saindo um pouco do óbvio, que geralmente é jazz e blues. A gente resolveu ampliar isso e trazer sonoridades mais urbanas e modernas com o toque amazônico, tentar fazer com que a nossa música instrumental chegue ainda de uma outra forma, sem ser cantada”.

INÉDITOS

Manoel Cordeiro é quem abre a programação, acompanhado do produtor e instrumentista Kassin (RJ) e do produtor e baterista Pupilo (PE), um projeto ainda inédito em Belém. “O Festival Sonido dá uma representatividade fantástica para Belém e uma visibilidade nacional para nossa música instrumental porque podemos nos conectar com uma vertente do nosso povo que curte música instrumental”, comemora o músico. O show terá sucessos de sua carreira como “Conexão Amazônia Caribe”, “Lambada Alucinada” e “Asfalto Amarelo”.

Uma marca do Sonido é o ineditismo de parcerias. Na sexta, 2, o duo Ultimato, de Roraima, sobe ao palco ao lado do paraense MG Calibre. No sábado, 3, Belém recebe pela primeira vez o pianista de jazz Jonathan Ferr. E no domingo, 4, tem o afrobeat que reúne músicos brasileiros e africanos no Höröyá; o post-rock experimental dos baianos da BAGUM; além do veterano Nego Nelson convidando ao palco a percussionista Katarina Chaves.