Durante uma participação no podcast “Só se for agora”, transmitido nesta semana, o cantor Ney Matogrosso revelou a inspiração para o visual dos primeiros anos de carreira, quando fazia parte da banda Secos e Molhados, na década de 1970. O grupo se apresentava com roupas extravagantes e maquiagens que cobriam o rosto e entrou para a história da música brasileira.
Respondendo uma internauta que perguntou se a banda de rock norte-americana Kiss teria copiado o grupo brasileiro, Ney foi categórico: “o que eu sei é que não copiei ninguém. Eu morava em São Paulo, vivia no bairro da Liberdade e minha formação foi o teatro kabuki”.
Essa é uma das quatro formas tradicionais de teatro japonês, segundo a Embaixada do Japão no Brasil. Uma marca registrada e bem conhecida do kabuki é o estilo extravagante de maquiagem, conhecido como kumadori, usado em peças históricas.
A ideia da maquiagem, segundo Ney, era “manter a minha privacidade, pois na época se dizia que artista não podia andar na rua”. A formação clássica do Secos e Molhados com Ney Matogrosso ficou em atividade nos anos de 1973 e 1974, enquanto o país atravessava a ditadura militar. Os chamados “anos de chumbo”, de 1968 a 1974, foi o período marcado pelo aumento da censura e da violência impostas pelo governo do presidente Emílio Garrastazu Médici.
Com Ney, o grupo lançou dois discos: Secos & Molhados (1973) Secos & Molhados II (1974), ambos estampando os rostos maquiados dos integrantes da banda. O estilo une poesia, glam rock e rock progressivo. O primeiro álbum aparece na posição de número 5 no ranking dos 100 maiores discos da música brasileira, da revista Rolling Stone. A banda voltou a chamar atenção após o lançamento do filme “Homem com H” , a cinebiografia de Ney Matogrosso estrelada pelo ator Jesuíta Barbosa. O longa está disponível na Netflix.