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Mostra “Debaixo D’água" reúne audiovisual experimental do Pará

Frame da obra “O brega como empoderamento do paraense”, de Nay Jinknss, presente na mostra FOTO: NAY JINKNSS/DIVULGAÇÃO
Frame da obra “O brega como empoderamento do paraense”, de Nay Jinknss, presente na mostra FOTO: NAY JINKNSS/DIVULGAÇÃO

Texto: Wal Sarges

Abre nesta quarta-feira, 25, a partir das 18h30, a Mostra de Audiovisual Experimental no Pará “Debaixo D’água: Flutuamos entre musgos”. A exposição pode ser visitada até sexta, 27, no Museu da Imagem e do Som, no Palacete Faciola.

A mostra tem obras de Acácio Sobral, Afonso Gallindo (homenageado), Alberto Bitar, Allyster Fagundes, Ana Flávia Mendes e Cia. Moderno de Dança, Ana Mendes, Armando Queiroz, Breno Filo, Cláudia Leão, Coletivo Madeirista, Danielle Fonseca, Danilo Baraúna, Denio Maués, Flavya Mutran, Grupo Urucum, Henrique Montagne, Jorane Castro, Juliana Notari, Juliano Bentes, Keyla Sobral, Luciana Magno, Maria Christina, Mariano Klautau Filho, Marise Maués, Maurício Igor, Nay Jinknss, Orlando Maneschy, Paula Sampaio, Paulo Meira, Rafael Bqueer, Rafael Matheus Moreira, Roberta Carvalho, Roberto Evangelista, Tarcísio Gabriel, Toni Soares, Val Sampaio e Victor De La Rocque.

Com curadoria de Danilo Baraúna e Orlando Maneschy, produção de Maria Christina e projeto gráfico de Hosana Celeste, a mostra é resultado do Prêmio Mergulho FCP 2023, edital de audiovisual com ocupação na Casa das Artes que apresenta um conjunto de obras audiovisuais experimentais produzidas entre 1978 e 2022. São obras em película e vídeo.

A mostra foi feita a partir de um projeto de pesquisa desenvolvido há dez anos pela Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da pesquisa de pós-doutorado de Danilo Baraúna no Programa de Pós-Graduação em Artes da UFPA. Integra obras da coleção Amazoniana, pertencente à UFPA.

A mostra apresenta um diálogo entre artistas de diferentes gerações, trazendo uma compreensão sobre como a produção de audiovisual experimental tem se desenvolvido no Pará. “A minha pesquisa, especificamente, estuda como o audiovisual queer produzido no Pará tem permitido a emergência de uma produção que é um pouquinho mais fluida no sentido de tentar ‘borrar’ os limites entre o que é considerado a videoarte, o cinema experimental, o filme de artista, e pensar uma produção que cria um diálogo entre essas nomenclaturas – que talvez já estejam um pouco historicamente localizadas. Trago à tona essa produção muito recente de artistas jovens paraenses em diálogo com essa produção um pouco mais antiga, mais nesse contexto da videoarte, do cinema experimental, da experimentação com o vídeo e a película cinematográfica”, detalha Danilo Baraúna.

Em sua pesquisa, o curador conta que está no mapeamento inicial das obras. “A gente tem essa nova geração que está especificamente no audiovisual, mas também está olhando para essas outras mídias, com uma relação com a performance, com discussão de decolonialidade, discussões queer e do corpo e da vivência LGBTQIAPN+ na Amazônia. Tem sido uma surpresa muito incrível entender principalmente como a produção audiovisual LGBTQAPN + paraense tem conseguido esse trabalho de estabelecer, de criar e de pensar um outro lugar para o audiovisual, talvez um outro lugar poético e de criação ainda pouco explorado no âmbito da pesquisa aqui no Pará”, aborda.

A mostra em si é muito mais ampla, ele diz: “Não necessariamente discute apenas isso. Acho que a mostra vem trazer trabalhos em que a gente fala sobre sobrevivências, resistências e existências no território do Amazônia paraense e como esses artistas têm traçado caminhos para pensar esse território em que a gente mora e vive, desde as questões da relação com a paisagem, da relação do corpo na paisagem, a arquitetura da cidade e até mesmo a memória do que é estar ou do que era estar em Belém, por exemplo, alguns anos atrás”.

Três artistas irão participar de conversas nos três dias de visitação. “Os artistas vão falar um pouco sobre o processo de criação. No primeiro dia, a gente vai ter o Allyster Fagundes, que trabalha e experimenta com a linguagem drag e com o conceito de ‘eu drag’. Ele vai falar dessa fluidez de gênero, que essa persona vai trazer para o trabalho audiovisual dele”, explica Danilo.

No segundo dia, o bate-papo será com Nay Jinknss. “Nay Jinknss é uma pessoa que faz um trabalho muito profícuo dentro do Ver-o-Peso, fotografando o local por aproximadamente 14 anos, e isso traz as discussões que ela vai propor sobre raça, feminismo negro e contracolonialidade”, diz o curador.

A convidada do terceiro dia é a artista visual Danielle Fonseca. “Ela é uma das artistas mais profícuas no audiovisual experimental em Belém, que vai trazer, como o eixo norteador da fala dela, o conceito de água, que perpassa vários trabalhos dela. Também vai falar como a literatura aparece nos trabalhos”, completa Danilo.

VISITE

“Debaixo d’água flutuamos entre musgos: mostra de audiovisual experimental no Pará”
Quando: dias 25, 26 e 27 de outubro, a partir de 18h30.
Onde: Palacete Faciola – Sala Eneida de Moraes/Museu da Imagem e do Som (Av. Nazaré, nº 138, esquina com Trav. Dr. Moraes – Nazaré)
Quanto: Entrada franca